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João
XX ou XXI.
n.
f. 16
de Maio de 1277.
Papa,
natural da cidade de Lisboa, nascido na freguesia de S. Julião e
falecido em 16 de maio de 1277.
Foi
o 187.º na ordem cronológica dos papas.
Chamava
se Pedro Julião, ou Pedro
Hispano, como ele se chamava nas suas obras. Era filho de Julião
Rebelo, pessoa nobre e de conhecida família, como mostra o apelido
já por aqueles tempos ilustre, e se vê no Nobiliário
do conde D. Pedro título 68, e de que trata em particular no título
42. Exercia a medicina, faculdade então muito estimada neste reino.
Pedro Julião seguiu também a profissão de médico, como seu pai,
e foi muito douto em Filosofia e nas ciências matemáticas, como se
manifesta das muitas obras e de muita erudição, que deixou
escritas, entre as quais é especialmente laureado o tratado Thesaurus
pauperum muitas vezes impresso e traduzido em várias línguas,
e outro intitulado De tuenda
valetudine, que se não imprimiu, e dedicou em Paris à rainha
D. Branca, filha de Afonso IX, de Castela, e mulher de Luís VIII,
de França.
Segundo
Jorge Cardoso, no tomo III do Agiologio Lusitano,
Pedro Julião estudou na Universidade de Paris, mas D. Rodrigo
da Cunha diz que foi na de Montpellier. Seguiu o estudo eclesiástico
pela fama dos seus merecimentos, e sem que ele o solicitasse, D.
Afonso III lhe deu o priorado da igreja de Santo André, de Mafra, a
20 de julho de 1263, e depois o fez cónego e deão da sé de
Lisboa, tesoureiro-mor na do Porto; arcediago de Vermoim, que era a
quinta dignidade na de Braga, e D. Prior na colegiada real de Guimarães.
Vagando o arcebispado de Braga por morte do arcebispo D. Martinho
Geraldes, foi promovido em 1272. No fim do ano seguinte passou a Leão,
de França, sendo mandado ao concílio geral, que então se havia
publicado para o ano de 1274; nesse concílio o papa Gregório X o
criou cardeal, bispo Fusculano, dito vulgarmente Frascati, que era
um dos sete principais cardinalados, em domingo do Espírito Santo
do mesmo ano de 1274,
conservando-se ainda no arcebispado de Braga até julho ou agosto,
em que então foi nomeado para lhe suceder D. Sancho, que assistia
no mesmo concilio.
Por
morte de Adriano V, que falecera em Viterbo no mês de agosto de
1276 antes de ser sagrado, ficou Pedro Julião eleito papa no
conclave dos cardeais a 13 de setembro com universal aprovação, e
foi coroado no seguinte dia 20 tomando o nome de João. O novo papa
revogou a constituição do conclave, feita no concilio de Leão por
Gregório X, por bula datada de Viterbo; determinou por outra bula,
que todos, que haviam feito violência aos cardeais na sua eleição,
comparecessem perante um tribunal de justiça, que de novo criara, e
mandou publicar censuras eclesiásticas contra os que faltassem à
justiça deste tribunal. A 7 de outubro do mesma ano de 1276 lhe
mandou Carlos, rei de Sicília, prestar homenagem pelo seu reino,
com as mesmas condições da investidura, que lhe dera Clemente IV,
tanto pela ordem da sucessão, como pela incompatibilidade com o império.
João XXI provia sempre nos benefícios os que mais se distinguiam
por virtudes e letras, que ele tanto amava, que sustentava com
abundantes pensões todos os moços aplicados em que reconhecia
talento e davam esperanças de aproveitar no estado eclesiástico.
Contava pouco mais de oito meses de pontificado, quando foi vitima
dum desastre, em Viterbo, onde então residia a corte. Entrando só
para ver um quarto do palácio, que mandara ali edificar, e fora
acabado recentemente, o edifício desabou, deixando-o tão mal
ferido, que faleceu seis dias depois. Ficou sepultado na igreja
catedral de S. Lourenço, em monumento de pórfiro.
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