Velasco Gouveia (Francisco).

n.      c- 1580-
f.       1659.

Doutor e lente da faculdade de cânones pela Universidade de Coimbra, arcediago de Vila Nova da Cerveira no bispado de Braga, desembargador agravista da Casa da Suplicação, etc. Nasceu em Lisboa na segunda metade do século 16, onde também faleceu em 1659, com mais de 79 anos de idade. 

Era filho do célebre jurisconsulto Álvaro Valasco. Estudando na Universidade o curso canónico, recebeu o grau de doutor, e depois foi lente desde 1607 até 1633. Deixando então o magistério, foi desembargador da Casa da Suplicação e dos agravos. Segundo se lê a pág. 1074 do Portugal Convenzida, de D. Nicolas Fernandez de Castro, o dr. Valasco de Gouveia foi preso pela Inquisição em 1636, e saiu reconciliado no auto da fé por culpas de judaísmo. O Dicionário Bibliográfico, no Suplemento, vol. IX, a pág. 383, diz que há engano na data, porque o dr. Valasco de Gouveia saiu penitenciado pela Inquisição no auto da fé celebrado em Coimbra a 17 de agosto de 1631. 

Bibliografia: 

Justa aclamação do sereníssimo rei de Portugal D João IV: Tratado analítico dividido em três partes: Ordenado e divulgado em nome do mesmo reino, em justificação de suas ações, Lisboa, 1644; esta obra saiu também traduzida em latim pelo próprio autor, e se imprimiu em Lisboa, 1616; do original português fez-se segunda edição correta, em Lisboa, 1646. Escreveu várias alegações em diferentes causas importantes que no seu tempo se debateram. No Memorial do geral da ordem de Cristo, e no tomo III das Decisões (em latim) de Manuel da Fonseca Temudo, saíram algumas obras deste escritor. Deixou outras manuscritas, que menciona a Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado. Em castelhano compôs também a seguinte: Perfidia de Alemania y de Castilla en la prision, entrega, accusacion y processo dei sereníssimo infante de Portugal D. Duarte. Fidelidad de los portuguezes en la acclamacion de su legitimo rey, el muy alto y muy poderoso Don Juan, quarto d’este nombre, contra los pretensos derechos de la corona castelhana, Lisboa, 1652. Neste livro tratou o autor de confutar o que sobre a matéria escrevera D. Nicolas Fernandez de Castro, no seu Portugal convencida con la razon venzida con las armas, etc., impresso em Milão, 1648.