A
exposição permanente que em Lisboa se faz do Santíssimo
Sacramento à adoração dos fieis.
Percorre
sucessivamente, e por escala as diversas igrejas da cidade, em cada
uma das quais está exposto o Sacramento durante 48 horas. Esta devoção
foi instituída pelo arcebispo de Lisboa D. Luís de Sousa, que
faleceu em 1702. Foi o papa Inocêncio XI quem concedeu o jubileu do
Lausperene, que o arcebispo D. Luís de Sousa ia visitar em todas as
igrejas onde se realizava aquela devoção. Desde essa época tem-se
conservado sempre em Lisboa, até à actualidade sem interrupção.
A maior parte das igrejas aproveitara para as suas solenidades os
dias em que pela escala lhe cabe receber o lausperene.
A
instituição do Sagrado Lausperene comemora as quarenta horas que
esteve no sepulcro o divino corpo do Redentor, e data, segundo se
afirma, do ano de 1556. Parece que durante muito tempo se conservou
privativamente monástica esta solenidade do culto, que veio a ser
introduzida em Portugal pelos religiosos do mosteiro de Santa Maria
de Alcobaça, em cuja ordem (a de S. Bernardo) passou por diferentes
vicissitudes, sendo restabelecida e regularizada, em 1672, por frei
António Brandão, geral da mesma ordem e ilustrado continuador da Monarchia
Lusitana. O referido cardeal D. Luís de Sousa, arcebispo de
Lisboa, solicitou da sede apostólica, no tempo da regência do príncipe
D. Pedro, o privilegio da exposição permanente do Santíssimo
Sacramento nas igrejas de Lisboa, como se praticava em Roma, obtendo
do papa Inocêncio XI, no ano de 1682, a bula do jubileu do
Lausperene, pela qual este pontífice permitiu que as igrejas da
mesma cidade recebessem, por todo o circulo do ano, o Sagrado
Lausperene, começando a sua distribuição pela sé Patriarcal no
primeiro domingo do Advento e no domingo de Pentecostes, e concedeu
indulgencia plenária aos fieis que verdadeiramente contritos,
arrependidos, confessados e comungados, orassem nas igrejas
designadas diante do Senhor Sacramentado. Este jubileu, declarado
por sete anos e restrito ás igrejas dentro dos limites da cidade de
Lisboa, teve continuas renovações nos sucessivos septénios,
impetradas pelos prelados da diocese.
Estando
em vigor a concessão septenal, feita em 1752, sofreu interrupção
por motivo do terramoto de 1755, e durante alguns anos depois, a
contar de 1757, o Santíssimo Sacramento só esteve exposto de dia,
recolhendo à noite ao sacrário, até que as igrejas se encontraram
em condições de poder continuar o exercício da primitiva concessão,
que foi restituída no ano de 1760, por breve do papa Clemente XIII,
de 8 de agosto, sendo prelado da diocese o patriarca D. Francisco I;
tornando-se mais tarde perpétua a dita concessão, renovada no ano
de 1784, por breve do pontífice Pio VI, para o que concorreu a
piedosa devoção da rainha D. Maria I.