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Saldanha (Monumento ao marechal duque de).

 

As tropas passando em continência

Joshua Benoliel

As tropas passando em continência
ao Monumento

 

 

Em 13 de Agosto de 1889 foi promulgada a lei que estatuía que fosse erecto um monumento ao prestigioso oficial, para recordar aos vindouros os seus relevantes serviços à pátria e à liberdade”. Influiu na Câmara dos Pares para que se rendesse esta homenagem, D. Luís da Câmara Leme, antigo ajudante de campo do marechal. Abriu-se um concurso para esse fim, mas ficou sem efeito. No ano seguinte houve novo concurso, em que ficou aprovado o projecto apresentado pelo escultor Sr. Tomás Costa. O contrato com o governo assinou-se em 1901, sendo o local escolhido para a colocação do monumento a rotunda das Picoas, devendo estar concluído dentro de três anos. Os trabalhos começaram, sendo o arquitecto Sr. Ventura Terra auxiliar do autor do monumento. Em 5 de Novembro de 1901 procedeu-se à cerimonia solene do lançamento da pedra fundamental, cerimónia a que assistiu o rei D. Carlos, o ministério, o bisneto do marechal, João Carlos de Saldanha Oliveira Daun, actual representante da casa, e diferentes individualidades de categoria superior, quer do mundo oficial, quer da sociedade propriamente dita. Estando concluídos os trabalhos, tratou-se da inauguração, que se realizou a 18 de Fevereiro de 1909 com imponente solenidade, e com todo o aparato oficial destas cerimónias. Na praça, onde se levantou o monumento, e que tomou o título de Praça do Duque de Saldanha, armou-se um pavimento luxuosamente decorado para a recepção do rei D. Manuel e leitura dos discursos e do auto, que foi ali assinado. Ao lados deste pavilhão armaram-se tribunas para o corpo diplomático, deputações das casas do parlamento, Câmara Municipal e mais convidados. Os representantes da família do duque de Saldanha tinham lugar reservado no pavilhão real; eram a Sr.ª marquesa de Rio Maior, condessas de Almoster, de Sintra e da Azinhaga, os Srs. marquês de Pombal, João Carlos Saldanha de Oliveira e Daun e seus irmãos José Augusto, Joaquim Pedro Quintela e Luís Saldanha de Oliveira Daun. Compareceram também à inauguração alguns veteranos da companhia de reformados de Runa, contando se entre eles, velhos que acompanharam Saldanha nas acções de Torres Vedras, do Porto, e na última manifestação militar do marechal, de 19 de Maio de 1870. Ao descerramento da estatua pelo rei, e quando a bandeira portuguesa que a velava, se desprendeu, os alunos da Escola Naval e da do Exército, que faziam a guarda de honra junto ao pavilhão real, perfilaram as espadas, fazendo então o rei a continência, enquanto as bandas militares tocavam o hino de Saldanha. Seguiu-se o discurso do Sr. conselheiro António de Azevedo Castelo Branco, presidente da comissão executiva do monumento, a que o rei respondeu, sendo depois lido pelo secretário da comissão, general Sr. Agostinho Maria Cardoso, o auto da entregado monumento à Câmara Municipal. A cerimónia terminou pelo desfilar das tropas da guarnição do Lisboa, que tinham formado em parada desde a Praça do Duque de Saldanha até ao Campo Grande. O rei com o infante D. Afonso, general Craveiro Lopes à esquerda e seu estado-maior, passou em continência à estatua, e a seguir marcharam as forças militares, principiando pela dos marinheiros, ao som do hino de Saldanha, tocado pelas bandas. Era o mesmo hino que se ouvira, quando o marechal entrou triunfante em Lisboa a 13 de Maio de 1851.

O monumento compõe se dum pedestal dórico de base quadrangular, a cujas arestas aderem colunas da mesma ordem, encimadas de capiteis canelados, desenho do Sr. Ventura Terra. Concluíra-se em 3 de Junho de 1905; tem de altura 7,82m que junto à estátua de 3,18m, dá o total de 11 m. A severidade do pedestal ameniza-se um tanto com a figura alegórica da Vitória que lhe decora a face principal; sob esta figura vêem-se as armas portuguesas entre ramos de louro e carvalho, e nas outras faces do pedestal destacam se cabeças de leões sustendo da boca panóplias decorativas com a inscrição: Campanhas da Liberdade, etc. Tanto estas decorações como as estátuas, tudo em bronze, foram fundidas no Arsenal do Exército com a perfeição de outros trabalhos deste género ali feitos várias vezes. A estátua de Saldanha ficou acabada em 15 de Setembro de 1906, e tem o peso de 2:.54 kg. Pousa sobre um soco assente no entablamento do pedestal. De pé, a mão direita indicando um ponto do horizonte, na mão esquerda a espada. No braço esquerdo um manto tragado garbosamente. A estátua alegórica da Vitória tem o peso de 1.920 kg; empunha na mão direita a espada vencedora e na esquerda a palma gloriosa. Nesta face do pedestal, na parte superior está a seguinte inscrição: Ao marechal duque de Saldanha, 1909.

 

 

 

 

O Monumento ao marechal Saldanha
O Ocidente, 32.º vol., n.º 1087 de 10 de Março de 1909.
Hemeroteca Municipal de Lisboa

 

 

 

 


Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, págs. 492-493.

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
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