Portugal - Dicionário

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Xavier Botelho (Sebastião).

 

n.      8 de maio de 1768.
f.       21 de maio de 1840.

 

Grande do reino, bacharel formado em leis pela Universidade de Coimbra, par do Reino, comendador da Ordem de Cristo, freire da Ordem de S. Tiago da Espada, etc. 

Nasceu em Lisboa a 8 de maio do 1768, onde também faleceu a 21 de maio de 1840.

 Era filho natural de Tomás José Xavier Botelho, filho legítimo do 4.º conde de S. Miguel, Álvaro José Xavier Botelho de Portugal Coronel Sousa e Meneses de Noronha Correia de Lacerda. Desempenhou sucessivamente os seguintes cargos: provedor dos resíduos dos cativos, juiz dos direitos reais da Casa de Bragança, desembargador da Relação do Porto, inspector-geral dos transportes de mar e terra para o exercito, juiz privativo do Comissariado britânico durante a Guerra Peninsular, inspector dos teatros, desembargador da Casa da Suplicação do Rio de Janeiro, deputado fiscal da Junta dos Arsenais, Fabricas e Fundições do Brasil, director do Liceu Nacional em 1822, capitão general da ilha da Madeira, na época agitada de 1820; nomeado no mesmo cargo para Moçambique a 23 de junho de 1824, tomando posse a 20 de janeiro de 1825, onde se conservou sem incidente notável até agosto de 1829, em que entregou o governo a Paulo José Miguel de Brito, que fora nomeado pelo infante D. Miguel. Foi nomeado para o mesmo cargo para as ilhas dos Açores e reino de Angola mas não chegou a tomar posse. Foi encarregado de negócios em Paris e membro da regência do Brasil. 

Retirando se para a Europa, conservou se alheio às agitações políticas do país durante o governo absoluto, entregando-se então à sua Memória estatística e a outros trabalhos literários. Em 1833 escreveu, porém, o seu primeiro opúsculo político, a sua Carta ao duque de Bragança, que foi impressa em Londres sem nome do autor e sem data, porque as suas ideias, que podiam não agradar muito aos liberais, ainda agradavam menos aos absolutistas. Ele procurava uma transacção entre o presente e o passado, e sem repelir as ideias novas, preferia que elas se baseassem nos moldes antigos. Apesar dessas tendências um pouco reaccionárias do seu espírito, Sebastião Xavier Botelho teve bom acolhimento nos liberais, e por carta regia de 1 de outubro do 1835 foi nomeado par do Reino, de que prestou juramento e tomou assento na respectiva câmara a 4 de janeiro de 1836. Quando se estabeleceu o Conservatório Real de Lisboa, também foi um dos seus membros. Alexandre Herculano escreveu o Elogio histórico de Sebastião Xavier Botelho, e ele próprio o recitou no referido Conservatório; nesse elogio, o grande historiador refere que Xavier Botelho, poeta brilhante da escola elmanista, conhecido no mundo, literário desse tempo pelo nome pastoril de Salicio, foi autor dramático fecundo, sem que as suas peças contudo vissem nunca a luz da imprensa. Representaram-se, porém, algumas das suas peças originais: Inês de Castro e Zulmira, e bastantes das suas traduções. Traduziu em verso português várias óperas de Metastasio, quatro tragédias de Racine: Phedra, Mithridates, Berenice e Bagazet; seis de Voltaire: Edipo, Marianna, Zaira, Bruto, Mahomet e Semirames, e outras muitas de autores menos conhecidos. Sebastião Xavier Botelho foi um dos mais notáveis escritores sobre as colónias portuguesas; as suas Memórias acerca de Moçambique, Sofala e Rios de Sena, são muito apreciadas. 

Casou a 2 de outubro de 1809 com D. Teresa Maria Antónia Alvares Fernandes, filha de António Fernandes de Carvalho e de D. Josefa Maria Alvares.

Bibliografia: Historia verdadeira dos acontecimentos da ilha da Madeira depois do memorável dia 28 de janeiro, escrita por ordem cronológica, para destruir um libelo famoso, impresso em Londres por um cidadão funchalense, Lisboa, 1821; Reflexões políticas em junho de 1834, Lisboa, 1834; saiu 2.º folheto com o título de Reflexões políticas em julho de 1834; Elogio ao duque da Terceira, Lisboa, 1835; Resumo para servir de introdução à Memória estatística sobre os domínios portugueses na África Oriental, Lisboa, 1834; Memória estatística sobre os domínios portugueses na África Oriental, Lisboa, 1835; com seis cartas e plantas litografadas; o frontispício é também litografado, bem como a folha imediata, que contém a dedicatória do autor ao duque da Terceira; Segunda parte da Memória estatística, etc., contendo a resposta à critica feita a esta Memória, e inserta na «Revista de Edimburgo» n.º 130 de janeiro de 1837, Lisboa, 1837; Escravatura. Benefícios que podem provir às nossas possessões da África rica da proibição daquele trafico, Projecto de uma companhia comercial, que promova e fomente a cultura e civilização daqueles domínios. Obra póstuma de Sebastião Xavier Botelho, oferecida ao corpo do comércio português, Lisboa, 1840.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, págs. 707-708.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral