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Magalhães
e Silva
(Carlos Augusto).
n.
30 de janeiro de 1852.
f. [
1910 ].
Capitão
de mar a guerra.
Nasceu
em Mirandela a 30 de janeiro de 1852. Tendo estudado os preparatórios
no Porto, assentou praça de aspirante a guarda-marinha em 26 de julho
de 1867. Concluindo o curso da sua arma, havendo obtido o primeiro
lugar entre todos os condiscípulos, foi promovido a guarda-marinha
em 2 de outubro de 1869, e embarcou logo na corveta Estefânia,
que, sob o comando de José Batista de Andrade, tinha sido escolhida
para representar a marinha portuguesa na festa da inauguração do
canal de Suez. Um violento temporal obrigou a corveta a arribar com
grossa avaria a um porto de Espanha, pelo que não pôde assistir àquela
grande solenidade; mas o jovem guarda-marinha pouco tempo se demorou
em Lisboa, e tendo feito o respectivo tirocínio, foi despachado
2.º tenente em 4 de junho de 1873. Fez repetidas viagens no
transporte Martinho de Melo,
e na estação de Moçambique comandou o vapor Tete,
aprisionando ali alguns pangaios que se davam à escravatura.
Voltando
ao reino por opinião da junta de saúde, veio estabelecer-se em
Lisboa, escrevendo por essa ocasião no Comércio
de Portugal uns artigos, assinados com as iniciais C. M., acerca
da política geral do nosso país. Em 20 agosto de 1879 foi
promovido a 1.º tenente, e depois de haver desempenhado várias
comissões de serviço, foi em agosto de 1852 nomeado comandante da
canhoneira Bengo, que
fazia parte da divisão naval da África ocidental. Entrando na
costa de Angola aportou à Ponta Negra, onde estava fundeada a
canhoneira francesa Saggittaire,
e sendo informado de que o comandante desse navio tinha mandado
fazer a ocupação de Loango em nome da França, protestou perante
aquele oficial, reivindicando para a coroa portuguesa a preferência
no direito de ocupação, e seguiu logo para Luanda a dar paste ao
governador-geral daquele acontecimento. Resultou dali ocuparem os
portugueses os territórios de Landana e Massabi, depois do que, o
comandante da Bengo foi
incumbido de fazer o levantamento hidrográfico de Landana a
Chinchoxo. No Zaire fez a polícia do rio, intervindo em algumas
pendências dos indígenas com os europeus, bombardeou e queimou o
povo do rei de Chomobica, potentado daquelas terras, que tinha
cometido impunemente toda a casta de violências contra os
negociantes, e pelo seu procedimento enérgico e digno em todas
essas questões e especialmente no Zaire, mereceu várias portarias
de louvor do governador-geral de Angola, então o sr. conselheiro
Ferreira do Amaral, sendo alguns desses documentos sobremaneira
honrosos.
Regressando
a Lisboa, com o navio que comandava, foi mandado fazer escala pela
Guiné, onde o gentio estava praticando várias devastações com as
suas correrias, e em Zeguichor a Bavim, desembarcou a guarnição da
canhoneira para castigar aqueles selvagens que, não esperando tão
pronto castigo, infestavam aqueles sertões e cometiam toda a espécie
de rapinas e de atrocidades. Pela energia e bravura com que se houve
nessas circunstâncias, foi o sr. Carlos de Magalhães agraciado com
o hábito da Torre a Espada. Chegando a Lisboa na época em que a
opinião pública andava ocupada com a questão do Zaire, resolveu-se
a instâncias de alguns amigos fazer sobre esse assunto uma conferência
nas salas da Sociedade de Geografia, e aos aplausos que unanimemente
lhe dispensaram todos os que assistiram a essa sessão, se juntaram
os louvores da imprensa. Essa conferência foi traduzida pelo autor
em francês, e publicada pela Sociedade de Geografia, com o título
de Le Zaire et les contracts
de L'Association International, conference faite le 21 juin 1884,
esgotando-se rapidamente a edição, e no Boletim
da Sociedade de Geografia de Lisboa, n.º 3, da 5.ª série, foi
impresso em português. Terminada a conferência de Berlim, foram
alguns oficiais de marinha consultados sobre o modo de organizar a
nossa administração nos territórios de novo adjudicados à província
de Angola, e o sr. Carlos de Magalhães foi um dos escolhidos para
prestar as informações necessárias e para dar o seu voto sobre
aquele importante assunto. A esse respeito publicou um trabalho, a
que deu o título: Questões
coloniais; a ocupação do Congo e a conferência de Berlim. O sr.
Carlos Magalhães tem actualmente o posto de capitão-de-mar-e-guerra.
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Biografia
Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses
no semanário Notícias do Douro
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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, pág. 755.
Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral
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