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Ginga
(D. Ana de Sousa, rainha).
n.
f. 1680.
Esta
rainha preta foi uma das mais terríveis inimigas que tivemos em
Angola.
Era
irmã do régulo de Matamba Gola Ginga Bandy, que, tendo-se
revoltado contra os portugueses em 1618, foi derrotado por Luís
Mendes de Vasconcelos. Três anos depois, em 1621, a rainha Ginga
veio em nome do irmão pedir a paz. Foi-lhe concedida, e a princesa
baptizou-se, recebendo no baptismo o nome de D. Ana de Sousa. Mas
logo no ano imediato Gola Bandy se revoltou novamente, fazendo
grandes insultos aos portugueses. Então a própria irmã foi desta
vez nossa auxiliar, ainda que indirectamente, porque, desejando
vingar-se do irmão, que lhe matara um filho, envenenou-o, e
sucedeu-lhe no poder. Portugal, porém, nada lucrou, porque a
soberana africana começou a exercer uma série de violências
contra os portugueses Abandonou a religião cristã e começou a
tiranizar os nossos feudatários.
O
governador Fernando de Sousa, em 1627, reconhecendo a necessidade de
lhe aplicar um castigo severo, fez-lhe guerra, e derrotou-a numa
batalha em que lhe matou muita gente, aprisionando-lhe também duas
irmãs, Cambe e Funge, que vieram para Luanda, e se baptizaram,
recebendo os nomes de D. Bárbara e de D. Engrácia, voltando depois
em 1623, para Matamba. Foi, com efeito, uma boa lição, porque a
rainha Ginga se manteve por muitos anos em paz, que nos era muito útil,
porque os holandeses começavam a afrontar as nossas possessões da
África Ocidental.
Quando
os holandeses conseguiram tomar Luanda, a rainha Ginga aliou-se logo
com eles, e fez todo o mal que pôde às nossas tropas, mas em
Janeiro de 1647 Gaspar Borges de Madureira derrotou completamente a
terrível rainha preta, que instigada pelos holandeses, que até lhe
haviam enviado alguns oficiais, marchara contra nós, e aprisionou
de novo sua irmã D. Bárbara. Reconquistada finalmente Angola por
Salvador Correia de Sá, a rainha Ginga sofreu uma lição severa, e
só pôde obter a paz depois de se humilhar completamente.
Em
1657, uns religiosos capuchinhos italianos a convenceram a abraçar
de novo a fé católica, e então o governador de Angola, Luís
Martins de Sousa Chichorro, lhe restituiu a irmã, que se conservara
prisioneira. A rainha Ginga morreu em 1680, de idade muito avançada.
História
da rainha Ginga Aeppea
- Angola em Portugal
A
rainha Jinga Vidas Lusófonas
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