(...)
“Surpreende-me infinitamente a notícia, que V.Sª. me
comunicou no mencionado Ofício de 27 de Novembro de que por via do
Duque de Brunswick procurava a nossa Corte um General Prussiano para
suceder no [co]mando do Exército ao Príncipe de Waldeck, sendo certo
que a Corte de Lisboa jamais meditou em tal matéria, antes do dia 14 de
Novembro, e não era possível
que esta notícia se soubesse em Berlim já
no / dia 27.
É
verdade que na referida data escrevi por ordem de Sua Majestade a D.João
de Almeida sobre a referida matéria, recomendando-lhe, que requeresse
os Bons Ofícios da Corte de Londres para com o Duque de
Brunswick,
prevendo a mesma Senhora as grandes dificuldades, que haveria
(supostas as circunstâncias dessa Corte com a França), de conseguir
este negócio por via de uma negociação directa, sem que fosse
aprovada primeiramente pela recomendação da Grã-Bretanha; e este foi
o único e verdadeiro motivo por que a nossa Corte não julgou a propósito
de comunicar coisa alguma
a V.Sª. enquanto não tivesse resposta das Verdadeiras disposições
da Grã-Bretanha, sendo certo que nada se concluíria afinal, sem que
V.Sª. fosse instruído de tudo, afim de proceder aos últimos Ajustes;
Porém como os Avisos que ontem recebi de
D.João de Almeida deixam ainda alguma perplexidade na matéria,
por isso me não é possível, instruir ainda a V.Sª. sobre ela,
comunicando-lhe as últimas Ordens de Sua Majestade, as quais lhe
participarei
imediatamente
logo que as dificuldades se acharem removidas.”
Fonte:
ANTT,
Ministério dos Negócios Estrangeiros,
«Correspondência para as Legações Portuguesas - Despachos», livro
109, fls.155v.-156.
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