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Idanhas
(Pedro de Alcáçova
Carneiro, conde das).
n. [
c. 1510 ].
f.
Escrivão da
puridade do rei D. João III, vedor da Fazenda de D. Sebastião,
etc.
Era filho de António Carneiro, que exercera o mesmo cargo junto
do rei D. Manuel. Pedro de Alcáçova Carneiro foi introduzido na
corte por seu pai, e acostumou-se a conhecer e a estudar os negócios,
chegando a ser admitido aos conselhos da Coroa, até que por morte
de seu pai sucedeu no cargo de escrivão de puridade.
Tomou grande preponderância no reinado de D. João III, e
Alexandre Herculano tece-lhe os maiores elogios como diplomata, da
forma como conseguiu conservar sempre a nossa neutralidade,
esquivando-se sempre às instâncias de Espanha e ás perseguições
de França. As negociações para o estabelecimento do tremendo
tribunal da Inquisição foram bem dirigidas, pois apesar da sua
influência com o monarca, nada podia contra o fanatismo de D. João
III, que a esse respeito era intransigente. Prova-se que Pedro de
Alcáçova Carneiro não era do partido fanático, porque depois da
morte do soberano, o vemos fazer parte dos sectários da rainha D.
Catarina contra os do cardeal infante D. Henrique. Não se havia
encontrado papel algum que indicasse as últimas vontades de D. João
Ill a respeito da regência do reino, por isso que D. Sebastião era
uma criança de berço. Disputavam entre si a regência o cardeal
infante D. Henrique e a rainha viúva D. Catarina. Esta, porém,
tinha na corte partidários seguros, e ficou sendo a regente,
continuando Pedro de Alcáçova Carneiro no seu cargo de secretário,
até que D. Catarina cedeu a regência a seu cunhado, o cardeal D.
Henrique, ficando substituindo-o Miguel de Moura, pessoa muito
afecta ao cardeal. Os jesuítas conseguiram, depois de el-rei D.
Sebastião ser aclamado, que Pedro de Alcáçova Carneiro fosse até
exilado da corte. Os sucessos políticos de então mudando de face,
fizeram com que ele voltasse triunfante do exílio, e por decreto de
7 de Maio de 1576 entrou no governo, de parceria com Manuel Quaresma
Barreto e D. Francisco de Portugal. Encarregado depois duma missão
junto de Filipe II, Pedro de Alcáçova Carneiro mostrou dupla
habilidade como diplomata nas negociações com o ministro espanhol
duque de Alba, conseguindo que D. Sebastião tivesse directamente o
negócio, esquivando-se assim a ficar com a responsabilidade do mau
êxito dum negocio, que ele previa, que não podia ter resolução
favorável. Não
deixou por isso de cumprir o seu dever de conselheiro, precavendo D.
Sebastião contra a política astuciosa de Filipe II,
profetizando-lhe que o monarca espanhol não cumpriria as vagas
promessas de o socorrer ria guerra africana, e aconselhando-lhe também
com toda a cordura, que não empreendesse essa malfadada expedição
de Alcácer Quibir que absorvia já, muito antes de estar pronta,
todos os recursos do reino.
Uma memória
escrita a este respeito por Pedro de Alcáçova Carneiro em 1577,
lança uma triste luz sobre os preparativos da expedição mostra as
despesas enormes que se faziam com os auxiliares estrangeiros. Nesse
tempo exercia Pedro de Alcáçova Carneiro o cargo de vedor da
Fazenda, para que em tempo fora indigitado, e como tal foi nomeado
por D. Sebastião um dos cinco governadores do reino que ficaram
substituindo el-rei
na sua ausência, sendo os outros quatro Jorge de Almeida, D. João
Mascarenhas, Francisco de Sá e Miguel de Moura. Apenas chegou ao
reino a notícia do desastre de Alcácer Quibir e da morte de D.
Sebastião, logo o infante D. Henrique tomou as rédeas do governo
com o titulo de curador, e a primeira coisa que fez foi satisfazer o
seu ódio pessoal contra Pedro de Alcáçova Carneiro, mandando o
prender em sua casa, quando ele chorava a morte na desastrosa
batalha dos seus dois filhos Luís e Cristóvão, e obrigando-o a
responder a um capítulo de acusação, em que se lhe lançava em
rosto o ter aconselhado a expedição de Alcácer Quibir. Estas e
outras injustiças irritaram Pedro de Alcáçova Carneiro, e o
obrigaram a lançar-se desde
logo rio partido do rei espanhol, procurando assina meio de se
vingar do seu
implacável inimigo e soberano. Sendo exilado da corte, continuou
ainda com mais actividade a favorecer os espanhóis. Cristóvão de
Moura, o fidalgo traidor, aproveitando o seu ressentimento para coro
o cardeal rei, a ambição do homem habituado aos favores da coroa e
às auras do paço, que já não podia suportar o exílio do poder,
acenou lhe com o valimento de Filipe lI, com os títulos, com as
honras e com as pastas de ministros, e assim teve mais um aderente
rio velho fidalgo. Era mais um grande vulto que se rendia. Foram de
grande auxílio a Filipe II a inteligência e a pratica de negocies,
o conhecimento da corte de Pedro de Alcáçova (arneiro, e o monarca
castelhano soube recompensá-lo. Apenas tomou posse de Portugal
restituiu-lhe todos os seus empregos, Honras e dignidades,
constituindo, com ele, Miguel e Cristóvão de Moura, o ministério
que dirigiu os negócios do país em quanto Filipe esteve em
Portugal. Partindo depois para Madrid, deixou em Lisboa como
vice-rei o cardeal
arquiduque
Alberto, e Pedro de Alcáçova Carneiro, agraciado com o titulo de
conde das Idanhas, foi escolhido para um dos membros do conselho do
governo que devia auxiliar a inexperiência do arquiduque Pouco
tempo depois faleceu cone mais de oitenta
anos de idade, tendo sido ministro mais de cinquenta,
e mandando o fies de tão nobre carreira com a sua aldeão aos
espanhóis.
Na
Biblioteca Nacional de Lisboa existe o Tombo da comenda
de Idanha-a-Nova
de que e Comendador
e Alcaide-Mór
dpm
Pedro de Alcaçova Carneiro,
1577. É manuscrito, tendo na capa as armas do possuidor.
Genealogia de Pedro de Alcáçova
Carneiro Geneall
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