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Sousa
(D. António Caetano de).
n.
30 de maio
de 1674.
f. 5 de julho de 1759.
Clérigo
regular teatino, um dos cinquenta primeiros académicos da Academia Real de
História Portuguesa, escritor muito considerado, etc.
Nasceu
em Lisboa a 30 de maio de 1674, onde também faleceu a 5 de julho de
1759. Era filho de Miguel de Sousa Ferreira e de D. Maria Craesbeck.
Em
1690 vestiu o hábito no convento dos Caetanos, de Lisboa, e nele
professou em 1691. Depois de cursar os estudos filosóficos e genealógicos,
entregou-se ardentemente aos estudos da história eclesiástica e
civil, e lendo o Agiologio
Lusitano, de Jorge Cardoso, escrito até ao terceiro tomo, resolveu
continuá-lo. Para isso empenhou-se em revolver documentos o em
procurar notícias com enorme fadiga e incansável zelo. Como, porém,
encontrasse muitas dificuldades, o que muito o desanimou, estava
resolvido a abandonar esse trabalho, quando ficou agradavelmente
surpreendido, recebendo do D. João V uma pensão de 100$000 réis
por ano, para poder ter um secretário que o ajudasse. Precisando pôr
algum método no seu trabalho, tratou de fazer o que então se
chamava o Apparato, quer
dizer o catalogo das obras que deviam servir ao seu estudo.
Encontrou, porém, que todo o pecúlio das obras que Jorge Cardoso
juntara para o seu Agiologio, estava em parte disperso, mas
em outra parte se conservava na livraria da casa de Arronches, não
conseguindo, contudo, que esses manuscritos lhe fossem franqueados,
nem sequer por empréstimo, apesar da protecção que o rei lhe concedia. D. António Caetano de
Sousa
escreveu uma larga notícia do método que seguiu na continuação
do Agiologio, de que afinal
só veio a publicar-se um volume, o quarto, e dessa notícia fez também
um largo extracto, o seu biógrafo D. Tomás Caetano do Bem, a quem
ele a deixou por sua morte. O volume tem o título: Agiologio
Lusitano dos santos e varões ilustres em virtude do Reino de
Portugal e suas conquistas, tomo IV, que compreende os meses de julho e agosto e com seus
comentários, Lisboa, 1774. Quando
em 1720 se fundou em Lisboa a Academia Real de História Portuguesa,
o nome de D. António Caetano de Sousa não foi esquecido, sendo ele
um dos seus primeiros membros. Foi encarregado de escrever as Memórias
eclesiásticas dos bispados ultramarinos, incluindo os de Ceuta e de
Tânger, até ao tempo em que essas cidades deixaram de pertencer ao
domínio português. Logo na sessão de 18 de março de 1721
apresentou D. António Caetano de Sousa o seu catálogo dos
arcebispos de Goa, e ao mesmo tempo um catálogo dos bispos de
Miranda que ofereceu ao padre Fernando de Abreu, que estava
encarregado de escrever as memórias desse bispado e como o Padre
Manuel de Campos pedira aos seus sócios certas notícias geográficas,
deu-lhas logo P. D. António Caetano de Sousa, que, pelo
vastíssimo estudo a que fora compelido pelo trabalho do Agiologio,
estava habilitadíssimo para responder a essas perguntas. Na sessão
de ... de abril apresentava o Catálogo dos arcebispos Baía e dos
bispos de Cabo Verde. Tendo-lhe feito alguns reparos o Dr.
Manuel Pereira da Silva, D. António Caetano de Sousa respondeu com
vastíssima erudição que realmente possuía. São valiosas sempre
se contas dos seus estudos académicos, em que dá minuciosa conta
dos trabalhos que estava empreendendo. À medida que ia extraindo o
catálogo dos prelados das diferentes dioceses, ia-os imprimindo; mas a sua obra não caminhava com rapidez, pela
dificuldade de obter directamente das igrejas cuja história tinha
de escrever, os subsídios que solicitava e que julgava indispensáveis.
Em 1723 mandou D. António à Academia
uma árvore genealógica da Casa Real, que lhe fora enviada pelo
bispo de Sarsina, afim de que a academia desse o seu parecer. Foram
nomeados para isso os académicos D. António Caetano de Sousa e D.
Luís Caetano de Sousa, mas D. António foi quem verdadeiramente se
encarregou desse trabalho, dizendo que achara essa árvore genealógica
tão escassa, que tivera de fazer outra, porque o bispo de Sarsina
nem ao menos parecia ter conhecimento da obra de Jacob Guilherme
Inchoff, que em 1708 se imprimiu em Amsterdão, intitulada Stemma
regium Lusitaniorum seu Historia Genealogica Familiae Regiae
Portugalliae, entregou à Academia essa obra da sua composição.
Em todas as sessões dava conta do progresso que fazia nos seus
estudos acerca da história das províncias ultramarinas, mas na
sessão de 25 de janeiro de 1725 teve de confessar que parara esse
trabalho por lhe faltarem algumas notícias importantes que esperava
do ultramar, e que entretanto se aplicara a outro estudo, de que ia
dar conta.
Dos
trabalhos de D. António Caetano de Sousa sobressai a História
Genealógica da Casa Real, obra grandiosa e monumental. A
primeira ...ia do seu erudito autor foi fazer simplesmente trinta e
sete mapas
genealógicos, e essa ideia realizou-se efectivamente pedindo
até que fossem reduzidos a um pequeno volume para uso dos seus
colegas. Soube, porém, que a ideia agradara a D. João V, e largou
todos os trabalhos para se ocupar exclusivamente da História
Genealógica, que
primeiro devia ter apenas três volumes, e um de documentos. Mas afinal
a obra foi crescendo de forma, que subiu a treze volumes de
texto com 14.203 páginas, e seis de Provas, com 4.580, e um índice
com 435. Saiu o primeiro volume em 1735 e o último em 1749, sendo a
obra muito elogiada pelos próprios jornais estrangeiros, sem
exceptuar o Journal de Trévous que lhe fez, contudo, alguns
reparos, a que D. António respondeu numa carta em francês enviada
ao mesmo jornal. A obra foi dedicada ao rei D. João V, e por este
mandada imprimir à sua custa com todo o luxo. Conquanto pareça
pelo título pertencer só à Casa Real, pode ser verdadeiramente
considerada uma história geral do reino, pois que nas suas vastas
dimensões abrange variadíssimos assuntos, mais ou menos enlaçados
com a genealogia e acções da família real desde o princípio da
monarquia. Quanto às Provas, cujos seis volumes se publicaram
de 1739 a 1748, encerram documentos que são de subida importância
para a história política, civil e eclesiástica do reino, alguns
dos quais se procurariam hoje inutilmente em outra parte por se
haverem extraviado, ou consumido com o incêndio subsequente ao
terramoto de 1755, os originais donde foram trasladados, entrando
nesse número todos os do Arquivo da Casa de Bragança; contêm
igualmente espécies de grande valor para os estudiosos da língua
portuguesa, e da história literária do país. O Índice
publicou-se em
1749, com o título: Índice
geral dos apelidos, nomes
próprios, e
coisas
notáveis
que se compreendem
nos treze tomos da História
Genealógica, e dos
documentos compreendidos
nos seis volumes das Provas com que se
acha autorizada
a mesma História.
Os
largos estudos que fizera para escrever a sua obra capital, o
habilitaram a publicar outra, com o titulo de Memórias históricas
e genealógicas
dos Grandes de Portugal, que saiu em
1739, fazendo-se mais edições em 1742 e 1755. Esta última foi
muito aumentada e consideravelmente corrigida pelo autor. D. João
V, além da pensão de 100$000 réis que mandara dar a D. António
Caetano de Sousa, logo que este se consagrou a escrever a continuação
do Agiologio, começado por Jorge Cardoso, o nomeou deputado
da Junta da Cruzada e deu o foro de fidalgo a seu sobrinho. Depois,
o monarca aposentou-o no lugar de deputado da Junta da Bula com o
ordenado de 350$000 réis, deu 100$000 réis de pensão pelas
capelas que vagassem a seu sobrinho, e 12$000 réis de tença a seu
segundo sobrinho. Além das obras citadas, contam-se as seguintes: Catálogo
dos bispos da igreja
do Funchal; saiu no tomo I da Colecção
dos Documentos e Memórias da Academia Real de
História;
Catálogo dos arcebispos da Bahia e mais bispos seus sufragâneos; saiu
no mesmo tomo. No tomo II, da mesma Colecção
se imprimiram: Catálogo
dos arcebispos de
Goa, e dos bispos de Cochim, Meliapor, China, Japão,
Macau,
Nanquim, Malaca,
patriarcas
da
Etiópia, arcebispos de
Cranganor e Serra; Catalogo dos bispos de Cabo Verde, S.
Tomé
e
Angola; Catálogo dos bispos de Angra;
Série dos reis de Portugal,
reduzida a tábuas
genealógicas, com uma breve noticia
histórica,
etc., Lisboa, 1743. Deixou manuscritas outras memórias históricas.
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Historiografia de D. António Caetano de Sousa
O Portal da História
Genealogia de D. António Caetano de Sousa
Geneall.pt
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