Portugal - Dicionário

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António Cabreira
António Cabreira

Cabreira (António).

 

n.       30 de outubro de 1868.
f.        [ 21 de Novembro de 1953 ].

 

Matemático e escritor.

Nasceu em Tavira a 30 de outubro de 1868, sendo segundo e último filho do general Tomás António da Guarda Cabreira, e de D. Francisca Emília Pereira da Silva, filha do conselheiro Mateus Augusto Pereira da Silva, bacharel formado na antiga Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, e deputado às Cortes. É seu irmão Tomás António da Guarda Cabreira, lente de química na Escola Politécnica de Lisboa, engenheiro civil, capitão de infantaria e sócio do Instituto de Coimbra. A família Cabreira é muito ilustre pelos gloriosos antepassados e pelos valorosos e ilustrados generais que tem produzido, tais como os barões de Faro e da Batalha, Tomás António da Guarda Cabreira, avô paterno de António Cabreira; Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira e o visconde de Faro.

O sr. António Cabreira é cavaleiro da Legião de Honra e sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, da Academia das Ciências e Letras de Montpellier; da Academia das Ciências Inscrições e Belas Letras de Toulouse; da Academia das Ciências Artes e Belas Letras de Díjon; do Instituto de Coimbra; da Sociedade Matemática de França, e da Sociedade Físico-matemática de Kasan, e habilitado com o 2.º ano de matemática da Escola Politécnica. Na Sociedade de Geografia tem exercido vários cargos. No partido Iegitimista foi presidente da assembleia-geral do grémio, vogal da sua direcção e organizador das comissões algarvias. São muitos os serviços que tem prestado à instrução nacional, pois se lhe deve: a 2.ª época de exames de instrução secundária, decretada em 9 de agosto de 1888, e ampliada em 9 de abril de 1889; a dispensa de um ano de latim para os alunos que se destinavam aos cursos superiores de ciências, concedida em 27 de outubro de 1885; a iniciativa de vários cursos gratuitos na Associação Académica em 1891; a fundação do Instituto 19 de setembro em 1894 (V. Instituto de Lisboa (Real); da escola sucursal deste Instituto, em Tavira, em 10 de setembro de 1899, e do curso de educação militar, estabelecido por decreto de 10 de outubro de 1902.

São diversas as provas de apreço com que o sr. António Cabreira tem sido honrado. Eis as principais: Em 1 de dezembro de 1888, um banquete promovido por estudantes das escolas de Lisboa em agradecimento às vantagens por ele alcançadas em beneficio da classe; em 22 de abril de 1894, uma manifestação eleitoral do círculo de Viana do Castelo, que lhe concedeu 4.032 votos para deputado às Cortes; em 1 de junho de 1896, uma manifestação de congratulação da assembleia-geral da Sociedade de Geografia pelo êxito científico das suas obras matemáticas; em 1 de dezembro de 1897, uma sessão solene do Real Instituto de Lisboa, para inauguração do seu retrato; em 26 de janeiro de 1898, uma sessão extraordinária da Câmara Municipal de Tavira, para o receber; em 30 do mesmo mês e ano, a entrega de uma mensagem dessa cidade, após imponente cortejo, onde tomaram parte as autoridades civis e militares e milhares de cidadãos; em 13 de fevereiro do mesmo mês e ano, uma sessão solene congratulatória do Real Instituto de Lisboa; em 1 de março do mesmo ano, uma sessão solene da Câmara Municipal de Faro, para o receber, e visita oficial ao Museu Lapidar Infante D. Henrique; em 8 de março de 1899, a nomeação de delegado da Associação dos Jornalistas de Lisboa ao Congresso Internacional da Imprensa, em Roma; em 16 de fevereiro de 1900 e 22 de setembro de 1901, novas sessões solenes do Real Instituto de Lisboa, comemorando respectivamente o seu regresso da França e da Espanha: em 24 de maio de 1902, a nomeação de delegado da Associação da Imprensa Portuguesa ao Congresso Internacional da Imprensa, em Berna; em 15 de agosto do mesmo ano, outra sessão solene do Real Instituto de Lisboa, com oferta do seu retrato pelos alunos celebrando o seu regresso da Suíça; em 22 de novembro do mesmo ano uma manifestação de louvor da assembleia-geral da Associação de Imprensa, pela maneira como representou esta colectividade no Congresso de Berna.

Tem colaborado nas seguintes publicações: Jornal de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais, publicado pela Academia Real das Ciências de Lisboa; Jornal de Ciências Matemáticas, e Astronómicas. Revista de Ciências, Letras e Artes; O Ocidente, Portugal Velho, Boletim Colonial, Bandeira Branca, Revista Amarela, Nação, Gazeta., Vanguarda, Século, Pátria e Futuro. António Cabreira tem publicado as seguintes obras que representam grande número de descobertas matemáticas e novos pontos de vista em filosofia e sociologia. Em Coimbra: Alguns teoremas de mecânica, 1892; Sobre as velocidades sobre a espiral, 1895. Em Lisboa: Análise geométrica de duas espirais parabólicas, 1895: Sobre a geometria da espiral, 1896;.Sobre a geometria das curvas trigonométricas, 1896; Sobre as propriedades geométricas da espiral de Painsot, 1896; Descoberta e primeiras propriedades geométricas de uma espiral binomia do 1.º grau, 1897; Sobre a área dos polígonos regulares, 1897; Sobre a ares dos polígonos semi­regulares, 1897; Sobre algumas aplicações do teorema de Tinseau; 1897; Métodos novos para determinar o lado e área de qualquer polígono regular, 1898; Sobre a teoria dos logaritmos de ordem x, 1898; Sobre o calculo das fases de uma função simples, 1900; Sobre as propriedades polares dos pontos, 1900; Algumas palavras sobre o planeta Marte, 1901; Um teorema sobre a área dos polígonos regulares, 1901; Sobre os poliedros regulares convexos, 1902; Sobre os corpos poligonais, 1903; Sobre as relações poligonais, 1944; Soluções positivas da política portuguesa, 1892; Resgate de um crime, 1894; Relatório das propostas para a celebração cientifica do Centenário da Índia, 1894; Estatutos e plano de estudos do Instituto 19 de setembro, 1895; Discurso proferido na sessão inaugural da Escola sucursal do Instituto 19 de setembro em Tavira, 1899; Relatório dos trabalhos do Instituto 19 de Setembro nos anos de 1896-1897, 1897-1898, 1898-1899 e 1899-1900; Relatórios do Real Instituto de Lisboa, nos anos de 1900-1901, 1901-1902 e 1902­1903; O ensino colonial e o congresso de Lisboa, 1909; Discursos proferidos no Congresso Internacional da Imprensa, em Berne, 1902; Espirito e Matéria, 1903; Elogio do general Schiappa Monteiro, 1903; A assimilação do negro, 1903; Resposta á letra, 1904; Risos e lagrimas, 1904. Relatório dos trabalhos do Real Instituto de Lisboa, no ano de 1903-1904; Elogio do capitão Pereira Batalha, 1905; Algumas palavras sobre as matemáticas em Portugal, 1907.

 

 

 

Genealogia de António Cabreira
Geneall.pt

Artigo sobre António Cabreira
O Holoscópio

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs.
572-574

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral