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Melo
(Francisco
de).
n.
f.
Monteiro-mor
do reino, e um dos que mais concorreram para a revolução do
primeiro de dezembro de 1640.
Foi
um dos primeiros fidalgos que instaram com o duque de Bragança D.
João, para que se pusesse à frente da insurreição portuguesa.
Residia em Santarém, e não podia por conseguinte tomar parte
activa e imediata no movimento de Lisboa, mas de longe apertava com
os conjurados para que se não descuidassem nem perdessem tempo. D.
João IV, logo depois da sua aclamação, o nomeou embaixador em
França, e como D. Francisco de Melo tinha grande reputação de
bondade e de credulidade, agregou-se-lhe como segundo ministro o
desembargador António Coelho de Carvalho, e como secretario Cristóvão
Soares de Abreu. D. João IV tratava D. Francisco de Melo com toda a
distinção; mandou-o chamar a bordo do navio em que partia para
França para jantar com ele na Torre de S. Julião da Barra, e só
à noite o despediu. D. Francisco de Melo seguiu viagem para a
Rochela, onde foi recebido com todas as honras, dirigindo-se depois
a Paris, e naquela cidade teve o mais cordial acolhimento de Luís
XIII, de Ana de Áustria e do cardeal de Richelieu. O embaixador
levava ordem para fazer um tratado de aliança com a França, e para
aliar ao serviço de Portugal o maior número de oficiais franceses
que pudesse. Tudo lhe facilitou o cardeal de Richelieu, mas teve ao
mesmo tempo a habilidade de se escapar a inserir no tratado uma
condição indispensável, e cuja falta D. João IV estranhou muito
ao seu embaixador. Essa condição era que a França não poderia
nunca negociar com a Espanha trégua ou tratado de paz, sem nesse
tratado ou nessa trégua se compreendesse Portugal. A condição não
se inseriu, e a França aproveitou essa falta para nos abandonar em
1659, quando lhe conveio fazer com a Espanha o tratado dos Pirinéus.
D.
Francisco de Melo regressou ao reino em 1642, e foi logo nomeado
general da cavalaria do exército do Alentejo, e tantas simpatias
gozava o velho monteiro-mor, que a sua chegada foi considerada uma
festa pelo exército onde ia servir, e o general em chefe fez em sua
honra uma entrada nas terras espanholas. Nesse posto serviu nas
campanhas de 1642, 1643 e 1644, e tomou parte na vitória de
Montijo; mas sentindo-se já velho para um cargo que exigia tanta
actividade, como o de general de cavalaria no Alentejo, pediu a sua
exoneração, indo então governar a província do Algarve, onde não
havia campanhas, e retirando-se finalmente para a corte, aqui
faleceu.
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