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Vasconcelos (Francisco Botelho de
Morais e).
n. 1670.
f. 1747.
Poeta natural de Moncorvo, onde
nasceu cm 1670, e faleceu em Salamanca em 1747.
Sendo muito novo ainda foi viver para
Espanha na companhia de um tio, e a viveza do seu espirito e os
conhecimentos, que rapidamente adquiriu, conquistaram-lhe a estima e
proteção de alguns grandes de Espanha, entre os quais se contavam
o duque de Alba, duque dos Arcos e o almirante Cabrera. Rebentando a
guerra da sucessão naquele país, Francisco Botelho viu-se obrigado
a regressar a Portugal, sob pena de se desnacionalizar. Foi muito
bem acolhido em Portugal, onde já era bastante conhecido pelo seu
poema O Afonso, e onde tinha parentes de alta hierarquia,
principalmente em Trás-os-Montes. Quando em 1711 o marquês de
Abrantes foi como embaixador a Roma, escolheu para seu secretário
Francisco Botelho, que nessa cidade foi estimadíssimo pelo seu
engenho, e sobretudo pelo seu fino e às vezes mordente espirito.
Tendo recebido a notícia da morte do pai, voltou à sua terra para
receber a herança paterna, e entregou-se então a rever e corrigir
os seus poemas mais notáveis. Farto de viver nas serranias de
Trás-os-Montes, mas não querendo afastar- se muito das suas terras
e propriedades, foi residir para Salamanca, e ali se conservou até
falecer.
Os trabalhos deste poeta tão
aplaudido no seu tempo, são os seguintes: El Nuevo mundo, poema
heroico, com as alegorias de D. Pedro de Castro, cavaleiro andaluz,
Barcelona, 1701; consta de dez cantos, sendo o assunto o
descobrimento da América por Cristóvão Colombo; El Alfonso del
cavallero Don Francisco Botello de Moraes y Vasconcellos, dedicada a
la Majestad de Don Juan el V rey de Portugal, etc., Paris, 1711;
e a 2.ª edição foi feita em Salamanca em 1731, com o título El
Alfonso, de la fundacion del reyno de Portugal, assegurada y
perfecta en la conquista de Lysboa; poema epico; dirigele su author
a la presencia de la sereníssima Dona Maria, princeza de las
Asturias, etc.; a 3.ª também foi feita em Salamanca, em 1737;
tem o título igual ao da 2.ª, mas traz no fim uma sátira em
latim, que não vem nas outras edições; o poema que na 1.ª
edição constava de doze cantos, ficou depois reduzido a dez,
havendo igualmente outras alterações notáveis, que fazem com que
as três edições defiram consideravelmente umas das outras. Parece
que ainda houve outra, feita em Luca em 1716, mas que ficou
incompleta. Ainda escreveu mais: Historia de las cuevas de
Salamanca, Salamanca, 1734. Escreveu ainda o Panegírico
historial da família de Sousa, várias poesias latinas em
louvor de reis e de santos, etc. Depois da sua morte, publicou-se em
Lisboa, 1752, escrito em português: Discurso político,
histórico e crítico, que, em forma de carta escreveu a certo
amigo, passando deste reino para o de Espanha sobre alguns abusos
que notou em Portugal.
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