Portugal - Dicionário

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O Portal da História Dicionário > Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, 1.º barão, 1.º visconde e 1.º marquês de Sá da Bandeira
Sá da Bandeira
Sá da Bandeira

Sá da Bandeira (Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, 1.º barão, 1.º visconde e 1.º marquês de).

 

n.      26 de setembro de 1795.
f.       6 de janeiro de 1876.

 

Moço fidalgo da Casa Real, par do Reino, ministro de Estado, marechal de campo, director da Escola do Exército, presidente do Conselho Ultramarino; sócio benemérito da Academia Real das Ciências, etc. Nasceu em Santarém a 26 de setembro de 1795, faleceu em Lisboa a 6 de janeiro de 1876. Era filho de Faustino José Lopes Nogueira de Figueiredo e Silva, moço fidalgo com exercício, desembargador da Relação e Casa do Porto, alcaide-mor do Cadaval, comendador da Ordem de Cristo, senhor do prazo de Reguengo em Santarém, etc., e de sua mulher, D. Francisca Xavier de Sá Mendonça Cabral da Cunha Godinho.

Começou a sua carreira militar; assentando praça de voluntário em 4 de abril de 1810, no Regimento de Cavalaria n.º 11, sendo logo reconhecido cadete, e por decreto de 15 de dezembro do mesmo ano foi despachado alferes para cavalaria n.º 10. Achando-se doente em Lisboa, desde 17 de agosto de 1811, apresentou-se no depósito de Alcântara em 16 de outubro, e no regimento em 8 de novembro. Por portaria de 6 de junho de 1812 foi promovido a tenente para o Regimento de Cavalaria n.º 4. Entrando com distinção e bravura na batalhas da Guerra Peninsular desde 1810, recebeu. alguns ferimentos, mas na batalha de 13 de março de 1814 junto ao lugar de Viella, departamento de Gera, em França, ficou horrorosamente ferido, recebendo umas poucas cutiladas na cabeça, ficando como morto na estrada, onde um soldado francês o aprisionou quase cadáver, levando-o para casa dumas senhoras, que o trataram com tanta caridade que Sá Nogueira lhes ficou muito reconhecido, e ainda anos depois, sendo já ministro e general, se correspondia com elas. Caíra prisioneiro quase no fim da. campanha, pois a paz geral de Paris foi feita em 30 de maio desse ano. Dificilmente restabelecido, mas quase completamente surdo por efeito das terríveis cutiladas na cabeça, surdez que nunca mais o deixou, regressou com muito custo a Portugal, e pediu logo licença para estudos, que obteve em 15 de outubro de 1815. Matriculou-se na Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho e frequentou os estudos matemáticos desde 1 de maio de 1816. No fim de julho de 1817 estava pronto para o serviço, mas tornou a matricular-se em matemática, sendo dado pronto para o serviço em 26 de junho de 1818, e nesse mesmo ano, a 20 de outubro, se matriculou. em matemática e filosofia na. Universidade de Coimbra. Foi promovido a capitão de cavalaria n.º 1, por portaria de 11 de maio de 1819, e dado pronto para o serviço em 1 de julho de 1820. Foi um estudante tão aplicado que mereceu diversas distinções. Em 1820 declarou-se liberal. No mês de abril de 1821 obteve licença de ir alistar-se nas fileiras dos revolucionários napolitanos, servindo a causa constitucional. Atravessou a Espanha e os Pirenéus, e sabendo em França, que os revoltosos italianos haviam sido derrotados pelo rei legítimo, obteve licença para ir estudar a Paris; e frequentando na universidade o curso de ciências naturais, teve ensejo de ouvir as lições dos professores Guy-Luvre e Tourcroy., Permaneceu naquela cidade desde 25 de agosto de 1821 até 30 de setembro de 1824, onde também visitou o Museu de História Natural e outros institutos. 

Regressando a Portugal, passou no posto que tinha e como adido ao Real Corpo de Engenheiros, por decreto de 16 de fevereiros 1825. Teve licença para frequentar estudos em Inglaterra por portaria de 21 de março do mesmo ano, e cursou os estudos em Londres, desde o 1.º de abril até 31 de março do ano seguinte. Regressando a Portugal foi nomeado assistente da divisão de operações do comando do ministro da Guerra, por portaria de 12 de outubro, e pela Ordem do Exercito n.º 143, de 27 de novembro, foi adido ao estado-maior do general visconde de Beire, governador das Armas do Alentejo. Assistiu aos combates de Coruche, da Beira Baixa, em 9 de janeiro de 1827, e aos da Ponte do Prado, a pouca distância de Braga, e logo em seguida a Ponte da Barca, onde os realistas ficaram derrotados sendo obrigados a internarem-se na Galiza. Sá Nogueira foi feito major graduado com distinção para o Real Corpo de Engenheiros, sem prejuízo de antiguidade dos capitães mais antigos, e, em consequência de ter sido recomendado pelas acções de Coruche, Ponte do Prado e Ponte da Barca, por decreto de 15 de março de 1827, passando a major efectivo para o mesmo, corpo, Ordem do Exército n.º 89, de 19 de julho. Serviu às ordens do conde de Vila Flor, por aviso de 17 de agosto, comissão que exerceu desde 1 de setembro de 1827 até 10 de março de 1828. Tendo-se o infante D. Miguel, proclamado rei absoluto, Sá Nogueira não aderiu de forma alguma a esse golpe de estado, e apenas viu que as tropas do Porto e de Aveiro se pronunciavam contra a usurpação, foi imediatamente unir-se-lhes, e tomou parte com o exército do general Saraiva Refoios nos infelizes combates de Ega, Cruz de Morouços e Vouga em que ficaram derrotados os liberais, retirando depois para o Porto. Sá Nogueira havia sido nomeado comandante dos engenheiros na divisão volante, por portaria de 1 de junho. Chegados ao Porto; apoderou se inteiramente dos chefes daquela tentativa, até mesmo dos que depois se mostraram mais decididos e mais temerários um verdadeiro terror pânico. Palmela e Saldanha, que tinham vindo de Inglaterra a bordo do vapor Belfast, reembarcaram precipitadamente, e o exército, abandonado pela maior parte dos seus generais, retirou, para o Minho, afim de emigrar para a Galiza. Sá Nogueira, que saíra do Porto a levar uma pequena divisão que se encontrava nas proximidades de Penafiel, com ordem de se retirar para Santo Tirso, ficou espantado ao voltar ao Porto, de encontrar essa ordem de emigração, porque combinara com o general Pizarro que ,se não emigraria. sem se tentar mais uma vez a sorte das armas. Mas o exército havia perdido completamente a força moral, e não era possível arriscar-se uma batalha com esses elementos. A desgraçada retirada começou logo em seguida, e foi então que o nome de Bernardo de Sá Nogueira começou a tornar-se verdadeiramente popular. Todos sabiam que os fugitivos do Belfast lhe tinham oferecido, uma lugar a bordo, e que Sá Nogueira o recusara, dizendo que queria partilhar a sorte dos seus camaradas. Durante a retirada foi ele quem conseguiu manter alguma ordem no exército a ponto que os oficiais lhe suplicavam, que ficasse na retaguarda, porque o brigadeiro Pizarro, que comandava a coluna, não queria saber do que se passava atrás de si. Foi Sá Nogueira, portanto, quem comandou a retaguarda, mantendo-a em ordem, fazendo marchar os que iam desanimando e franqueando o caminho da deserção para os que não queriam acompanhar a emigração liberal, e que não eram senão elementos fatais de desordem e de desalento. As forças liberais entraram finalmente na Galiza em 8 de julho. Os oficiais espanhóis de Fernando VII, que tão favoráveis tinham sido à emigração absolutista, eram o mais contrário possível à emigração liberal, e tratavam os infelizes emigrados com uma arrogância e uma falta de hospitalidade verdadeiramente incríveis. Bernardo de Sá Nogueira, apesar de desarmado, manteve sempre energicamente a sua dignidade militar, respondendo a um coronel espanhol, chamado Pereira, com uma energia que o desesperou, mas que excitou a admiração dos próprios espanhóis que presenciaram o nobre e resoluto procedimento do oficial português.

Depois de passarem toda a qualidade de torturas, os emigrados embarcaram para Inglaterra, onde os esperavam tormentos não inferiores. Apenas, porém, constou a Sá Nogueira que a Madeira se pronunciara pela causa liberal, partiu a bordo dum navio brasileiro para essa ilha, porque nessa ocasião contava-se muito com a Madeira, e muito pouco com a Terceira. Infelizmente quando o navio brasileiro chegou à Madeira, onde se pronunciara pela causa liberal José Júlio Travassos Valdez, mais tarde conde de Bonfim, já a encontraram no poder dos absolutistas, e Sá Nogueira teve de seguir para o Brasil. No Rio de Janeiro apresentou-se ao imperador D. Pedro, e contou-lhe os acontecimentos de Portugal, como testemunha presencial e um dos principais actores do drama tristíssimo que ali se representava. D. Pedro quis retê-lo ao seu lado, porém Sá Nogueira, desejoso de transmitir as palavras animadoras do imperador para os que defendiam a causa liberal, voltou a Inglaterra, e aproveitando o primeiro ensejo que se lhe deparou foi para os Açores, onde o conde de Vila Flor sustentava na ilha Terceira, com admirável denodo, a causa da rainha D. Maria II. Sá Nogueira partiu numa escuna inglesa, que foi tomada por um dos navios realistas do cruzeiro, e teve de esconder-se, juntamente com um dos seus irmãos, debaixo do carvão de pedra da carga, e ali se conservou sete dias, sem mudar de posição, sendo protegido pelo capitão do navio. Chegando à ilha de S. Miguel, até onde o navio cruzador os escoltou, Sá Nogueira, enquanto se fez a descarga, esteve escondido debaixo duma vela, e desembarcando enfim a ocultas esteve dois meses refugiado na casa do cônsul inglês, até que teve ensejo de seguir para a ilha Terceira, onde chegou a 12 de dezembro de 1829. Já se havia dado a batalha da Vila da Praia, tão gloriosamente ganha pelo conde de Vila Flor, e os miguelistas mantinham ainda o bloqueio, mas muito menos apertado, o que deu ocasião a que Sá Nogueira pudesse desembarcar, sendo logo no dia 11 nomeado ajudante de ordens do conde de Vila Flor, então governador e capitão general dos Açores. Quando este valoroso militar preparou em 1831 a expedição para tomar as restantes ilhas do arquipélago, Sá Nogueira prestou-lhe valioso auxilio nos combates das ilhas do Pico, S. Jorge, Faial, S. Miguel, que conquistou depois da batalha da Ladeira Velha, em que os miguelistas foram postos em debandada. No entretanto, D. Pedro abdicava a coroa imperial, e organizando uma pequena expedição com os emigrados dispersos por França e Inglaterra e com alguns voluntários estrangeiros, partira para os Açores, a tomar o comando das tropas liberais, com o simples título de duque de Bragança, e apenas chegou, escolheu para seu ajudante de campo o intrépido Bernardo de Sá Nogueira, por decreto de 16 de março de 1832. Nesta qualidade, acompanhou a expedição que partiu para as costas de Portugal. Quando chegou ás alturas de Vila do Conde, o imperador mandou-o a terra para intimar o general José Cardoso, que estava ali com a sua brigada, a que deixasse desembarcar livremente o exercito constitucional, e reconhecesse o governo do legítimo soberano de Portugal. O general miguelista recebeu-o bruscamente, e disse-lhe que o que devia fazer era mandá-lo fuzilar, ao que o enérgico oficial respondeu: «Fuzile e ficará desonrado à face da Europa.» Bernardo de Sá Nogueira recolheu-se a bordo sem ter nada conseguido, e no dia 8 de julho do mesmo ano de 1832, desembarcava o exército libertador, composto de sete mil e quinhentos homens, nas praias do Mindelo, e no dia 9 entrava na cidade do Porto, sendo recebido pela população com um entusiasmo delirante. O governo militar da cidade foi confiado a D. Tomás de Mascarenhas. 

Principiou então a luta. O governador foi exonerado do seu cargo, por ter dado provas de extraordinária fraqueza, quando supôs derrotado o exercito liberal na batalha de Ponte Ferreira, indo substitui-lo Sá Nogueira, por decreto de 27 de julho, tendo também inspecção sobre os batalhões nacionais que se organizassem ali. O valente militar merecia cada vez mais a confiança do imperador e a do exército. Logo que tomou posse, ordenou que se ocupasse e se fortificasse o convento da Serra do Pilar, confiando o comando ao general Torres, que sempre o defendeu brilhantemente. Foi promovido a tenente-coronel, por decreto de 6 de agosto, pelos serviços prestados nas ilhas dos Açores, continuando na comissão em que estava. No dia seguinte ficou derrotado o conde de Vila Flor na batalha de Souto Redondo, e quando a noticia chegou ao Porto, D. Pedro, verdadeiramente fulminado, voltou-se para Sá Nogueira, e perguntou-lhe, o que entendia que se deveria fazer, a que o intrépido oficial respondeu: «Se o general inimigo manda a sua cavalaria cortar a retirada ás nossas tropas, o que lhe é facílimo, Vossa Majestade não pode fazer senão embarcar imediatamente, e eu à testa de trezentos soldados escolhidos, me encarrego de proteger a retirada.» Não foi necessário isso, porque o general miguelista, por uma inconcebível hesitação, não cortou a retirada aos liberais que entraram no Porto em desordem, mas afinal com perdas relativamente pequenas. A defesa do Porto começou então. Em 8 de setembro os miguelistas procuraram com um ataque rigoroso apoderar-se da margem do sul do Douro, e principalmente da Serra do Pilar. Sá Nogueira comandava as tropas que defenderam com toda a energia as posições de Vila Nova de Gaia, que tiveram por fim de abandonar, excepto a Serra do Pilar, que se manteve heroicamente. Foi então que, no sítio chamado Alto da Bandeira, Sá Nogueira foi ferido com uma bala no braço direito, que teve de lhe ser amputado. Desde esse dia de dor e de glória, Bernardo de Sá Nogueira ficou sendo o heróico maneta A história do cerco do Porto está amplamente descrita por Oliveira Martins, Luz Soriano, Pinheiro Chagas e outros escritores. No dia 10 de novembro ainda de 1832, era confiada a Sá Nogueira a pasta da Marinha, e interinamente a do Reino, por decreto do dia 18, exercendo estes empregos até 29 de maio de 1833; a 4 de abril antecedente fora agraciado com o título de barão de Sá da Bandeira. As circunstâncias em que o valoroso oficial aceitara as pastas ministeriais, eram bem precárias. D. Pedro julgava nessa ocasião, a causa completamente perdida. Vendo que o resto do país se não revolucionava em seu favor, achando-se encerrado dentro das muralhas do Porto, não encontrando nas potências estrangeiras a adesão e a simpatia com que contava, D. Pedro desanimou. A esquadra comandada pelo almirante inglês Sartorius, ainda era um elemento favorável à sua causa, mas essa mesma esquadra lhe ia ser inútil, porque os marinheiros ingleses, não sendo pagos, sublevavam-se, o almirante Sartorius em constantes desavenças com os seus oficiais, não empregava a esquadra convenientemente, e afinal os navios miguelistas bloqueavam a entrada do Douro, e faziam com que no Porto começasse já a haver fome e falta das munições mais indispensáveis. Foi nesta lastimosa crise, que o barão de Sá da Bandeira, na sua qualidade de ministro da marinha, entabulou negociações com um excelente oficial  inglês, o seu amigo Carlos Napier, convencendo-o a tomar o comando da esquadra, que sob as ordens de Sartorius mais prejudicava que defendia, salvando assim a causa da liberdade, que estava gravemente ameaçada. Sartorius foi demitido por um decreto de março de 1833. Com o novo comando as coisas tomaram outro aspecto mais prometedor. Sá da Bandeira, porém, não teve a satisfação de gozar o fruto dos seus trabalhos e da sua previdência. As intrigas ferviam no Porto, e o ilustre estadista foi sacrificado, tendo de sair do poder, indo substitui-lo o marquês de Loulé. Antes de se retirar, deu-se o renhido combate das Antas, no dia 24 de março, onde apareceu, ficando ferido na luta. Contudo, a situação da causa liberal ia melhorando, os assaltos dos miguelistas ao Porto eram constantemente repelidos, Napier tomava a esquadra inimiga na batalha do Cabo de S. Vicente, o duque da Terceira desembarcava no Algarve, atravessava o Alentejo, batia os inimigos na Cova da Piedade, atravessava o Tejo e entrava em Lisboa no glorioso dia 24 de julho, sem dar um tiro, o imperador apressava-se a vir também para a capital, e o barão de Sá da Bandeira que o acompanhara, tomou parte muito activa na acção de 5 de setembro. Foi depois nomeado governador de Peniche, onde, reunindo algumas tropas, pôde inquietar a retaguarda do exército inimigo, tomando Óbidos, e marchando sobre Torres Vedras, foi com a sua divisão juntar-se ao exército constitucional, formando a quinta coluna de operações que manobrou sob o comando de Saldanha. Sá da Bandeira fora promovido a coronel por decreto de 25 de julho de 1833, contando a antiguidade de 17 de maio, e em 11 de outubro do mesmo ano foi exonerado do governo da praça de Peniche, por ir comandar uma divisão de operações no Algarve, desde o dia 17 do citado mês de outubro até 15 de novembro. Depois da batalha de Almoster, realizada em fevereiro de 1834, foi encarregado interinamente do governo militar do Algarve, por decreto de 17 do referido mês de fevereiro, sendo encarregado de pacificar aquela província, onde dominavam as guerrilhas miguelistas. Nessa campanha deu Sá da Bandeira mais provas da sua temerária bravura. Depois de ter batido os miguelistas nas proximidades de Tavira o de haver exterminado as guerrilhas, entrou no Alentejo; e apoderou-se de um grande número de pontos importantes, obrigando os generais miguelistas a destacarem para o sul do Tejo forças numerosas que efectivamente infligiram a Sá da Bandeira um revés considerável no dia 24 de abril obrigando-o a encerrar-se em Faro, mas que foram ao mesmo tempo tropas que faltaram no campo da batalha de Asseiceira, onde o duque da Terceira ganhou a vitória final, que pôs termo aquela prolongada luta. Do governo militar do Algarve foi Sá da Bandeira exonerado por portaria de 17 de maio, e em 26 deste mês assinava-se a convenção de Évora-Monte, que terminava as campanhas da liberdade. Sá da Bandeira, a esse tempo era já brigadeiro, e em recompensa dos altos serviços que prestou na última fase da guerra, foi agraciado com o título de visconde, por decreto de 1 de dezembro de 1834. 

Terminara a luta armada entre miguelistas e constitucionais e ia começar entre estes últimos a luta política e parlamentar. O visconde de Sá da Bandeira era tão competente para essa luta, como fora para a luta militar. Tratara, sobretudo, de estudar profundamente a questão colonial, e o desejo vivíssimo que tinha de acabar com a escravatura em Portugal tornara-se a preocupação predilecta do seu espírito. Infelizmente, o primeiro ministério em que entrou como ministro da marinha, e interino do reino, por decreto de 18 de novembro de 1835, foi um ministério perfeitamente de transição, sem força, que entrara no poder em virtude duma espécie de pronunciamento dos oficiais contra uma medida do duque da Terceira, comandante em chefe do exercito, que durou apenas cinco meses, e se demitiu em 19 de abril de 1835, tendo sido presidido por José Jorge Loureiro, que se encarregara também da pasta da guerra. Por carta régia de 1 de setembro desse ano, foi nomeado par do reino. Este ministério foi substituído por outro, presidido pelo duque da Terceira; mas esse ministério também não era menos fraco, e afinal a revolução há muito latente, rebentou no dia 9 de setembro de 1836. Chamado ao poder para fazer parte dum novo ministério da presidência do conde de Lumiares, Sá da Bandeira aceitou, a pedido da rainha, a pasta da fazenda e interinamente a dos estrangeiros, por decreto de 10 de setembro. Menos de dois meses depois da revolução, tramava o partido cartista uma contra-revolução, conhecida pela Belenzada (V. este nome), contra-revolução que se malogrou miseravelmente e quase ridiculamente, graças à atitude da guarda nacional, e sobretudo à energia do próprio Sá da Bandeira, que se mostrou perante a contra-revolução tão destemido como perante o inimigo. O ministério caíra em 4 de novembro, e a Belenzada teve o único resultado de dar origem à formação dum novo ministério mais forte, em que o visconde de Sá da Bandeira assumiu a presidência do conselho e a pasta dos estrangeiros por decreto de 5 de novembro, encarregando-se interinamente da da guerra, por decreto de 6, e da marinha por decreto de 27 de maio de 1837. Contudo, se a presidência nominal pertencia a Sá da Bandeira, é certo que a alma do ministério era Passos Manuel, que simbolizava perfeitamente as ideias da revolução de Setembro, em cuja obra reformadora Sá da Bandeira colaborou dedicadamente, dando-lhe toda a força, e caindo com ele quando Passos Manuel entendeu dever pôr a sua pasta, perante o congresso constituinte, sabre a questão dos sub-secretários de Estado; demitiu-se das suas três pastas em 1 de junho, e pediu a demissão do ministério logo no dia 2, que lhe foi concedida. Durante esse governo, foi criada por decreto de 12 de janeiro de 1837, referendado por Sá da Bandeira e Passos Manuel, uma casa pia com a denominação de Asilo Rural Militar, destinada exclusivamente para recolher, alimentar, e educar oitenta alunos, filhos de praças de pré do exercito. Este asilo teria assento no edifício do Varatojo (V. Portugal, vol. 1, pág. 831 e 832). Em Janeiro de 1837 fundou-se a Academia Politécnica do Porto em substituição da antiga Academia de Marinha e Comércio, e a Escola Politécnica de Lisboa em substituição da antiga Academia Real de Marinha; em Novembro de 1836 criou-se a Academia Portuense de Belas Artes; o Conservatório de Lisboa, por instigação de Garrett; a Academia de Lisboa de Belas Artes; a Casa Pia de Évora, a Escola do Exército, o Conservatório Portuense de artes e ofícios; transformou os estudos da Universidade, organizou com um novo plano as escolas de instrução primária, deu às escolas médico-cirúrgicas de Lisboa e Porto novos regulamentos, fez regulamentos para as academias de belas artes de Lisboa e Porto, recomendava a criação de associações agrícolas, fabris e industriais nas terras mais importantes do reino, etc. Este ministério tomou todas estas medidas, estando em ditadura. O ministério de Sá da Bandeira e Passos Manuel foi substituído por outro verdadeiramente insignificante presidido pelo conselheiro António Dias de Oliveira. No mês imediato rebentava a revolução cartista, com o fim de restabelecer a Carta Constitucional, conhecida pela revolta dos marechais, porque depois de ter sido iniciada pelo barão de Leiria, assumiram a sua direcção os dois marechais duque de Saldanha e duque da Terceira. O visconde Sá da Bandeira foi logo nomeado lugar-tenente da rainha nas províncias do norte, por carta régia de 14 de julho, e ali conseguiu que a revolta se não propagasse. Combateu com os setembristas ao lado do visconde de Bonfim no Chão da Feira, e ao lado do visconde das Antas em Ruivães. A esse tempo já havia caído o ministério Dias de Oliveira, e o visconde de Sá da Bandeira foi chamado a presidir o novo ministério que se organizou em 10 de agosto, ficando interinamente com a pasta da marinha. Este ministério foi verdadeiramente cortado de amarguras. A guarda nacional estava agitadíssima, os ministros sucediam-se uns aos outros, e Sá da Bandeira teve sucessivamente como ministros do reino Júlio Gomes da Silva Sanches e António Fernandes Coelho. Os clubes multiplicavam-se e pretendiam governar; os cartistas e reaccionários aproximavam-se dos exaltados para embaraçar o caminho do governo setembrista. Sá da Bandeira fora exonerado do exercício de lugar-tenente da rainha por carta régia de 9 de outubro, e de ministro interino da Marinha, por decreto de 25. Por decreto de 9 de novembro encarregava-se da pasta dos estrangeiros, e por decreto de 9 de março de 1838 ficou interinamente com as pastas da guerra e da marinha. O congresso constituinte votara a Constituição de 1838, e a execução dessa nova Constituição, sempre em todos os casos difícil, complicava-se com a agitação da capital. A 9 de março de 1838 o batalhão do Arsenal fechava as portas deste estabelecimento, e declarava-se uma insurreição, a que pôs termo a convenção de Marcos Filipe, assim chamada por se ter assinado no botequim de Marcos Filipe no largo do Pelourinho. Supondo que este acto, que tivera por fim evitar a efusão de sangue, significava fraqueza, rebentou em 13 de Março uma nova insurreição de alguns batalhões da guarda nacional, que foi sufocada pelo visconde de Sá da Bandeira em pessoa, o qual evitou contudo, tanto quanto lhe foi possível, o derramamento de sangue. Por decreto de 17 do mês de abril seguinte deixou de ser ministro da Guerra. No dia 14 de junho de 1838, dia da procissão do Corpo de Deus, houve novas agitações; o rei D. Fernando foi insultado quando subia para a carruagem, e José da Silva Carvalho, que voltava do estrangeiro, e que aparecia pela primeira vez em público depois disso, foi perseguido pelos guardas nacionais que o queriam matar, e a Costa Cabral, então governador civil de Lisboa, e que procurara protegê-lo. Atribulada e agitadíssima como foi esta situação, a que sucedeu a 18 de abril de 1839 o ministério presidido pelo barão de Sabrosa, deitou contudo, Sá da Bandeira vinculado o seu nome à gloriosa medida, que acabava num prazo de. terminado, com a escravidão das colónias portuguesas, medida que muito mais tarde ficou plenamente realizada. Além disso, decretou-se a colonização das nossas possessões; lançaram-se os fundamentos à administração da fazenda pública, e promoveu-se o desenvolvimento dos assuntos mais importantes a cargo das câmaras municipais e das paróquias. Sá da Bandeira, sem deixar de tomar parte nas lutas políticas, recorreu à imprensa para tratar da sua questão mais predilecta, a da abolição da escravatura. Em 1839 publicou os Documentos oficiais relativos à negociação do tratado entre Portugal e a Grã-Bretanha para a supressão do trafico da escravatura, mandado imprimir por ordem da câmara dos senadores. Em 1840 publicou O Trafico da escravatura e o bill de Lord Palmerston. Por decreto de 16 de dezembro de 1810 foi Sá da Bandeira nomeado comandante militar da 7.ª divisão e governador da praça de Elvas, sendo exonerado a seu pedido, por decreto de 12 de fevereiro de 1841. 

