Favorito
de D. Afonso VI, e criatura do conde de Castelo Melhor.
Este
hábil ministro, vendo que D. Afonso VI cairia nas mãos de algum
outro António Conti, se ele não tomasse a precaução de lhe
colocar ao lado para companheiro das suas devassidões e das suas
orgias um homem que lhe fosse dedicado, escolheu para esse papel
pouco edificante mas infelizmente indispensável, Henrique Henriques
de Miranda, que foi em 1662 tenente general de artilharia e
provedor-mor dos armazéns.
Nos
fins de 1667, quando o conde de Castelo Melhor foi expulso do poder
pelas exigências do infante D. Pedro, o pobre D. Afonso VI, não
sabendo quem havia de chamar ao ministério, lembrou-se deste desgraçado
Henrique Henriques de Miranda, homem completamente incapaz, e que
demais a mais não se devia ter habilitado muito para as
dificuldades do seu papel de ministro no emprego que tivera de
alcaiote de rei. Era uma vergonha esta nomeação. Também Henrique
Henriques de Miranda logo percebeu como a sua posição era difícil,
e viu que podia ser vítima no conflito levantado entre o rei e o
infante. Por isso ou adoeceu deveras de medo, ou fingiu que adoecia,
e deixou o ministério. Nunca mais se falou nele. Um dos seus irmãos,
Manuel Henriques de Miranda, teve a triste celebridade, rara nesse
tempo, de entregar por uma vergonhosa capitulação ao inimigo, Évora,
que governava em 1663.