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Xavier
Dias da Silva (Cândido José).
n. 11
de março de 1769.
f. 26 de julho de 1833.
General
e estadista que se tornou célebre, principalmente no tempo da luta
constitucional.
Nasceu
em 11 de março de 1769, onde também faleceu a 26 de Julho de 1833.
Seu
pai, ou que era havido como tal, como diz Inocêncio Francisco da
Silva, no Vol. II do Dicionário Bibliográfico, chamava-se
Alberto Dias, exerceu por muitos anos a profissão de alveitar,
tendo o seu estabelecimento no pátio do Duque, junto ao Rossio. Não
se conhecem as particularidades da vida Cândido José Xavier nos
seus primeiros anos, e apenas consta ter sido professor de retórica
em Santarém, mas tendo adquirido bastante instrução e granjeado a
estima de vários fidalgos, foi empregado na secretaria de um dos
nossos generais e passando depois às fileiras, era sargento-mor do
estado-maior, quando em principios de 1808 Junot dissolveu o
exercito português e formou com parte dele a legião que dirigiu
para França.
Cândido
José Xavier entrou nessa Legião de Tropas Ligeiras, como chefe de
batalhão no 1.° regimento de infantaria e assim se conservou, até
que sendo ferido em Wagram, em Moscova e ficando a noite no campo
entre mortos até ser transportado no dia imediato para o hospital
de Vienne, foi em seguida feito major do 4.º regimento. Em princípios
de agosto recebeu ordem, assim como outros oficiais portugueses,
para se apresentarem no quartel-general de Massena e acompanhou
depois as tropas francesas, que entraram no nosso país ás ordens
daquele general, pelo que foi condenando à morte pela regência do
reino em 1810. Vendo assim fechadas as portas da pátria,
conservou-se em França até 1820. Estando em Paris em 1818 foi um
dos fundadores e mais assíduos colaboradores dos Anais das ciências,
letras e artes, que ali se publicaram. Inseriu alguns trabalhos
importantes, assinados com as iniciais do seu nome C. X. que muito
contribuíram para dar ao seu autor reputação de homem de letras -
e de partidário decidido das ideias e principies liberais
A
revolução de 1820 anulando as sentenças que tinham sido dadas
contra ele e contra os
outros portugueses que estavam em idênticas circunstancias,
permitiu-lhe regressar a Portugal, e vindo em companhia de Pamplona,
mais tarde conde de Subserra, logo que este entrou no ministério,
como ministro da Guerra, Cândido José Xavier foi reintegrado no
posto de sargento-mor, que tinha quando saiu de Portugal, e nomeado
chefe da 1.ª direcção do ministério da guerra. Em 15 de outubro
de 1821 foi, pela exoneração de Pamplona, encarregado
interinamente do expediente e despacho dos negócios pertencentes àquele
ministério, passou em 31 de dezembro
seguinte a ministro efetivo daquela repartição, e deixando de
exercer o cargo em 12 de novembro de 1822, tendo igualmente servido
de ministro da Marinha de 18 de junho a 29 de agosto, e de ministro
dos Estrangeiros de 10 de maio a 12 de junho do mesmo ano de 1822.
Em dezembro seguinte foi nomeado sub-director do Colégio Militar, e
levantando-se nas cortes de 1823 vozes desfavoráveis a esse
estabelecimento foi incumbido de o reformar, e passando a ser dele
director por morte do marechal de campo Teixeira
Rebelo, nessa situação permaneceu até que continuando a
doença de Saldanha e enfermando também o marquês de Valença
que o estava substituindo como ministro da Guerra, foi Cândido José
Xavier chamado a tomar conta interinamente dessa pasta em 2 de janeiro
de 1827. Deixando o poder no princípio de maio, por estar
restabelecido o general Saldanha, voltou depois em setembro a
reassumir a pasta da guerra, que conservou até à chegada do
infante D. Miguel, e organizou o ministério de 26 de fevereiro de
1828.
Retirando-se
logo depois para Inglaterra, aí viveu obscuramente, até que
rebentado em maio a revolução no Porto, e organizando-se a expedição
do Belfast, foi Cândido José Xavier um dos portugueses que
acompanharam o duque de Palmela ao Porto, sendo por isso segunda vez
condenado à morte. Retirando-se novamente para Inglaterra em
consequência do triste resultado daquela revolução, foi nomeado
chefe do depósito de emigrados em Plymouth e, com razão ou sem
ela, o acusaram de ter sido odiosamente injusto no modo porque
repartia os subsídios, concedendo aos seus amigos e protegidos
grossas quantias, ao passo que aos outros dava uma insignificância.
Esta desigualdade deu origem a muitas sátiras em verso e em prosa,
entre as quais se notam principalmente as conhecidas Noites do
Barracão, e a tal ponto chegou a guerra que foi preciso remover
Cândido Xavier desse cargo, substituindo-o pelo general Tomás
Guilherme Subbs. Passando depois a Paris, relacionou-se ali
intimamente com D. Pedro IV, que lhe tomou grande afeição e o
escolheu para seu secretário particular. Acompanhando sempre desde
então o duque de Bragança, teve grande influência no ânimo do príncipe,
e sendo nomeado ministro do Reino em 12 de janeiro de 1833, foi
encarregado interinamente também da pasta dos estrangeiros em 26 de
julho, e exerceu essas funções até falecer. Cândido José Xavier
foi também do conselho do rei D. João VI e sócio da Academia Real
das Ciências.
Inocêncio
Francisco da Silva, no Dicionário, já citado, diz o
seguinte a seu respeito: «Os actos do seu ministério e vida
publica foram muito diversamente avaliados pelas diferentes
parcialidades políticas, entre as quais contava igualmente bom número
de amigos dedicados e de adversários implacáveis. O que ninguém
poderia negar-lhe era instrução não vulgar e muita actividade nas
coisas a seu cargo.»
Bibliografia:
Do
ensino mutuo, chamado de Lancaster;
Nos Anais, já, citados, tomo II, parte I, pág. 1 a 40; Sobre
as «Cartas portuguesas de D. Jerónimo Osório» publicadas em
Paris por Veríssimo Alvares da Silva; no tomo IV, parte I, pág.
139 a 160; Sobre a tradução em português dos livros de «Re
rustica» de Colmella, por Fernão de Oliveira; no tomo IV,
parte II, pág. 3 a 13; Acerca do «Ensaio histórico sobre a
origem e progressos das Matemáticas em Portugal por F. de B. Garção
Stockler», no tomo V, parte I, pág. 138 a 156; Dos
progressos do ensino mutuo em 1818 nos países das diferentes partes
do mundo, e das novas escolas do ensino mutuo em Portugal; no
tomo VI, parte I. pág. 53 a 79; e no tomo X. parte I, pág. 89 a
105; Ácerca do «Leal Conselheiros de El Rei D. Duarte, e do «Livro
da Ensinança de bem cavalgar»; no tomo VIII, parte I, pág. 3
a 35, e tomo IX, pág. 92 a 127; Sobre as «Geórgicas Portuguesas»
de Luiz da Silva Mousinho e Albuquerque; no tomo IX parte I, pág.
3 a 25; Reflexões acerca da obra que tem por titulo «Coup
d'oeil sur Lisbonne et Madrido, escripta por Mr. d'Montefort, e
publicada em Paris no mês de maio do corrente ano; no tomo X,
parte I, pág. 3 a 32; Considerações sobre a Estatística;
no tomo X, parte I, pág. 134 a 172: Cândido José Xavier deu-se
também na sua mocidade ao cultivo da poesia. No opúsculo Sessão
académica no faustissimo nascimento da Sereníssima sr.ª Infanta
D. Maria Isabel,. etc:, celebrada no Real Colégio da vila de Santarém,
publicado em Lisboa, 1799, saíram alguns versos seus. Era então,
professor de humanidades no referido colégio.
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