Quando no princípio de 1842 Costa Cabral, que fazia parte do ministério que governava segundo a constituição de 1838, foi ao Porto proclamar a restauração da Carta, houve ainda um momento em que a rainha fingiu que desejava resistir à insurreição cartista, e em que chamou ao poder no dia 7 de fevereiro do 1842 o duque de Palmela, que entregou a pasta da guerra ao visconde de Sá da Bandeira. O heróico general estava disposto a resistir energicamente, mas a coroa é que não estava disposta a auxiliá-lo. Esse ministério, conhecido pelo nome de ministério de Entrudo, durou só dois dias, sendo logo substituído no dia 9 por outro da presidência do duque da Terceira, que reservou um lugar para Costa Cabral. A Carta estava restaurada. Sá da Bandeira fez veemente oposição aos ministérios cartistas com a sua palavra, com a sua pena, e afinal com a sua espada. Em 1815, entrou com todo o calor na discussão relativa ao direito eleitoral dos oficiais, escrevendo sucessivamente: Reflexões sobre a pratica do direito eleitoral, dirigidas a s. ex.ª o marechal ministro da Guerra, e aos srs. generais e oficiais do exercito; Carta do visconde de Sá da Bandeira ao conde de Santa Maria sobre a liberdade do voto dos oficiais militares; Carta segunda... ao Conde de Santa Maria; contém o exame das acusações que com autorização de s. ex.ª lhe foram dirigidas. Quando a agitação do país em maio de 1846 obrigou a rainha a organizar um ministério que oferecesse garantias liberais, e garantia de que se cumpriria a velha promessa feita em 1842 de se convocarem cortes constituintes para se reformar a Carta, chamou o duque de Palmela para organizar esse governo a 19 de julho de 1846, e confiou a pasta da guerra ao visconde de Sá da Bandeira, que fora nomeado comandante geral da guarda nacional de Lisboa em 25 de junho do mesmo ano. Este ministério foi vítima da emboscada de 6 de outubro. Sá da Bandeira, indignado, pediu logo a sua exoneração, e sabendo que no Porto se organizara uma junta insurreccional, correu a oferecer-lhe a sua espada, que foi aceite com entusiasmo. Saindo do Porto à frente duma divisão, marchou sobre as tropas da rainha, comandadas pelo barão do Casal, e obrigou-o a retirar e a refugiar-se em Chaves, mas querendo depois atrai-lo para fora das muralhas dessa vila, ofereceu lhe batalha em Valpaços, e foi aí batido no dia 15 de novembro de 1846, vendo-se obrigado a retirar para o Porto. Querendo renovar a manobra que tão bons resultados dera em 1833, o governo da junta mandou uma expedição ao Algarve, que devia marchar sobre Lisboa. Era essa divisão comandada por Sá da Bandeira, que desembarcado no Algarve marchou a unir-se no Alentejo com as forças populares comandadas por Celestino e pelo conde de Melo, e tomando a direcção superior, marchou sobre Setúbal, encontrando se no Alto do Viso com as forças da rainha comandadas pelo barão de Vinhais A esse tempo, porém, já a causa da junta catava perdida. Saldanha, depois do ganhar a batalha de Torres Vedras, ameaçava o Porto, mas a intervenção estrangeira sobretudo tornava inúteis quaisquer novos esforços. Os oficiais de um navio inglês, o Polyphemo, que pairava nas alturas de Setúbal, comunicaram este facto aos beligerantes, e um armistício pôs termo à batalha, que também não correra feliz para Sá da Bandeira. Este passou para bordo do navio inglês, tendo sido a sua divisão que disparou os últimos tiros nessa luta relativamente titânica. Foi compreendido nos decretos de amnistia de 28 de abril e 27 de julho de 1847, Ordem do Exército n.º 62, de 30 de agosto. Por decreto de 30 de maio de 1851 foi nomeado marechal de campo, contando a antiguidade de 29 de abril, e por decreto de 8 de agosto director da Escola do Exército. Em 1848 publicou: Correspondência entre o visconde de Sá da Bandeira e os Ministros plenipotenciários, e outros agentes das Potências signatárias do protocolo de 21 de maio de 1847, acompanhada de uma carta de Sua Majestade a Rainha, e de outros documentos. 

