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Vidigueira
(Francisco
da Gama, 4.° conde da).
n. 1565.
f. julho de 1632.
Vice-rei
da Índia.
Nasceu
em 1565, sendo filho do 3.º conde da Vidigueira, D. Vasco da Gama,
e de sua mulher D. Maria de Ataíde.
Acompanhou
seu pai à jornada de África, tão fatalmente dirigida pelo rei D.
Sebastião, e apesar de ter apenas treze anos de idade,
ali combateu ao lado de seu pai, que foi morto, ficando ele
prisioneiro. Depois
de resgatado, D. Francisco da Gama voltou a Portugal a 2 de dezembro
de 1595, e foi nomeado vice-rei da Índia, para suceder a Matias de
Albuquerque. A 10 de abril de 1596 saiu de Lisboa, arribou a Mombaça
e chegou a Goa, capital da Índia Portuguesa, a 22 de maio de 1597.
Começou a governar em deploráveis condições, pois que não tinha
dinheiro nem navios. Ameaçavam-no pelo sul os ingleses, e os mongóis
pelo norte. A corrupção era espantosa entre os portugueses, e os
abusos corroíam tudo. D. Francisco da Gama tentou fazer reformas, e
isso criou-lhe graves indisposições. Acusaram-no, caluniaram-no,
mas é certo que ele conseguiu levantar por empréstimo, somas
avultadas, com que preparou esquadras para resistir aos ingleses,
para derrotarem os piratas indianos, quando as comandava André
Furtado de Mendonça, e com que defendeu contra os mongóis as
fortalezas do norte. No governo de D. Francisco da Gama houve uma
anexação importantíssima. O último rei de Ceilão, destronado
pelo seu parente Raju, e protegido pelos nossos, que durante o
governo de D. Duarte de Meneses, tinham destroçado o usurpador na
batalha de Paniconda, reconhecido aos portugueses, legara-lhes a
ilha; o usurpador falecera também. D. Jerónimo de Azevedo, capitão
de Colombo, pôde por conseguinte tomar posse indisputadamente desse
riquíssimo domínio Como prenúncios de próximas desgraças,
apareciam no horizonte os navios holandeses.
Em
1600 foi o conde da Vidigueira substituído por Aires de Saldanha,
que apenas chegou a Cochim, ordenou que o conde da Vidigueira
entregasse o governo ao arcebispo. Então desencadearam-se contra o
enérgico, e parece que um pouco despótico, vice-rei, todos os ódios
que ele concitara pela sua severa administração. Acusavam-no de
ter extorquido o dinheiro aos particulares e a corporações
caridosas para levantar empréstimos de que carecera, diziam que
dava os empregos aos seus criados. Diogo de Couto, o austero
historiador, mostra-se grande panegirista deste vice-rei; era também
seu íntimo amigo, o que atenua um pouco, é certo, o valor dos
elogios. Contudo, parece incontestável que a administração do
conde da Vidigueira foi sobretudo enérgica e repressora dos abusos.
Quando saiu, o povo insultou-o, e como ele levantara a estátua do
seu bisavô, o grande Vasco da Gama, no arco dos vice-reis, para
mais amargurar a saída do conde, não duvidaram apeá-la.
Em
1622 foi nomeado novamente governador da Índia, também com o título
de vice-rei. Não foi menos feliz neste segundo governo do que no
primeiro, mas também não suscitou menos animosidades. Mais bem
sucedidos desta vez, os seus inimigos conseguiram que da corte, em
1628, fosse ordem para lhe ser sequestrada toda a sua fazenda por
culpas graves, dizia-se, e culpas de administração que, afinal,
nunca se provaram. O certo é, que durante este segundo governo do
conde da Vidigueira, foram sempre felizes as armas portuguesas, graças
aos heróicos esforços de Rui Freire de Andrade e de Nuno Álvares
Botelho, infligindo principalmente aos holandeses sérias derrotas.
Malaca defendeu-se brilhantemente contra o sultão de Achem. No
primeiro governo tinham-se empreendido algumas edificações
importantes como a do palácio dos vice-reis; durante o segundo,
construiu-se a fortaleza de Mormugão, a fábrica da pólvora, um
belo forte em Damão, etc. Recebendo ordem para entregar o governo
ao bispo de Cochim, e vendo os seus bens tão severamente
sequestrados, que nem os seus papéis particulares que deviam servir
para a sua defesa, lhe quiseram entregar, D. Francisco da Gama
partiu para a Europa, e pouco tempo sobreviveu a esta sua exautoração.
Morreu em Julho de 1632 em Oropesa, quando em jornada para Madrid,
onde ia provavelmente justificar-se. Os seus ossos foram trasladados
em 1636 para a igreja do convento das Relíquias, junto da vila da
Vidigueira.
D.
Francisco da Gama era casado com D. Leonor Coutinho de Távora,
filha de Rui Lorena de Távora, senhora muito dedicada às letras.
Barbosa Machado lhe atribui um romance de cavalaria, que trata muito
das façanhas de D. Belindo. Inocêncio Francisco da Silva supõe
que essa obra seja uma de que existe o manuscrito em Setúbal,
intitulada: Crónica do imperador Beliandro, em que se dá conta
das obras maravilhosas, e das gloriosas façanhas que no seu tempo
obrou o príncipe Bélifloro seu filho, e de Belindo, príncipe de
Portugal e outros muitos cavaleiros.
GAMA,
D. Francisco da (1565-1632)
Enciclopédia virtual da Expansão Portuguesa
Francisco da Gama, 4º conde da Vidigueira, vice-rei da Índia Genealogy (Geni.com)
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