Tenente general.

Nasceu em Faro a 11 de novembro de 1764, faleceu no Rio de Janeiro a 2 de agosto de 1836. Era filho de Luís Pedro Lecor, e de sua mulher D. Quitéria Maria Krusse. Destinado por sua família para a vida comercial, deixou a pátria e foi viver algum tempo em Inglaterra e na Holanda, para se entregar ao estudo, mas ao regressar depois a Portugal, resolveu seguir a vida militar, e assentou praça no regimento de artilharia de Faro. Sendo 1.º tenente embarcou com um destacamento para a Baía, e voltando ao reino foi promovido ao posto de capitão quando se criou a Legião de Tropas Ligeiras. Passou depois a ajudante de ordens do marquês de Alorna, governador das Armas do Alentejo, e nessa comissão estava servindo, quando o exército francês, comandado por Junot, invadiu Portugal em 1807. 

Não querendo acompanhar para França o marquês de Alorna, que dali fora chamado, em 1808 emigrou para Inglaterra, donde voltou depois da retirada de Portugal do exército de Junot, que terminou a primeira invasão dos franceses, Lecor viera com a Leal Legião Lusitana, e subindo diversos postos na hierarquia militar, tomou parte activa na Guerra Peninsular, distinguindo se sempre muito. Comandando a 6.ª brigada de infantaria esteve nas batalhas de Vitoria e dos Pirenéus, e no combate de Zugaramundi, comandando a 7.ª divisão do Exército Aliado assistiu à batalha de Nivelle e numa divisão portuguesa assistiu à de Nive. Sendo marechal de campo comandou as tropas portuguesas na retirada de França para Portugal, em 1814.

No ano de 1815 foi nomeado tenente general, e conduziu ao Brasil a brilhante Divisão dos Voluntários Reais com a qual passou em 1817 ao Rio da Prata, conquistando em poucos dias a cidade de Montevideu e a banda oriental, cujos estados governou até à sua evacuação em 1828. Era do conselho de D. João VI, grã-cruz da Ordem da Torre e Espada, comendador da de S. Bento de Avis; possuía a medalha de campanha n.º 4 da Guerra Peninsular, e a Estrela de Ouro do Rio da Prata. 

Casou em Montevideu com D. Rosa Maria Josefa de Basavilbaso. Lecor abraçara a causa da independência do Brasil, que o elevou a visconde de Laguna, com grandeza, o titulo de barão que lhe fora concedido por D. João VI a 6 de fevereiro de 1817. Continuou a exercer no império importantes cargos.