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Xavier
(D. Mateus Oliveira).
n. 14
de outubro de 1858.
f. [ 19 de maio de 1929 ].
Bispo
de Cochim e patriarca das Índias Orientais.
Nasceu
na povoação do Vale da Urra Fundeiro, freguesia de Vila de Rei,
distrito de Castelo Branco, a 14 de outubro de 1858. São seus pais
Joaquim de Oliveira Braz, proprietário, e D. Maria Joaquina de
Oliveira.
Desde
tenros anos foi levado, como seus irmãos, para a Fundada, freguesia
limítrofe, onde haviam fixado residência seus avós paternos. Ali,
ao cuidado dos seus tios padres João e Sebastião de Oliveira
Xavier e Aniceto de Oliveira, recebeu os primeiros rudimentos de
instrução primária. Em 1871 foi mandado para a próxima vila da
Sertã a estudar latim com o professor oficial desta língua, o
padre Joaquim Pedro Pereira, muito se distinguiu pelo seu talento e
aplicação, vindo fazer exame de latinidade ao liceu de Santarém.
Em outubro de 1874 entrou no seminário patriarcal de Santarém a
estudar ciências eclesiásticas, e concluídos ali os seus estudos
teológicos, foi em outubro de 1879 para Castelo Branco, sede então
da sua diocese, a preparar-se para receber ordens e acompanhar e
dirigir seus irmãos no estudo dos preparatórios no liceu daquela
cidade. Ordenado de presbítero em 1881, e tendo seus irmãos concluído
os preparatórios liceais, seguiu com eles para Coimbra; em outubro
de 1883 matriculou-se em teologia na universidade, cursando com
distinção, e concluindo a sua formatura em 1888. Em Coimbra foi
capelão no convento de Santa Clara e na universidade; foi
presidente da Conferência de S. Vicente de Paulo, associação
filantrópica constituída por estudantes. Em outubro do mesmo ano
de 1888 teve a nomeação de professor de ciências eclesiásticas e
preparatórias, e director espiritual no colégio das Missões
Ultramarinas em Sernache do Bonjardim, cargos que desempenhou até
1893.
Neste
ano, o patriarca das Índias D. António Sebastião Valente, vinha
de licença ao reino para retemperar a sua saúde abalada, e
conhecedor das raras qualidades do Dr. Mateus Xavier, convidou-o
para seu secretário particular, cargo que aceitou seguindo para a
Índia com aquele prelado em 11 de janeiro de 1884, e a 5 de março
davam ambos entrada em Goa. D. Mateus Xavier fora nomeado missionário
do padroado da Índia por portaria de 7 de novembro de 1893. De
caminho para a Índia foi Cochim a primeira terra em que
desembarcaram, a 18 de fevereiro, e foram visitar aquela diocese
sufragânea, ao tempo governada por D. João Gomes Ferreira, que
mais tarde D., Mateus foi substituir como bispo de Cochim. Em Goa e
cumulativamente com o lugar de secretário do referido patriarca,
foi nomeado desembargador da Relação Metropolitana, juiz da Secção
Pontifícia de recurso, e finalmente reitor de Seminário de Rachol,
cargo de que tomou posse em junho de 1894. Desenvolveu então uma
prodigiosa actividade, reformando completamente o seminário com
novos estudos preparatórios e teológicos, uma orientação moderna
em programas escolhidos, e com autorização do governo e breve
pontifício, criou ali a faculdade de teologia, tornando assim o
Seminário de Rachol o primeiro e o melhor de toda a Índia. Pelo
falecimento do bispo de Cochim D. João Gomes Ferreira, que fora um
grande missionário, foi D. Mateus Xavier nomeado para esse elevadíssimo
cargo. O patriarca das Índias D. António Sebastião Valente e o
ministro da marinha, então Barros Gomes, promoveram a nomeação,
tendo o interessado conhecimento dela quando já estava nomeado. E
com tanta pressa se procedeu, que falecendo em Goa o bispo D. João
Gomes Ferreira em 4 de maio de 1897. em 23 de junho seguinte era
assinada a carta régia da apresentação do bispo D. Mateus
