|
|
|
Eça de Queirós (José Maria).
n. [
25 de novembro de 1845 ].
f. 17 de agosto de 1900
Diplomata e escritor muito apreciado.
Nasceu na Póvoa de Varzim em 1846 [de
facto em 25 de novembro de 1845], faleceu em Paris a 17 de agosto
de 1900. Era filho do dr. José Maria Teixeira de Queirós, juiz do
Supremo Tribunal de Justiça, e de sua mulher, D. Carolina de Eça.
Depois de ter estudado nalguns colégios
do Porto matriculou-se na faculdade de direito na Universidade de
Coimbra, completando a sua formatura em 1866. Foi depois para Leiria
redigir um jornal político, mas não tardou que viesse para Lisboa,
onde residia seu pai, e em 1867 estabeleceu-se como advogado,
profissão que exerceu algum tempo mas que abandonou pouco depois,
por não lhe parecer que pudesse alcançar um futuro lisonjeiro. Era
amigo íntimo de Antero de Quental, com quem viveu fraternalmente, e
com ele e outros formou uma ligação selecta e verdadeira agremiação
literária para controvérsias humorísticas e instrutivas. Nessas
assembleias entraram Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Salomão
Saraga e Lobo de Moura. Estabeleceram-se então em 1871 as notáveis
conferências democráticas no Casino Lisbonense (V. Conferencia),
e Eça de Queirós, na que lhe competiu, discursou acerca do
Realismo na Arte, em que obteve ruidoso triunfo. Decidindo-se a
seguir a carreira diplomática, foi a um concurso em 21 de julho de
1870, ficando o primeiro classificado, e em 1872 teve a nomeação
de cônsul geral de Havana, para onde partiu. Permaneceu poucos anos
em Cuba, no meio das terríveis repressões do governo espanhol. Em
1874 foi transferido para Newcastle; em 1876 para Bristol, e
finalmente para Paris em 1888, onde veio a falecer.
Eça de Queirós era casado com a sr.ª
D. Emília de Castro Pamplona, irmã do conde de Resende.
Colaborou na Gazeta de Portugal,
Revolução de Setembro, Renascença, Diário
Ilustrado, Diário de Notícias, Ocidente, Correspondência
de Portugal, e em outras publicações. Para o Diário de Notícias
escreveu especialmente o conto Singularidades duma Rapariga Loura,
que saiu no livre brinde de 1873, e a descrição das festas da
abertura do canal do Suez, a que ele assistiu em 1870, e que saíram
com o título de Port-Said a Suez, no referido jornal,
folhetim de 18 a 21 de janeiro do mesmo ano de 1870. Na Gazeta de
Portugal, de 13 de outubro de 1867, publicou um folhetim com o título
Lisboa, seguindo-se as Memórias de uma Freira e O
Milhafre; em 20 de outubro, também de 1867, o conto fantástico
O Sr. Diabo. Fundou a Revista Portugal com a colaboração
dos principais e mais célebres homens de letras do seu tempo. Saíram
desta revista vinte e quatro números, que formam quatro tomos de
seis números cada um. Para este jornal é que escreveu as Cartas
de Fradique Mendes. Na Revista Moderna publicou o romance
A Ilustre Casa de Ramires.
Bibliografia:
A Morte de Jesus,
na Revolução de Setembro, de 13, 14, 27 e 28 de abril, e 11
de maio de 1870; O Mistério da Estrada de Sintra, cartas ao
Director do Diário de Notícias, de colaboração com
Ramalho Ortigão, publicadas em 1871, e depois na colecção da
Parceria Pereira, de que se tem feito várias edições; As
Farpas, crónica mensal da política, das letras e dos costumes,
fundada por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão em julho de 1871; O
Mandarim; O Crime do Padre Amaro, que saíra primeiro no Ocidente;
O Primo Basílio, A Relíquia, que escreveu depois da
sua viagem à Palestina; Os Maias, Episódios da Vida Romântica,
em dois tomos; Eusébio Macário; Cidades e Serras; As
Minas de Salomão, de Ridder Haggard, tradução, etc.
As obras de Eça de Queirós, na maior
parte, têm tido diversas edições tanto em Lisboa como no Porto.
Colaborou no livro In Memoriam, em homenagem a Antero de
Quental. São de Eça de Queirós os interessantes prólogos dos Almanaques
Enciclopédicos de 1896 e 1897 por ele dirigidos e publicados
pelo falecido editor António Maria Pereira. Eça de Queirós,
quando faleceu, estava trabalhando em romances inspirados nas lendas
de S. Cristóvão e de S. Frei Gil, o celebrado bruxo português.
Devido à iniciativa de amigos dedicados do falecido escritor,
elevou-se uma estátua em mármore para perpetuar a sua memória, a
qual está situada no Largo de Quintela. É uma verdadeira obra artística
do escultor Teixeira Lopes. Figura Eça de Queirós curvado sobre a
Verdade, lendo-se no pedaço de mármore tosco, que serve de
pedestal à estátua da Verdade, estas palavras, que foram ali
esculpidas. "Sobre a nudez forte da Verdade, o manto diáfano
da fantasia". A inauguração realizou-se no dia 9 de novembro
de1903, discursando os srs. conde de Arnoso e de Ávila, Ramalho
Ortigão, Dr. Luís de Magalhães, Aníbal Soares e António Cândido;
o actor Ferreira da Silva recitou uma poesia do sr. Alberto de
Oliveira, falando por último o sr. Conde de Resende, cunhado de Eça
de Queirós, agradecendo muito comovido em nome da família do
falecido escritor aquela homenagem prestada à sua memória.
|
Eça
de Queirós(1845-1900)
Biblioteca Nacional Digital
Genealogia
de Eça de Queirós
Genea.pt
Caricatura
de Rafael Bordalo Pinheiro do Álbum das Glórias
Imagem da Semana de O Portal da História
O
Natal
: Crónica de Eça de Queirós
O Portal da História
Novos
Factores da Política Portuguesa
O Portal da História
|
|
|
|
|