Depois de 1851 Sá da Bandeira voltou a figurar na política, militando no campo do partido histórico. Em 1855 publicou um folheto relativo a questões coloniais, intitulado: Factos e considerações relativas aos direitos de Portugal sobre os territórios de Molembo, Cabinda e Ambriz, e mais lugares da costa ocidental de África. Em 1856, caindo o ministério regenerador, subiu ao poder o ministério histórico, presidido pelo marquês de Loulé, e Sá da Bandeira encarregou-se da pasta da Marinha, e interinamente da das Obras Publicas, por decreto de 6 de junho, deixando esta última, por decreto do 25, sendo encarregado, também como interino, da pasta da Guerra, por decreto de 28 de janeiro de 1857, de que foi exonerado por decreto de 8 de setembro. A 21 deste mês teve a promoção de tenente-general. Sendo encarregado da pasta da guerra por decreto de 16 de setembro de 1858, foi exonerado deste exercício e do de ministro da Marinha, por decreto de 16 de março de 1859. Neste ano caiu o ministério, voltando ao poder em 1850. O visconde de Sá da Bandeira não entrou logo, mas foi no dia 3 de dezembro substituir o ministro da Guerra Belchior José Garcez. Seguiu-se depois aquele longo ministério do marquei de Loulé, que mudou de ministros umas poucas de vezes. Sá da Bandeira acompanhou-o desde dezembro de 1860 até 14 de janeiro de 1864, em que foi exonerado da pasta da guerra. Havia sido presidente interino do conselho e ministro interino dos estrangeiros, por decreto de 12 de setembro de 1862, e exonerado destes exercícios, por decreto de 6 de outubro seguinte. A 4 de julho de 1864 foi promovido a general de divisão. Por decreto de 3 de fevereiro desse ano havia sido elevado à dignidade de marquês. Tornou a ser ministro da Guerra em 1865, nomeado por decreto de 5 de março. Este ministério teve uma vida muito curta e atribulada. A 17 de abril sucedia-lhe outro, em que Sá da Bandeira foi presidente do conselho e ministro da Marinha. O ministro principal era António José de Ávila. Este ministério durou somente até 5 de setembro, organizando-se então o ministério da fusão presidido por Joaquim António de Aguiar. Sá da Bandeira afastara-se definitivamente do partido histórico, e conservou-se por algum tempo estranho à política activa, até que veio o movimento conhecido peia Janeirinha, que fez cair o ministério da fusão, tornando pronunciadas em todo o país as reclamações de economia dos dinheiros públicos. Voltou-se então a popularidade para o bispo de Viseu, cuja austeridade parecia oferecer uma segura garantia de que se entraria desassombradamente nesse caminho. O bispo de Viseu foi chamado ao poder, mas, entendeu-se, que não se lhe podia dar a presidência do conselho, e foi o marquês de Sá da Bandeira chamado a presidir esse ministério chamado reformista, de 22 de julho de 1868, ministério que não tendo podido realizar as suas esperanças, caiu a 11 de agosto de 1869. 

Por decreto de 24 de agosto de 1866 fora nomeado ajudante de campo do rei D. Luís, e por decreto de 1 de setembro foi nomeado presidente da comissão encarregada de resolver definitivamente o sistema de fortificações de Lisboa e seu porto, comissão de que foi exonerado por decreto de 21 de julho de 1868. A vida política do marquês de Sá da Bandeira pode dizer-se que terminou com a queda do ministério do bispo de Viseu. Ainda em 1870 os seus amigos políticos instaram com ele para que fosse ao paço prestar ao rei D. Luís o apoio da sua energia, do seu prestigio e da sua autoridade para dar o golpe de estado de 29 de agosto que pôs termo à ditadura do marechal Saldanha. Presidiu então o ministério, gerindo também a pasta da Guerra, desde esse dia até 29 de outubro em que foi exonerado, cedendo então a presidência ao marquês de Ávila e Bolama, retirou-se à vida particular. Ainda em 1870 escreveu em francês uma carta ao conde de Goblet d'Alvielle, escritor belga, carta que imprimiu, e em que rectificava alguns pontos da história contemporânea de Portugal, tratados inexactamente pelo conde. Em 1872 publicou uma carta a Latino Coelho, expondo as suas ideias acerca da reforma da Carta Constitucional, de que então se ocupavam todos os partidos políticos. Se depois deixou descansar a pena, ocupou-se sempre até ao fim da sua vida com sumo interesse, de todas as questões mais elevadas, que podem preocupar o espírito humano, questões de instrução pública, de colonização, de organização social. Por carta régia de 20 de março de 1873 foi encarregado de dirigir as fortificações de Lisboa e seu porto; por decreto de 12 de maio de 1875, foi nomeado presidente da comissão encarregada de propor o local e. meios adequados para erigir uma estatua ao marechal duque da Terceira. 

Na Folhinha da Terceira para o ano de 1832 bissexto, publicada em Angra do Heroísmo, pertence-lhe a parte geográfica da monarquia portuguesa. Em 1861 publicou: Zambézia e Sofala; mapa coordenado sobre numerosos documentos antigos e modernos, portugueses e estrangeiros, pelo visconde de Sá da Bandeira; a que se ajuntam extractos das narrações de alguns viajantes, acompanhados de analise; saíram no Arquivo pitoresco, e depois no Jornal do Comércio, de 3 de janeiro de 1861. Sendo ministro da guerra publicou também em 1863 a carta, ou mapa geral de Angola e Benguela, em grande formato, por ele coordenado, e pelo então tenente-coronel Fernando da Costa Leal, governador que fora da colónia de Moçamedes. Em 1866 publicou: Memória sobre as fortificações de Lisboa. Atribuí-se-lhe o seguinte opúsculo: Cultura do algodão. Noticia sobre esta cultura, e modo de trazer o seu produto ao comércio, Lisboa, ano de 1862; ornado cem quatro estampas litografadas. 

O marquês de Sá da Bandeira era fidalgo da Casa Real, por alvará de 21 de agosto de 1823; conselheiro de Estado efectivo; oficial da Torre A Espada, por diploma de 6 de outubro de 1832, pelo seu distinto comportamento na causa da legitimidade, e especialmente pela perícia e bravura com que no dia 8 de setembro conduziu a força que comandava na presença de forças muito superiores do inimigo, sem que sofresse a menor perda, ocultando a grave ferida que recebera logo no principio da acção; comendador da mesma ordem, por diploma de 9 de julho de 1860; grã-cruz das ordens de Cristo, da Rosa do Brasil, de Leopoldo da Bélgica, de S. Maurício e S. Lázaro de Itália; de Carlos III e de Isabel a Católica, de Espanha; do Cruzeiro do Brasil, de S. Salvador da Grécia, de Francisco José da Áustria, de S. Gregório Magno de Roma, e de Santa Rosa do Mérito Militar de Honduras, e grande oficial da Legião de Honra de França. Possuía a cruz n.º 1 de quatro campanhas da Guerra Peninsular, Ordem do Exército n.º 31, de 25 de dezembro de 1820; a medalha de D. Pedro e D. Maria, algarismo 9 das Campanhas da Liberdade, Ordem do Exército n.º 19, de 10 de maio. Foi elogiado na ordem especial do dia 11 de abril de 1834, pelo bem que desempenhou a comissão de que foi encarregado, e pela perícia e conhecimentos que desenvolvera, libertando o reino do Algarve, e aumentando o conceito que merecia a Sua Majestade Imperial pelos seus feitos heróicos; elogiado na ordem n.º 208 do dia 12 de maio, pela maneira distinta com que se conduziu durante a acção de 24 de abril em S. Bartolomeu de Messines, e depois na retirada para a cidade de Silves. 

O brasão, concedido à sua família por alvará de 21 de outubro de 1788, é o seguinte: Escudo esquartelado; no 1.° quartel as armas dos Nogueiras: Em campo de ouro uma banda xadrezada de prata e verde, de 8 ordena, com uma verguete de púrpura, que tapa a ordem do meio; no segundo as dos Silveiras: Em campo de prata 3 faias vermelhas; no 3.° as dos Carvalhos: Em campo azul uma estrela de ouro, entre uma quaderna decrescentes de prata; e no 4.° as dos Figueiredos: Em campo vermelho 5 folhas de figueira verdes em aspa, perfiladas de ouro. 

Sá da Bandeira procurou perpetuar a memória do infante D. Henrique, o navegador, erigindo lhe, em 1839, em Sagres, um modesto monumento (V. Sagres). Em 1879, a falecida Sr.ª duquesa de Palmela modelou em mármore um magnífico busto do intrépido general, que mais tarde ofereceu à Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi inaugurado em sessão real de 21 de junho de 1909. Em 1884 erigiu se um monumento na praça de D. Luís, em Lisboa, em memória do marquês de Sá da Bandeira, que já descrevemos no vol. IV do Portugal, artigo Lisboa, a pág. 383 e 384. Acerca do notável estadista e valoroso militar, pode ver-se a Revista Contemporânea, de 1855, n.º 4, pág. 28; O Universo pitoresco, tomo IlI, n.º 13, pág. 196 e seguintes: Periódico dos pobres do Porto, n.º 2, de 1858; Dictionnaire dos Contemporains, de Vapereau, pág. 1568, da 3.ª edição; O Marquês de Sá da Bandeira; biografia fiel e minuciosa do ilustre finado, redigida sobre documentos oficiais e parlamentares com o auxilio de valiosos apontamentos prestados por ele mesmo em 1873, e de outras informações fidedignas, por André Meireles de Canto e Castro.

 

 

 

Decreto de abolição da escravatura
O Portal da História

Genealogia do marquês de Sá da Bandeira
Geneall.pt

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, págs. 438-444.

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