Portugal - Dicionário

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Oblatos, devotos e familiares.

 

 

Certas dádivas que antigamente se faziam, às igrejas e aos conventos. Consistiam não só em dinheiro e géneros, mas em bens de raiz, e muitas vezes até nas próprias pessoas e famílias dos doadores. 

Antes do 4.º Concílio Lateranense, em 1215, não havia regularidade na recepção dos oblatos. Uns se votavam à Igreja com suas mulheres e filhos para serem admitidos à profissão monacal, prometendo estabilidade, conversão e obediência; outros ficavam no século, com a liberdade, po­rém, de professarem o monacato que quisessem; mas todos eram considerados familiares do mosteiro, e cujo abade obedeciam, e dele recebiam vestuário e sustento. Havia outros doadores, mesmo sem profissão monacal de espécie alguma, que se vestiam de forma diferente dos mon­ges. Outros faziam-se escravos, com suas mulhe­res e filhos, dos mosteiros ou igrejas a que ti­nham dado os seus bens, tendo por verdadeira nobreza o título de escravos de Jesus Cristo. Estes, ou punham sobre a cabeça uma moeda de quatro dinheiros, e a lançavam logo no altar, e com isto se confessavam escravos do Senhor, ficando a chamar-se servos de quatro dinheiros; ou prendiam ao pescoço a corda do sino, e deste modo protestavam ser servos de gleba, e sem liberda­de alguma. Outros, finalmente, pagavam ao mos­teiro certo censo anual, que voluntariamente haviam imposto nas suas fazendas, das quais muitos ficavam meros usufrutuários. Os mostei­ros que tiveram maior número destes familia­res, servos e escravos foram os de Alpendurada, Lorvão, Maceira-Dão, Tarouca, Salzedas e Arouca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume V, pág. 168.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral