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Paiva
(D.
Heliodoro de).
n.
f. 20 de dezembro de 1552.
Cónego
regrante da Ordem de Santo Agostinho, em Santa Cruz, de Coimbra.
Nasceu
em Lisboa, e faleceu em Coimbra a 20 de dezembro de 1552. Era filho
de Bartolomeu de Paiva, guarda-roupa o rei D. João III e vedor das
obras do Reino, e de Filipa de Abreu, ama do mesmo soberano.
Ainda
muito criança seus pais o mandaram estudar no convento de Santa
Cruz, de Coimbra, onde foi depois professor. O cónego D. Heliodoro
de Paiva falava as línguas grega, latina e hebraica, e compôs um
dicionário desses idiomas, que se publicou em 1552. Dedicou-se à
pintura, e desenhava com toda a correcção. O arcebispo Cenáculo
coloca o seu nome entre os artistas célebres de Portugal. (V.
Les Arts en Portugal, do conde A. Raczynsvi, pág. 246).
Taborda, no seu livro Regras da arte de Pintura, diz a pág.
155 que o cónego D. Heliodoro de Paiva era um pintor insigne
Barbosa Machado, na Biblioteca. Lusitana,
vol. II, pág. 432, também assim o classifica. Também
se dedicou à, música, e do seu mérito nesta arte, fala o padre
Nicolau de Santa Maria, na Cronica dos cónegos regrantes, 2.ª
parte, pág. 326 e 327, dizendo que fora grande escrivão de todas
as letras, iluminava e pintava excelentemente. Era cantor muito
destro, e contrapontista; compôs muitas missas e magnificats de
canto de órgão, e motetes muito suaves; tangia órgão, claviorgão
com notável arte e graça, viola de arco e harpa, cantando com
tanta suavidade que enlevava os ouvintes. Na arte musical era tão
apreciado que lhe chamavam o Orfeu daquele século. A todas
estas prendas verdadeiramente notáveis reunia o cónego D.
Heliodoro de Paiva uma excessiva modéstia; rejeitou vários
bispados que D. João III lhe ofereceu. Passou a vida, parte no
convento de Santa Cruz, de Coimbra, e parte em Lisboa.
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