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Pereira
do
Carmo
(Bento).
n.
29 de março de 1776.
f.
[ 16 de fevereiro de 1845 ].
Nasceu em
Alenquer em 29 de março de 1776, segundo se julga, sendo filho de
Feliciano Pereira, moleiro, e de Maria da Conceição; neto de João
Pereira e Anastácia da Encarnação, tudo gente humilde mas de óptimo
carácter.
Feliciano
Pereira só ambicionava ver o filho doutor, e para alcançar o seu
louvável desiderato empregou todos os meios ao seu alcance, à
custa dos maiores sacrifícios. Tendo-se formado em leis no semestre
de 1800, pôs banca de advogado na sua terra natal. Pouco tempo se
demorou em Alenquer, pois o vemos nomeado em 15 de junho de 1806
juiz de fora da vila de Ançã, onde casou com uma senhora abastada,
mas já entrada em anos. Esta senhora consagrou muito afecto a seu
esposo, chegando para lhe salvar a vida durante um tumulto popular a
atirar com mãos cheias de dinheiro ao povo enfurecido.
Professando
ideias liberais avançadas, o seu talento e nome honrado que tinha
tanto em evidência o colocaram que, no pronunciamento de 15 de setembro
de 1820, foi ele indicado com mais cinco patriotas pelo Juiz do Povo
de Lisboa, para fazer parte do Governo Interino nomeado em consequência
desse movimento popular, e, mais tarde eleito deputado às Cortes
pela província da Estremadura, lugar que ocupou até que a reacção
prevaleceu.
Partidário
entusiasta de D. Pedro, Bento Pereira do Carmo sofreu todas as
perseguições que aos liberais se moveram naquela época recebendo
ordem da Intendência Geral de Polícia para se retirar da capital
para o termo de Alenquer, como sendo pessoa «notoriamente
suspeita e perigosa à segurança do Estado». Algum tempo
depois foi capturado encerrado na Torre de S. Julião da
Barra, movendo-se-lhe processo como filiado na Maçonaria. Foi
durante a sua permanência na Torre que o seu amigo e companheiro no
cárcere D. Félix Garrido lhe tirou o retrato a aguarela, em 2 de maio
de 1830, único documento que dele existe. Derrotado o infante D.
Miguel, e sendo de todo estabelecido o governo Constitucional, foi
nomeado primeiro Presidente da Relação, em 30 de julho de 1833. Em
23 de abril de 1834 foi nomeado ministro do Reino, e exonerado do
cargo em 24 de setembro do mesmo ano.
Tendo perdido
sua esposa, contraiu segundas núpcias, com uma senhora de quem teve
diversos filhos. Retirando-se à vida privada, morreu na propriedade
que possuía em Alenquer, a que ele deu o nome de quinta de Sans
Souci (sem cuidados).
Deixou vários
manuscritos com respeito à antiguidade da sua terra natal, e
redigiu o testamento de D. Pedro IV, que como peça literária é
digna de louvor.
Bento Pereira do Carmo Alenquer História e Património
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