n. 2 de março de 1809.
f. 24 de fevereiro de 1872.
Doutor
em cânones e lente de direito na Universidade de Coimbra, arcebispo
de Mitilene, sócio efectivo da Academia Real das Ciências, sócio
honorário do Instituto de Coimbra, etc.
Nasceu
em Vila Pouca de Aguiar a 2 de março de 1809, onde também faleceu
a 24 de fevereiro de 1872. Era filho de Leonardo José de Sousa
Magalhães.
Seguindo
a carreira eclesiástica tomou ordens de presbítero secular e
frequentando a Universidade de Coimbra, recebeu o grau de doutor em
cânones a 23 de julho de 1837. Despachado lente daquele
estabelecimento científico, da faculdade de direito, regeu a
cadeira de direito comercial, e dessa doutrina escreveu um compêndio,
que ficou inédito, mas que era considerado excelente pelos que
tiveram ocasião de o ver. Eleito sócio efectivo da Academia Real
das Ciências a 14 de abril de 1853, foi logo em seguida escolhido
para vice presidente, e nessa qualidade pronunciou um discurso na
sessão publica de 15 de julho de 1854, um discurso que foi inserto
na parte 1.ª do tomo I, das Memórias
da Academia, 2.ª classe, 1851.
Tendo
sido anteriormente nomeado coadjutor e vigário geral do patriarcado
de Lisboa, sendo prelado o cardeal D. Guilherme, recebendo com a
coadjutória o título de arcebispo in
partibus de Mitilene, publicou em 1856 um folheto com o título
de Extracto do processo da
ordenação do familiar de Sua Eminência,
Ricardo Nunes Soares, com algumas observações e documentos, e
que foi reimpresso em 2.ª edição, com o título de Longa
cadeia de delitos
eclesiásticos,
etc. A publicação deste folheto, em que o autor denunciava irregularidades
que ele não deveria apontar sem antes pedir a exoneração do
cargo, deu lugar a que o patriarca D. Guilherme o suspendesse do
exercício das funções de vigário geral, e a que D. Domingos
recorresse para a coroa, levantando-se assim prolongada e renhida
polémica, em que o direito de suspensão foi com grande energia
impugnado e defendido. Eram advogados do arcebispo Abel Maria Jordão
e Levi Maria Jordão, mais tarde visconde de Paiva Manso; e do
patriarca era advogado o Dr. Cicouro, entrando ainda na contenda,
por parte do arcebispo o padre Francisco Recreio, e por parte do
patriarca o cónego João de Deus Antunes Pinto. A questão foi
acerba e muito falada. No Dicionário Bibliográfico, vol II,
pag. 189 e 190, vem a nota de tudo quanto se publicou a esse
respeito. D. Domingos empenhou se com tanto calor na luta, que as
suas vigorosas faculdades intelectuais não resistiram à incessante
contenda e à profunda impressão que recebera. O patriarca morreu
em 1857, e o arcebispo poucos meses depois, enlouqueceu, tendo
apenas quarenta e oito anos de idade, e foi levado em 1858 para casa
da sua família em Vila Pouca de Aguiar, onde passou o resto dos
seus dias.