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Vasco de Meneses, conde de Sabugosa
Vasco de Meneses, conde de Sabugosa

Sabugosa (Vasco Fernandes César de Meneses, 1.º conde de).

 

n.      16 de outubro de 1673.
f.       24 de outubro de 1741.

 

Alferes-mor do Reino, alcaide-mor de Alenquer, comendador de S. João de Rio Frio e de S. Pedro de Lomar, vice-rei da Índia e do Brasil, etc. 

Nasceu a 16 de outubro de 1673, faleceu a 24 de outubro de 1741. Era filho de D. Mariana de Lencastre, e de seu marido, Luís César de Meneses, comendador das comendas já citadas, alferes-mor do Reino, governador do Rio de Janeiro, capitão-general de Angola, e depois da Baía. 

Teve os postos de mestre de campo dos terços de Peniche e da Armada, e de capitão-de-mar-e-guerra. Casou em 1696 com D. Juliana de Lencastre, filha de D. João Mascarenhas, conde de Santa Cruz. Em 1704 passou a sargento-mor de batalha, serviu de alferes-mor na coroação do rei D. João V, e a 8 de março de 1712 foi nomeado vice-rei da Índia, para onde partiu a 15 de abril, chegando a Goa a 16 de setembro. O seu governo foi um dos mais gloriosos que houve na Índia nos tristes tempos da decadência. Perdera-se já todo o prestígio e autoridade, e Vasco Fernandes César soube fazer respeitar de novo o nosso nome e as nossas armas O rajá Kanará tratara-nos com menos consideração; Vasco Fernandes César juntou rapidamente uma esquadra de onze embarcações, cujo comando entregou a José Pereira de Brito, e este forçou as barras de Barcelor, Calianapor, Catapal, Moloquim, Mangalor e outras, queimou e destruiu navios e povoações, obrigando o rajá a pedir paz, e fazendo com que o rajá de Sunda, que seguira o exemplo do de Kanará, logo também se submetesse. O Angriá, um pirata indiano, assaltava-nos as embarcações, logo o vice-rei mandou uma esquadra de quinze navios comandada por António Cardim Fróis, atacar o porto de Culabo, onde o pirata se fortificara, e onde os portugueses lhe infligiram uma lição severa. As esquadras árabes de Mascate que estavam no porto de Surate e de Rugafroi que se achava na barra do Danda foram igualmente destroçadas pelos nossos navios. Assim o nome português voltou a ser, se não temido, pelo menos respeitado na Índia, e o Grão Mongol com quem mantínhamos boas relações, cedeu-nos, em prova de amizade, o pequeno território de Pondá, que confinava com as possessões portuguesas. No governo eclesiástico da Índia houve bastantes discórdias no tempo de Vasco Fernandes César, que nem sempre procedeu com a maior justiça na sua resolução. Em Janeiro de 1717, Fernandes César, desejoso de voltar ao reino, abriu as vias de sucessão, encontrando nomeado o arcebispo D. Sebastião de Andrade Pessanha, entregou-lhe o governo, e partiu para Portugal. Pouco tempo, porém, aqui se demorou.

Em 1720 foi nomeado vice-rei do Brasil, que governou quinze  anos, desde 23 de novembro de 1720 até 1 de maio de 1735. Também ali deu provas de homem enérgico e de sensato administrador, tanto que recebeu da corte a recompensa de ser agraciado com o título de conde de Sabugosa, por decreto de 19 do setembro de 1729. Teve, contudo, de lutar com bastantes desastres, neste governo. Em 1724 principiou uma seca horrorosa que durou quatro anos, seguindo-se-lhe em 1728 uma invernia continuada e não menos desastrosa, que durou outros quatro anos. Esta sucessão de flagelos impediu o vice-rei de fazer grandes melhoramentos, mas os brasileiros reconhecem sobretudo o empenho que ele mostrou para o  desenvolvimento intelectual do país que governava. A 7 março de 1724 reuniu no seu palácio sete dos homens mais distintos da Baía, o grande historiador Sebastião da Rocha Pita, o padre Gonçalo Soares da França, o chanceler Caetano de Brito de Figueiredo, o ouvidor do cível Luís de Sequeira da Gama, o juiz de fora Dr. Inácio Barbosa Machado, o capitão João Brito Lima e José da Cunha Cardoso. Foram estes os sócios fundadores duma academia, que tomou o nome de Academia dos Esquecidos, e por divisa o sol com a seguinte letra: Sol oriens in occiduo. Esta academia era frivolíssima como todas as do seu tempo, as suas sessões, que foram dezoito, porque só durou um ano, eram empregadas em fúteis discussões, os pseudónimos que os sócios fundadores adoptaram de Vago, Obsequioso, Nubiloso, Occupado, Laborioso, Infeliz e Venturoso, bem mostravam qual seria a insignificância dos trabalhos académicos, mas em todo o caso esta tentativa mostrava que o conde de Sabugosa desejava animar e proteger a literatura brasileira, por muito fútil que ela fosse. 

O conde de Sabugosa retirou-se para Lisboa em 1735.

 

 

 

Vasco Fernandes César de Meneses, 1° conde de Sabugosa
Genealogy (Geni.com)

MENESES, Vasco Fernandes César de (1673-1743)
Enciclopédia Virtual da Expansão Portuguesa

 

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, págs. 464-465.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral