Nasceu
na Baía a 16 de julho de 1756, faleceu no Rio de Janeiro a 20 de agosto
de 1835. Era filho do arquitecto português Henrique da Silva Lisboa
e de Helena Nunes de Jesus.
Estudou
preparatórios na sua pátria, os quais concluiu em Lisboa; foi
frequentar na Universidade de Coimbra os cursos jurídico e filosófico
em 1774, formando-se na citada faculdade no ano de 1778, sendo nesse
ano nomeado substituto das cadeiras de grego e de hebraico, do Colégio
das Artes de Coimbra. Ainda em 1778 foi nomeado professor de
filosofia nacional e moral, para a cidade da Baía, cuja cadeira
regeu 19 anos, e a da língua grega por 5. Em 1797 voltou a
Portugal, e nesse ano obteve a sua jubilação e a nomeação para o
Iugar de deputado e secretário da Mesa da Inspecção da Baía,
para onde novamente partiu, tomando posse do seu cargo em 1798,
conservando-se naquele exercício até 1808. Quando o príncipe
regente, na sua retirada de Lisboa em 1807, chegou à Baía, ordenou
a Silva Lisboa que o acompanhasse para o Rio de Janeiro, e viesse
auxiliá-lo a levantar o império brasileiro. Distinguido desta
forma pelo príncipe, chegou ao Rio de Janeiro a 7 de março de
1808, e logo em abril seguinte foi nomeado, desembargador da Mesa do
Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens. Em agosto do mesmo
ano, deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e
Navegação do Estado do Brasil; em 1809 foi incumbido de organizar
um código de comércio; em 1810 recebeu a mercê do hábito de
Cristo; em 1815 foi encarregado especialmente do exame das obras
para a impressão; em 1821, foi incluído na lista dos membros da
junta de cortes para o exame das leis constitucionais discutidas então
em Lisboa, e seguidamente inspector-geral dos estabelecimentos literários
e director dos estudos. Silva Lisboa tentou primeiro reconciliar
Portugal e o Brasil, e impedir a separação, e para isso fundou um
jornal, O Reconciliador do Reino Unido,
mas quando toda a esperança de conciliação desapareceu,
quando o príncipe D. Pedro se pôs à frente do movimento
revolucionário, José da Silva Lisboa não hesitou um momento, e
principiou a combater com energia pela independência do seu país
natal, escrevendo, entre outras obras, uma intitulada As Reclamações,
que produziu grande efeito. Depois da independência declarada,
continuou a exercer cargos elevados, recebendo diversas distinções
honoríficas, e a mercê do título de visconde de Cairu.
Em
1801 publicou em Lisboa a sua primeira obra, Curso
de direito mercantil, mas em 1804 é que publicou a sua obra
capital, Princípios
de economia política,
que foi o primeiro livro que sobre semelhante assunto se
escrevia em português, e que era inspirado nos princípios da nova
ciência, fundada por Adam Smith. De 1801 a 1808 também publicou a
sua obra importante, em sete volumes, Princípios
de Direito mercantil e leis de marinha, etc. No Rio de Janeiro
publicou em 1808, as Observações
sobre o comércio
franco no Brasil, 3 partes em 2 volumes. São muitos os seus
trabalhos escritos e publicados em Lisboa, Rio de Janeiro e Baía,
tanto antes como depois de se declarar a independência do Brasil.