Ponta
Delgada
(D. Leonor da Câmara, marquesa de).
n. 30 de maio de
1781.
f. [ 27 de março de 1850 ].
Aia
e mestra da rainha D. Maria II.
Nasceu
a 30 de maio de 1781, ignora-se a data do falecimento. Era filha do
6.º conde da Ribeira Grande, D. Luís António José Maria da Câmara,
e de sua segunda mulher D. Maria Rita de Almeida.
Era
dama da rainha D. Carlota Joaquina, quando, pelos fins do ano de
1828, o marquês de Palmela, tratando de escolher uma senhora da
primeira nobreza de Portugal, a quem encarregasse da educação da
futura rainha, D. Maria lI, julgou que ninguém seria mais própria
para tão elevado cargo como D. Leonor da Câmara. Feito o convite,
e sendo este bem acolhido apesar das dificuldades que se opunham à
saída de D. Leonor do reino, cuidou logo a ilustre senhora de
dispor tudo para iludir a vigilância das autoridades miguelistas, e
partindo de Lisboa às escondidas a 8 de fevereiro de 1829, entrou
no serviço efectivo da jovem rainha em 10 de março, acompanhando-a
ao Rio de Janeiro, França, Inglaterra, e por fim a Lisboa até 24
de novembro de 1833, em que foi despedida do paço por D. Pedro IV.
Essa
exoneração deu origem a grandes comentários, e ao passo que uns
apontavam como perigosos os princípios religiosos e políticos que
D. Leonor da Câmara inspirava à sua régia educanda, atribuíam
outros a demissão como filha da indisposição que causara ao duque
de Bragança a ideia de que D. Leonor, na. viagem do Rio de Janeiro
para a Europa, em 1831, quis fazer desembarcar a rainha nos Açores
em vez de a conduzir a França. Este facto reunido com os infundados
rumores que por esse tempo corriam entre a oposição de pretender
D. Pedro retomar a coroa de Portugal, deu causa a ilações que
adquiriram grande voga, considerando-se D. Leonor da Câmara como vítima
da sua extrema fidelidade à jovem rainha. Quis D. Pedro adoçar a
exoneração, concedendo a D. Leonor da Câmara a pensão anual de réis
1.000$000, que a ilustre dama não quis aceitar. Posteriormente, por
decreto de 25 de janeiro de 1835, D. Maria II agraciou-a com o título
de marquesa de Ponta Delgada, em duas vidas, pelos serviços que lhe
prestara, reunidos às muito singulares provas que sempre havia
manifestado de leal e desinteressada dedicação. A segunda vida, de
juro a herdade, devia ser verificada em seu sobrinho, o 8.º conde
da Ribeira Grande, D. Francisco de Sales Maria José António de
Paula Vicente Gonçalves Soares da Câmara, que foi o 1.º marquês
da Ribeira Grande, título para que foi mudado o de Ponta Delgada.