Portalegre
(D. Diogo da Silva Meneses, 1.º conde de).
n. [ c.1430
].
f. 20 de fevereiro de 1504.
Senhor
de Gouveia, Celorico, S. Romão de Ceia e doutras terras da Beira
Baixa, alcaide-mor de Portalegre, mordomo-mor do rei D. Manuel, seu
escrivão de puridade, conselheiro e vedor da fazenda real.
Nasceu
em Ceuta e faleceu a 20 de fevereiro de 1504.
Era
filho de Aires Gomes da Silva, alcaide-mor de Campo Maior e de
Ouguela, e de D. Isabel de Meneses, filha de D. Pedro de Meneses,
conde de Viana e primeiro capitão de Ceuta. D. Diogo da Silva
esteve em 1461 no cerco de Tânger, com o infante D. Fernando, irmão
de D. Afonso V, e foi dos primeiros que escalaram as muralhas da praça,
ficando ali prisioneiro juntamente com outros fidalgos. D. Diogo e a
maior parte dos fidalgos e peões, foram remidos, e regressaram a
Portugal. O ilustre fidalgo distinguiu-se então muito na guerra que
D. Afonso V sustentou por causa das suas pretensões ao trono de
Castela, defendendo contra os castelhanos a fronteira do Alentejo.
Quando em 1457 o mestre de S. Tiago, de Castela, entrou em Portugal
o se postou com 2.000 lanças na ribeira de Degebe, D. Diogo, por
ordem de D. João II, então regente do reino, pela ausência de seu
pai, D. Afonso V, que tinha ido à corte de França, fez retirar os
castelhanos
Em
1489, por ordem de D. João II, confirmou D. Diogo da Silva, com Rui
de Sousa e D. Afonso de Monroy, o tratado de paz celebrado entre
Aires da Silva e o rei de Fez, pelo qual se permitiu aos
portugueses, cercados na Graciosa, saírem com armas, artilharia e
cavalos. O referido monarca, tendo em D. Diogo da Silva a máxima
confiança e consideração, o deu como aio a seu cunhado D. Manuel,
duque de Beja, seu futuro sucessor, por ser varão de nobre sangue e
de muito bom aviso, e saber, e de bom conselho, e nesta qualidade
acompanhou sempre D. Manuel, enquanto duque e depois de rei. Este
soberano tomou-lhe grande afeição, e no princípio do ano de 1458
deu-lho o senhorio de Portalegre, então vila; esta doação, porém,
não teve efeito, porque os portalegrenses se opuseram
energicamente, exibindo os seus direitos. O rei indignou-se, e
mandou proceder contra os revoltosos que rigorosamente castigou, mas
o povo insistiu na sua recusa, e D. Manuel para evitar sérias
desordens, revogou a doação, dando a D. Diogo da Silva o título
de conde de Portalegre, um conto de réis em dinheiro e a
alcaidaria-mor do castelo de juro e herdade na sua descendência
masculina, por alvará de 6 de fevereiro do mesmo ano de 1498,
continuando a ser da coroa o senhorio de Portalegre. D. Diogo casou
com D. Maria de Ayala, filha e herdeira de D. Garcia de Herrera,
senhor das ilhas de Lançarote, Porte Ventura e Gomera, nas Canárias,
e de D. Maria Pedraça, sua mulher. Em todos os actos graves da
corte, sempre o conde de Portalegre teve um dos mais honrosos e
distintos lugares.
O
seu brasão é o dos Silvas: Em campo de prata um leão de púrpura
armado de azul.