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Henriques
(D. Sancho).
n.
f.
Fidalgo
que serviu em Malaca em 1521.
Jorge
de Albuquerque, governador de Malaca, para que os inimigos não
fossem senhores do mar, enviou uma esquadra de seis lancharas, uma
galeota, um outro navio e um galeão comandados por D. Sancho
Henriques, para fazerem o mal que pudessem ao inimigo. Entrando no
rio de Muar encontraram a armada do sultão e travou-se encarniçada
peleja. A desproporção das forças era grande, e o capitão-mor D.
Sancho Henriques, valente mas pouco hábil; os inimigos conseguiram
concentrar todas as suas forças primeiro contra três lancharas,
depois contra as outras três, afinal contra a galeota, sem que o
galeão e o outro navio pudessem socorre-los, e afinal um terrível
desastre fulminou os portugueses ficando ali mortos setenta,
conseguindo os outros salvar-se a muito custo.
D.
Sancho Henriques, para vingar este desastre, fora correndo a costa a
fazer presas, acompanhado por outros dois navios comandados por André
de Brito e Ambrósio do Rego. André de Brito foi a Paim. D. Sancho
Henriques e Ambrósio do Rego apanharam uma tempestade que separou
os dois navios, indo D. Sancho parar também ao porto de Paim, onde
estavam trinta lancharas do sultão de Sintam. Recebido primeiro com
mostras fingidas de amizade, não tardou D. Sancho em perceber que
era traído. Sessenta lancharas se encaminhavam para o galeão
português, em som de guerra. A defesa foi heróica. As lancharas
avançaram formando um vasto circulo que pouco a pouco se foi
estreitando a aproximar-se do galeão. D. Sancho pusera homens nas gáveas,
outros na tolda, para lhes fornecer pedras com que fulminassem os
inimigos, oito portugueses em cada bordo, oito na proa, ele com os
restantes no chapitéu da popa, e deu ordem aos bombardeiros que não
fizessem fogo senão quando vissem bem próximo os inimigos. Assim
se fez, e a primeira descarga pôs fora do combate 12 ou 15
lancharas, mas as outras continuaram a avançar, unindo-se cada vez
mais, implacáveis e ferozes. Daí a pouco estava o navio aferrado
por todos os lados, e, mau grado a tenaz resistência dos
portugueses, os malaios entravam por todas as portinholas, içavam-se
por todas as cordas. A luta era terrível, feroz, sanguinolenta, mas
era enorme a desproporção das forças. Os homens das gáveas
faziam muito mal aos malaios, mas estes não descansaram enquanto à
custa de graves perdas, os não deixaram todos sem vida. Já
restavam apenas treze portugueses, e D. Sancho reunindo-os na tolda
e abrigando-os com o chapitéu, continuava o combate, fazendo tanto
mal aos inimigos, que estes desampararam o galeão, e refugiando-se
nas lancharas, de longe às frechadas e espingardadas os foram
matando sem que nenhum dos portugueses pensasse em se render. O
ultimo que morreu foi D. Sancho Henriques, e os malaios só puderam
cantar vitória, quando o galeão, ermo completamente, não baloiçou
mais do que um monte de cadáveres sobre as ondas do Oceano. Os
malaios arrojaram os cadáveres ao mar, vararam o galeão em terra,
tiraram-lhe a carga e a artilharia, e lançaram-lhe fogo.
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