Infanta
de Portugal, filha do rei D. Duarte e
de sua mulher, a rainha D. Leonor, e irmã de D. Afonso V.
Nasceu
em Lisboa a 26 de novembro de 1436, faleceu a 17 de junho de
1463.
Teve
como aia a D. Violante Nogueira, irmã do arcebispo de Lisboa D.
Afonso Nogueira, que depois foi comendadeira do real convento de
Santos, e por mestre e confessor o cardeal de Alpedrinha, D. Jorge
da Costa. Tendo quinze anos, acompanhou, montada a cavalo, cujas rédeas
levava seu tio o infante D. Henrique, a sua irmã a imperatriz D.
Leonor, quando em 20 de outubro de 1451 foi à sé de Lisboa com
toda a corte, donde partiu a embarcar-se numa soberba armada, que a
conduziu a Leorne, e nas portas da cidade de Siena foi congratulada
por seu esposo o imperador Frederico III. Esteve para casar com seu
primo, o príncipe de Navarra D. Carlos, filho de D. João II, rei
de Aragão e de Navarra, e de sua mulher, a rainha D. Branca, filha
de Carlos I II, rei de Navarra, casamento que se não realizou por
ter falecido o príncipe. A infanta ficou tão apaixonada por este
facto que se recolheu ao convento de Santa Clara, entregando-se só
a práticas religiosas. Ainda se, tratou de um segundo casamento com
Eduardo IV, rei de Inglaterra, mas ao tempo em que se tratavam as
negociações, adoeceu gravemente a infanta, e faleceu. D. Catarina
era senhora muito erudita em ciências, tendo perfeito conhecimento
das línguas latina e grega.
Compôs
diversas obras, de que se publicou apenas a seguinte: Ho
liuro que se escreue da regra e perfeyçam da conuersaçam dos
monges: ho qual liuro foi copilado per ho reuerendo senhor Lourenço
Justiniano primeryro patriarcha de Veneza, que foy dos primeyros
fundadores da cõgregaçam de Sam Jorge em alga; no fim do
volume diz que esta obra foi impressa no mosteiro de Santa Cruz, de
Coimbra em 1531. O título acha-se no alto da segunda folha do
volume, e é em letras minúsculas. A folha primeira contém dentro
de uma portada gravada em madeira uma como advertência preliminar,
na qual entre muitas outras coisas, se diz: que esta edição feita
sessenta e oito anos depois da morto da tradutora, fora devida à
diligencia do prior de Santa Cruz, de Coimbra, D. Dionísio de
Morais. Este livro foi impresso pela segunda vez em 1791, com o título:
Da perfeição da visa
monastica e da vida solitaria; dois tratados de S. Lourenço
Justiniano, traduzidos do latim em portuguez pela serenissima
senhora Infanta D. Catharina filha do senhor rei D. Duarte, etc.
Esta edição fez-se por diligência do padre Tomás José de
Aquino.