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Pedro Mascarenhas, 1.º conde de Sandomil
Pedro Mascarenhas, 1.º conde de Sandomil

Sandomil (Pedro Mascarenhas, 1.º conde de).

 

n.      9 de novembro de 1670.
f.       3 de agosto de 1745.

 

Vice-rei da Índia; comendador das comendas de Santa Eugénia de Ala, dos Dízimos do Paul de S. Vicente de Fornelos, no arcebispado de Braga, da Ordem de Cristo, e dos Fornos dos testos da Praça de Setúbal, na Ordem  de S. Tiago, etc.

Nasceu a 9 de novembro de 1670, faleceu em Lisboa a 3 de agosto de 1745. 

Era filho de Fernão Mascarenhas, comendador de Alcácer do Sal e de outras comendas na Ordem de Cristo, e serviu na guerra da Aclamação, sendo coronel dum regimento, com que esteve na batalha do Ameixial; e de sua mulher, D. Antónia de Bourbon.

Os condes de Sandomil pertenciam a uma das mais nobres famílias de Portugal, pois era a mesma dos duques de Aveiro, marqueses de Fronteira, de Gouveia e de Alorna; condes da Torre, de Assumar, de Alva e de Cucolim. Foi do conselho de guerra, governador das armas na província do Alentejo, posto em que tinha servido na guerra de 1704 contra a  Espanha; no posto de general de batalha, depois no de general de artilharia, mestre de campo general dos exércitos, posto em que serviu na Catalunha no exército comandado pelo marquês das Minas, o qual depois comandou, tendo por diversas vezes mostrado prudência e valor, que já havia manifestado em Ceuta, quando ali foi mandado com o terço de infantaria do Algarve para socorrer aquela praça.

Por carta de 12 de março de 1720 o agraciou D. João V com o título de conde de Sandomil. Foi depois nomeado conselheiro de Estado, vice-rei e capitão-general da Índia, para onde  partiu, saindo de Lisboa a 26 de abril de 1732. Não era já na avançada idade de sessenta edois anos, que poderia governar a Índia utilmente no estado em que ela então se encontrava, e na verdade o governo do conde de Sandomil, que durou mais de oito anos, foi desastroso, sem que se lhe possa atribuir a culpa, em grande parte. Encontrou as fortalezas num estado ruinoso, recebia de Portugal, em vez de tropas, grande número de padres missionários, e se queria fazer um recrutamento na Índia, encontrava-se com uma nova dificuldade, a que resultava de serem quase todos naturais leigos e minoristas, porque eram o que faziam, para se esquivarem ao serviço dos terços. Logo no começo do seu governo ponderou o conde de Sandomil a D. João V, em carta datada de Goa a 19 de janeiro de 1734, os inconvenientes de tantos missionários na Índia, mas sem resultado pois que em Lisboa tratava-se somente de ganhar a bem-aventurança eterna, mesmo à custa das glórias da terra. O fanatismo ia desmoralizando o povo, que de contínuo se via ameaçado com a Inquisição. Para remediar os inconvenientes precisava-se dum homem enérgico, e essa energia não podia esperar-se de Pedro de Mascarenhas, que na sua mocidade fora apenas um oficial intrépido. 

O seu governo foi efectivamente desastroso, porque em 1739 se perdeu Baçaim, cidade tão importante que lhe chamavam a corte do Norte; perdeu-se a Ilha de Karanjá, Trapôr, etc. Foi desde então que na costa Norte ficámos só com o que ainda hoje possuímos, Damão e Diu. A invasão dos maratas, que assolaram as terras de Bardez e de Salsete, que puseram Goa em risco de se perder e as vitórias do pirata Angriá que em 1740 destruiu a esquadra portuguesa, completaram a série de infortúnios que assinalaram o governo do conde de Sandomil. As causas principais desses desastres, foi a inércia e desleixo do governo de Lisboa, a falta de energia do vice-rei, a guerra surda que lhe promovia o arcebispo francês, que era um homem intolerável, e as intrigas dos ingleses. A 18 de maio de 1741 entregou o governo ao seu sucessor, o marquês de Louriçal, e a 6 de janeiro de 1742 regressou à Europa, chegando a Lisboa em novembro do mesmo ano.

O conde de Sandomil era casado com D. Margarida Juliana de Távora, já viúva de Francisco Barreto de Menezes, e filha do 2.º conde de S. Miguel, Álvaro José Botelho de Távora. 

Os condes de Sandomil tinham por armas: em campo de púrpura três faxas de ouro; timbre, um leão também de púrpura, armado e lampassado de ouro.

Este governador mandou cunhar 30.000 xerafins de prata em moedas de cruzado, meio cruzado ou tostão para correrem em Moçambique. O seu retrato está na sala do dossel do palácio do governo de Pangim, vestido de armadura com a cruz da Ordem de Cristo pendente no peito, tendo na mão um papel desenrolado, em que se vê uma inscrição acerca da sua nomeação e permanência na Índia.

 

 

 

Pedro Mascarenhas, 1° conde de Sandomil
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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VI, pág. 555.

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Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral