|
|
|
Valente (António Lopes dos Santos).
n. 4
de dezembro de 1839.
f. 11 de abril de 1896.
Bacharel formado em direito pela
Universidade de Coimbra, escritor, etc. Nasceu na Sertã a 4 de
dezembro de 1839, faleceu em Lisboa a 11 de abril de 1896.
Muito novo ainda matriculou-se na
universidade no ano letivo de 1858-1859, onde fez um curso
brilhantíssimo, terminando a sua formatura em 1863. Pouco depois
foi nomeado administrador do concelho de Vila de Rei, cargo que
exerceu com singular retidão e cordura. A sua carreira
administrativa não foi longa, pois passados alguns anos veio para
Lisboa, onde concorreu a um lugar de amanuense na secretaria da
justiça, e ali faleceu, no fim de bastantes anos, no lugar de 2.°
oficial, embora as suas faculdades excecionais de erudito lhe dessem
direito a um lugar muito superior.
Pouco antes da sua morte, foi
condecorado com a ordem de Santiago. Santos Valente logo nos
primeiros meses do seu primeiro ano de direito se tornou conhecido
na academia como abalizado latinista, por causa de uma célebre
dissertação escrita em latim de Cícero, como a qualificou na aula
o dr. Pais, lente da cadeira de enciclopédia jurídica e de
história de direito pátrio. Daí lhe veio ser ele durante algum
tempo conhecido em Coimbra pelo Cícero.
Profundamente versado nesta língua,
compunha com a maior facilidade, tanto em prosa como em verso; e
desses estudos ficou um magnífico volume, feito na Imprensa
Nacional, a que ele pôs o título de Carmina. Não lhe era
menos familiar a língua grega, da qual foi professor particular.
Tinha também muita predileção pela língua italiana, e desde a
mocidade Dante foi sempre um dos seus poetas favoritos. Traduziu
diversos romances e outras obras da moderna literatura da Itália,
editadas sem o nome do tradutor pela tipografia Elzeveriana, com a
nota de Tradução autorizada.
A sua obra principal foi o
Dicionário contemporâneo da língua portuguesa, que dizem ser o
melhor que possuímos, sendo todo produto do seu trabalho, exceto o
prefácio da introdução, que é do professor Caldas Aulete.
Estando ainda em Coimbra publicou, durante a sua formatura, um
volume de versos, intitulado Primícias, que foi muito
apreciado por todos os cultores da língua latina e da língua
portuguesa, que ele conhecia a fundo. Na sua mocidade escreveu ainda
versos latinos e portugueses de muito apreço, que andam dispersos
pelos jornais e revistas literárias do tempo, ficando outros
inéditos. Era amigo íntimo de João de Deus e de Antero de
Quental, e grande foi o seu desgosto pela morte destes dois poetas.
A câmara municipal da Sertã, para exaltar a memória do seu
ilustre nome, deliberou que a rua onde está a casa em que ele
nasceu ficasse sendo chamada rua do dr. Santos Valente.
As ruas da Sertã: Rua Dr. Santos Valente Sertã: Princesa da Beira
|
|
|
|
|