Oliveira Xavier. A nomeação foi confirmada em 11 de outubro pelo
pontífice Leão XIII, e como as respectivas bulas só tarde
chegassem à Índia, a sagração episcopal só se realizou a 30 de
janeiro de 1898 na Sé primacial e patriarcal de Goa, seguindo logo
para a sua diocese onde chegou a 5 de março seguinte, fazendo a sua
entrada solene e tomando posse da sua diocese. O primeiro cuidado do
novo bispo foi levantar dos escombros a nova catedral, que D. João
Gomes começara a edificar, e que veio a terra, quando estava
coberta já a nave central, numa noite de tempestade, 14 de abril do
ano antecedente. O reverendo prelado, segundo se diz, sentindo-se já,
muito doente, não pôde ser superior àquele desastre, e partiu
logo para Goa, falecendo vinte dias depois. D. Mateus Xavier
encontrou-se assim sem ter Sé; e para cumulo os cristãos de varias
igrejas revoltadas por questões de castas, e aquelas fechadas. Os
seus primeiros, cuidados, portanto, foram apaziguar os cristãos,
abrir as igrejas, e tratar de Levantar a catedral. Dinheiro não o
tinha. O seu antecessor havia gasto na construção do edifício e
no Seminário umas 38.000 rupias, que. o governo da metrópole lhe
dera para aquele fim. Não obstante, pôs mãos à obra confiado na
providência. Nada pediu ao governo, e finalmente a nova catedral e
em novos moldes surgiu das ruínas. O edifício é majestoso, em
estilo não definido, uns laivos de manuelino com imitações de
construções indianas, mas perfeitamente em harmonia com o gosto
moderno indiano. Tem três naves, firmadas em colunas quadradas de
granito com arcos e sobre arcos; a do centro é mais alta, e as
laterais mais baixas e mais estreitas. Largura. das três naves, uns
50 pés. Comprimento desde o altar-mor à porta principal 150 pés.
As torres
medem
200 pés de altura. Das naves laterais sobressaem duas capelas acessórias.
As sacristias ficam por detrás do altar-mor. Todas as ornamentações
interiores são em alvenaria e ferro, à excepção do camarim do
altar-mor, da cadeira episcopal e do púlpito que são de teca em
magnifica obra de talha. As pedras superiores dos altares são de
uma só tábua de mármore de Itália, bem como de mármore é o
pavimento das capelas laterais. O resto do pavimento é de ladrilho
mosaico. O pavimento do santuário eleva se um metro acima do resto,
e é isolado com gradarias de forro. A obra de reconstrução da
catedral principiou em fins de 1898, sendo aberta ao culto divino
com o Te Deum pela coroação do pontifica Pio X, em 9 de agosto
de 1903, e solenemente sagrada em 19 de novembro de 1905, com a
assistência do patriarca D. António Sebastião Valente, bispos
seus sufraganeos e outros bispos vizinhos, num total de onze
prelados. Toda a obra foi feita por artistas indianos, sob a direcção
e vigilância constante do prelado, e de seu irmão o secretario
padre Sebastião de Oliveira Xavier, que foram realmente os
arquitectos, e executores de todas as obras, delineando planos,
tomando medidas, realizando contratos de material, etc.
D.
Mateus Xavier cuidou com ardor da instrução. O nível e categoria
das escolas foi levantado. As escolas menores foram elevadas a
High SchooIs (liceus) com quinze e vinte professores e um curso
completo de preparatórios, onde são feitos todos os exames até ao
de saída, chamado matricula porque habilita para o ingresso das universidades
indianas. Estas escolas têm o carácter de oficiais, estão
agregadas à Universidade de Madrasta e recebem um subsidio do
governo inglês, quando nas devidas condições. Falecendo em Goa a
26 de janeiro de 1908 o patriarca das Índias orientais D. António
Sebastião Valente, foi nomeado para este elevadíssimo cargo D.
Mateus Oliveira Xavier, por decreto de 31 de dezembro do mesmo ano.
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