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Filho de um velho soldado que tinha combatido em Fontenoy, em 1745, e que era correio-mor da localidade onde vivia, foi educado pela mãe, de origem
inglesa, devido à morte do pai ocorrida quando contava somente 5 anos de idade.
Tendo continuado os estudos num colégio de Soissons entrou para a escola de
artilharia de La Fère aos 15 anos, tendo-se transferido mais tarde para a
escola de Châlons. Admitido no exército a tempo de participar na campanha de
Flandres, Foy assistiu à batalha de Jemmapes, em Novembro de 1792, com o posto
de 2.º tenente. Promovido rapidamente ao posto de capitão (Abril de 1793), combateu sob as ordens dos generais Dampierre, Jourdan, Pichegru e Houchard, mas em 1794, mostrando as suas simpatias girondinas, insurgiu-se contra a política dos jacobinos sendo preso por ordem do comissário da República, devendo a sua salvação à queda dos jacobinos e ao assassinato de Robespierre. Nas campanhas de 1796 e 1797 serviu nos exércitos comandados pelo general Moreau, onde se tornará amigo do general Desaix. Distinguindo-se várias vezes, é ferido gravemente na batalha de Diersheim. A paz de Campo-Formio permitiu-lhe continuar os estudos, tendo seguido os cursos de direito público e história moderna do professor de Estrasburgo Christoph Wilhelm von Koch (1737-1813). Recomendado pelo general Desaix a Napoleão Bonaparte, recusou ser ajudante de campo deste general e participar na campanha do Egipto. No ano seguinte, durante a campanha da Suiça, em 1798, distinguiu-se novamente mostrando o seu descontentamento por combater contra um povo com instituições republicanas. Na campanha de Masséna de 1799 Foy foi promovido a Coronel no campo de batalha de Limmat, ao ter parado as forças russas com 9 peças de artilharia. No ano seguinte combateu sob as ordens de Moncey na campanha de Marengo, tendo posteriormente combatido no Tirol. Os princípios republicanos moderados de Foy fizeram com que se opusesse à ascensão gradual de Napoleão Bonaparte ao poder supremo, tendo votado contra o consulado vitalício, em 1802, e contra a proclamação do Império, em 1804, foi penalizado ao ver a sua promoção ao generalato adiada. Mais grave, do ponto de vista de Napoleão Bonaparte, foi a sua defesa pública do general Moreau quando este foi preso e julgado por oposição ao primeiro cônsul, no seguimento da conspiração monárquica de Cadoudal, de 1804. Só conseguiu evitar a prisão porque tinha acabado de entrar ao serviço no exército de ocupação da Holanda. Em 1806 casou com a filha do general Baraguay d'Hilliers, coronel-general dos Dragões, um dos grandes dignitários criados no início do regime imperial, sendo nomeado comandante da artilharia do corpo francês no Friul. No ano seguinte foi enviado para Constantinopla, indo ter com o general Sebastiani, general de cavalaria da arma de Dragões, embaixador de França no Império Otomano desde Maio de 1806. Sob a sua direcção a artilharia otomana conseguiu impedir a passagem dos Dardanelos a uma frota britânica. Enviado para Portugal, como oficial agregado ao comando da artilharia do corpo da Gironda, comanda a artilharia de reserva na batalha do Vimeiro em Agosto de 1808. De regresso a França é nomeado general de Brigada por Napoleão em Novembro desse mesmo ano, quando é enviado para Bordéus para comandar a 1.ª brigada da divisão comandada pelo general Delaborde, do 8.º corpo do Exército de Espanha, comandado por Junot. Participa na Batalha da Corunha, integrando a 3.ª divisão do 2.º corpo de Soult, comandada pelo general Delaborde, após a extinção do corpo de Junot e a sua transferência para o comando de Soult. De novo em Portugal, é ferido em Braga, e ao entrar no Porto para exigir a rendição da cidade, é quase linchado pela população que o toma pelo general Loison, o célebre Maneta. Salva-se ao mostrar os dois braços à multidão. É preso, mas libertado em 29 de Março com a conquista da cidade pelos franceses. Em Março de 1810 ataca as forças anglo-espanholas em Arroyo del Puerco, perto de Cáceres, na preparação da invasão de Portugal, sendo ferido novamente na batalha do Buçaco em Setembro, no comando de uma brigada da divisão Heudelet do 2.º corpo, comandado pelo general Reynier. Enviado por Massena a Napoleão Bonaparte, para explicar a situação do «Exército de Portugal», da novidade que eram as Linhas de Torres Vedras e da necessidade de reforços, é feito general de Divisão pelo Imperador. Comandante da 1.ª Divisão do «Exército de Portugal», comandado pelo marechal Marmont, que tinha substituído Masséna em 1811, cobre a retirada do exército francês após a derrota em Salamanca. Com a retirada de Wellington para Portugal, devido ao fracasso na tentativa de conquistar o castelo de Burgos, ocupa Palencia, Simancas e força a passagem do Douro em Tordesilhas. Após a derrota de Vitória, dirige o reagrupamento do exército francês, ganha o combate de Cubiry em finais de Julho de 1813, e faz recuar Wellington em Saint-Pierre-d'Irube, em Dezembro, numa das mais sangrentas batalhas da guerra peninsular. Gravemente ferido na batalha de Orthez, em 27 de Fevereiro de 1814, não servirá mais até ao fim do Império. A Restauração fá-lo Grã-Cruz da Legião de Honra e dá-lhe um comando. Com o regresso de Napoleão Bonaparte, durante os Cem Dias, aceita servir o regime imperial restabelecido, mas só após a saída de Luís XVIII do território francês. Combate em Quatre-Bras, e em Waterloo faz parte do flanco esquerdo francês que atacará, sem sucesso, o castelo e a quinta de Hougomont, no comando da 9.ª divisão de Infantaria, parte do 2.º corpo de Reille. Com a Segunda Restauração, demitiu-se do serviço militar, começando a escrever a sua «História da Guerra da Península». Em 1819 foi eleito deputado pelo departamento do Aisne. Na câmara, os dons de oratória do general Foy, demonstrados desde o seu primeiro discurso, as suas posições em defesa dos princípios liberais da revolução de 1789 - girondinos - fizeram-no naturalmente chefe dos liberais na assembleia. Em 1823 declarou-se violentamente contra a intervenção francesa em Espanha, e após a dissolução de 1824 foi eleito por três círculos ao mesmo tempo. O seu funeral foi seguido, segundo as crónicas da época, por mais de 100.000 pessoas. Em 1826, saiu uma primeira edição dos seus Discursos, em 2 volumes, e em 1827 a sua mulher publicou, de acordo com as notas do general, a Histoire de la guerre de la Péninsule sous Napoléon
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