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Vandelli (Domingos).
n. 1730.
f. 27 de junho de 1816.
Medico e distinto botânico italiano,
um dos professores mandados vir pelo marquês de Pombal para a
Universidade de Coimbra, quando se deu a sua reforma em 1772. Nasceu
em Pádua, segundo se julga, em 1730, faleceu em Lisboa a 27 de
junho de 1816. Era filho do dr. em medicina Jerónimo Vandelli,
lente da Universidade de Pádua.
Frequentou esta universidade, onde se
doutorou em filosofia. Convidado pelo marquês de Pombal para
professor das duas cadeiras de Historia Natural e de Química da
nova faculdade, instituída em 1772, veio exercer o magistério para
Coimbra, onde o próprio marquês o graduou gratuitamente nas
faculdades de filosofia a 9 e de medicina a 12 de outubro do mesmo
ano. Naturalista distinto, desempenhou o professorado com muita
superioridade, e mereceu grandes elogios e considerações do
governo e não menos veneração dos seus discípulos. Prestou
grandes serviços a Portugal no ensino das ciências de que estava
encarregado, especialmente no laboratório de química. Doou ao
museu importantes coleções de história natural.
Fundou em Coimbra uma fábrica de
louça, cujos produtos tanto se distinguiam pela sua perfeição que
lhes chamavam Louça de Vandelli. Dirigiu os primeiros trabalhos do
Jardim Botânico da universidade, e foi o primeiro diretor do Jardim
Botânico da Ajuda em Lisboa. Quando desempenhava esta ultima
comissão, no tempo da invasão francesa, houve quem o acusasse de
suspeito de afrancesado; e em 1810, apesar dos seus oitenta anos e
das enfermidades próprias de tão longa vida, foi com outros
incluído na denominada Setembrisada e deportado para bordo
da fragata Amazona, para nela seguir viagem para a ilha
Terceira com os seus companheiros de infortúnio. Concederam-lho,
porém, a transferência para Inglaterra, onde teve de se demorar
até à paz geral. Regressando a Portugal em 1815, ainda viveu algum
tempo em Lisboa, onde faleceu.
O dr. Vandelii mantinha relações
com muitos sábios estrangeiros, e particularmente com o celebre
Lineu, com quem frequentes vezes se correspondia. Foi comendador da
Ordem de Cristo, lente jubilado da Universidade de Coimbra, deputado
da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação,
diretor do Jardim Botânico da Ajuda, sócio da Academia Real das
Ciências, e das academias de Uppsala, Lusácia, Pádua, Florença,
etc. Foram numerosas as obras que escreveu em português e latim,
sendo umas publicadas nas coleções da Academia, outras em
separado, ficando algumas manuscritas no poder de seus filhos,
segundo consta.
Bibliografia:
Dissertatio de arbore Draconis,seu
Dracoena. Accessit dissertatio de studio Historiae Naturalis
necessário em Medicina, o Economia, Agricultura Artibus et
Commercio, Olissipone, 1768; Fasciculus Plantarum cum novis
gentribus et spe ciebus, idem, 1771; com quatro estampas; Memória
sobre a utilidade dos Jardins Botânicos, Lisboa, 1770; Dicionário
dos termos técnicos de Historia Natural, extraídos das obras de
Lineu, com sua explicação e estampas abertas em cobre, para
facilitar a inteligência dos mesmos, Coimbra, 1788; com vinte e
duas estampas gravadas em chapas de metal; Veridiarium Grisley
Lusitanium, Linnoeanis nominibus illustratum. Jussu cademiae in
lucem editum, Olissipone, 1789; Florae Lusitaniae et
Brasiliensis Specimen. Et Epistolae ab erudi tis viris Carolo a
Linné, Antonio de Haen ad Dom. Vandelii escriplae; Conimbricae,
1788; com cinco estampas; "De Vulcano Olissiponensi et montis
Erminii", no tomo 1, das Memórias da Academia, pág.
1797. Nas Memórias Económicas da Academia, que foram ao
princípio colecionadas em separado, no formato de quarto, vem dele
as seguintes: "Memória sobre a ferrugem das oliveiras",
no tomo 1; "Memória sobre a agricultura deste reino e das
conquistas", no mesmo tomo; "Memórias sobre algumas
produções naturais deste reino", idem; "Memória sobre
algumas produções naturais das conquistas", idem;
"Memória sobre as produções naturais do reino e das
conquistas, primeiras matérias de diferentes fabricas e manufaturas",
idem; "Memória sobre a preferência que em Portugal se deve
dar à agricultura sobre as fábricas", idem; "Memória
sobre várias misturas de matérias vegetais na fatura dos
chapéus", no tomo II; "Memória sobre o modo de
aproveitar o carvão de pedra e paus betuminosos", no mesmo
tomo; "Memória sobre o encanamento do rio Mondego", no
tomo III; "Memória sobre as Águas Livres", no mesmo
tomo; "Memória sobre o sal-gema das ilhas de Cabo Verde",
no tomo IV. Antes de vir para Portugal publicou em línguas
estrangeiras algumas obras em Itália.
Domingos Vandelli (1735-1816) Ciência em Portugal - Personagens
e episódios Instituto Camões
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