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Silveira
(Fernão
da).
n.
f. 8
de
setembro
de 1489.
Escrivão
da puridade de D. João II.
Era
filho de João Fernandes da Silveira. Foi um dos poetas palacianos
mais apreciados pela graça das suas sátiras, que figuram no Cancioneiro
de Garcia de Resende. Fernão da Silveira, por motivos que não
estão bem averiguados, porque os cronistas não são conformes
neste caso, tornou-se inimigo de D. João II, e entrou na conspiração
do duque de Viseu, e quando esta se descobriu, escondeu-se em Setúbal
na casa dum velho escudeiro de seu pai, chamado João Pegas. Depois
de buscas minuciosas, não se encontrando o criminoso, supuseram
que, efectivamente, não estaria ali escondido, mas continuaram
convencidos de que João Pegas sabia do paradeiro do filho de seu
amo; mas nem promessas nem ameaças o puderam resolver a trai-lo.
Fernão da Silveira estava escondido dentro duma cova tapada por uma
arca sem fundo, e como João Pegas deitava muito naturalmente comestíveis
para dentro da arca, assim ia sustentando Fernão da Silveira, sem
ninguém o suspeitar; mas uma escrava negra, ouvindo uma vez gemidos
vindos de dentro da arca, foi muito assustada avisar o amo e este,
receando alguma indiscrição, atirou a escrava a um poço, quando
ela estava a tirar água.
Só
passados meses é que Fernão da Silveira pôde escapar-se para
Espanha, graças ao auxílio dum mercador de Sevilha. O rei, furioso
ao saber que o criminoso fora muito bem acolhido na corte dos reis
católicos, e era muito bem tratado, porque de mais a mais
encontrara ali um grande amigo de seu pai, o conde de Benavente,
pediu a sua extradição. Receando que ela viesse a ser concedida,
Fernão da Silveira fugiu para França, mas aí também o perseguiu
a cólera implacável de D. João II, que assalariou um assassino
para o matar. Esse assassino foi um emigrado catalão, o conde de
Palhais, que efectivamente matou Fernão da Silveira nas ruas de
Avignon a 8 de setembro de 1489. Luís XI, indignado; mandou
castigar o conde de Palhais, mas D. João II intercedeu, e o castigo
foi menos severo do que devia ser. Fernão da Silveira era casado
com D. Brites de Sousa, e foi pai de João da Silveira, que também
foi poeta apreciado.
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