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D. José Luís de Sousa Botelho, 1.º conde de Vila Real
D. José Luís de Sousa Botelho, 1.º conde de Vila Real

 

Vila Real (D. José Luís de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, 1.º conde de).

 

n.      9 de fevereiro de 1785.
f.       26 de setembro de 1855.

 

Senhor dos morgados de Mateus, Cumeeira, Sabrosa, Arroios, Moraleiros e Fontelas, tenente-general, par do Reino, conselheiro de Estado, diplomata, grã-cruz da Ordem de Avis e comendador da Torre e Espada; grã-cruz de Carlos III de Espanha, de Leopoldo da Áustria, de Sant’Ana da Rússia, comendador de S. Luís, em França; condecorado com a cruz de ouro das campanhas da Guerra Peninsular, etc. 

Nasceu em Lisboa a 9 de fevereiro de 1785, faleceu em S. Petersburgo a 26 de setembro de 1855. Era filho do célebre morgado Mateus, e de sua primeira mulher, D. Maria Teresa de Noronha (V. Vasconcelos, José. Maria de Sousa Botelho Mourão e). 

Fez os seus estudos preparatórios no país, e depois matriculou-se na Universidade de Goettingen, onde se formou. Destinado por seu pai à advocacia, preferiu a carreira das armas e aos dezassete anos, em 3 de abril de 1802, assentou praça no Regimento de Cavalaria de Alcântara, que depois foi o Regimento de Cavalaria n.º 1, chegou ao posto de tenente, e demitiu-se quando, por ocasião da invasão francesa, Junot organizou a seu talante o exercito português para o mandar servir em França. Apenas, porém, rebentou em Trás-os-Montes a revolução contra o domínio estrangeiro, D. José Luís de Sousa foi logo apresentar-se e fez a campanha de 1808. Em 1809 foi ajudante de campo de Beresford, que o apreciava muitíssimo pela sua vasta cultura mental e pelo seu perfeito conhecimento de varias línguas, e com tanta distinção se portou nos campos de batalha, que em 1813 era tenente-coronel. Em 1814 foi nomeado conselheiro de embaixada em Londres, conseguindo seu pai, finalmente levá-lo para a carreira diplomática, mas Beresford não o tirou do quadro, e quando lhe coube o posto de coronel deu-lhe o comando do Regimento de Cavalaria n.º 10, ficando a fazer as suas vezes, enquanto não voltava para as suas fileiras, um coronel agregado. 

No mesmo ano da 1814 foi nomeado ministro plenipotenciário na corte de Madrid, onde prestou valiosos serviços durante o período critico de 1814 a 1820, e neste ultimo ano, tendo sido chamado o marquês de Palmela, ministro de Portugal em Londres, para ir como ministro dos negócios estrangeiros para o Rio de Janeiro, D. José Luís de Sousa foi nomeado para o substituir. Embarcou para Lisboa para seguir depois para Londres, e ao chegar à capital, deparou-se-lhe triunfante a revolução, que não viu com simpatia, talvez que por ter sido um golpe formidável vibrado contra a tutela inglesa e, sobretudo, contra o despotismo odioso do seu grande amigo Beresford. Considerando-se, porém, representante do legitimo soberano, nem por isso deixou de seguir para Londres a ocupar o lugar para que tinha sido nomeado, e do qual foi demitido em 1821. Regressou então a Lisboa, e passou a residir na sua casa de Mateus, onde vivia quando rebentou a contra-revolução de 1823. Aderiu prontamente a ela, e em paga recebeu depois de D. João VI o titulo de conde de Vila Real, por decreto de 3 de julho desse ano, o despacho, de brigadeiro e a nomeação de ministro de Portugal em Londres, cargo que exerceu até 1825. Em 1826 tomou assento na Câmara dos Pares do Reino, e foi encarregado pela infanta D. Isabel Maria de ir buscar a Viena de Áustria o infante D. Miguel. Depois, quando o infante deu o golpe de Estado, em 1828, aceitou a pasta de ministro da Guerra, mas pouco tempo depois resignava-a ao ver o caminho que os acontecimentos tomavam. O seu espírito não propendia para o absolutismo, contra o qual trabalhara diplomaticamente tempos antes na corte de Madrid, e daí, a sua resolução. 

Suspeito de liberal desde então teve de emigrar, como tantos outros, para o estrangeiro, e lá por fora se conservou até 1833 ano em que voltou a tomar o seu lugar na câmara dos pares. Fez parte do primeiro ministério da rainha D. Maria II, presidido pelo duque de Palmela, e no qual geriu a pasta dos negócios estrangeiros, e também tez parte do ministério  presidido pelo duque da terceira e que foi derribado pela Revolução de Setembro de 1836. Cartista decidido, não transigiu com os vencedores e demitiu-se do seu posto de brigadeiro, sendo sucessivamente promovido a marechal de campo e a tenente-general. Em 1846 partiu para o estrangeiro, descontente com os acontecimentos políticos, e regressou em 1854, pronunciando na câmara alta um vigoroso discurso em favor da Carta Constitucional. Nomeado no ano seguinte ministro de Portugal em S. Petersburgo ali faleceu pouco tempo depois. 

O conde de Vila Real casou a 27 de agosto de 1811 com D. Teresa Frederica Cristina de Sousa Holstein, dama da rainha, e da Ordem de Maria Luísa de Espanha, 3.ª filha de D. Alexandre de Sousa Holstein, e de sua primeira mulher D. Isabel Juliana Bazalissa José de Sousa Coutinho Monteiro Paim.

   

 

 

 

D. José Luís de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, 1º Conde de Vila Real (n. 1785/02/09 - f. 1855/09/26)
Casa de Mateus

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, págs. 562-563
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Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral