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Ex-líbris.
Por
estas duas palavras latinas (dos livros) se designam certas vinhetas
ou etiquetas, com um nome, iniciais, ou monograma, usadas por alguns
bibliófilos nos livros que possuem, e as quais são em geral
coladas na guarda interior do volume, isto é, no verso da pasta da
frente. Consistem num pedaço de pele, ou mais vulgarmente de papel,
tendo impresso o nome do possuidor do livro, acompanhado muitas
vezes do seu brasão, de uma divisa ou de quaisquer ornamentos. Os
coleccionadoras desta espécie bibliográfica, que os há em
Portugal muito distintos, têm publicado algumas descrições e
monografias interessantes.
O
sr. dr. Sousa Viterbo, num seu artigo "Heráldica literária",
publicado a pág. 764 do vol. 47 do Instituto, Coimbra, 1900,
estabeleceu para os ex-líbris as seguintes classes:
Manuscritos,
que são sem dúvida os primitivos e que, não tendo valor artístico,
valem todavia como autógrafos, como os de Cristóvão Alão de
Morais, Gaspar Barreiros, Cartuxa de Évora, marqueses de Alegrete,
marquês de Abrantes, etc., etc.;
Tipográficos
e litografados, contendo singelamente o nome do possuidor do
livro, como os de D. Lourenço de Lima, frei Vicente Salgado, J. E.
G. Rebelo da Fontoura,, etc.;
Em
forma de selo ou carimbo, singelos, só com o nome, como os de T.
Norton, João Vieira Pinto, ou armoriados como os da casa de Lafões,
Kingelhofer, e de várias corporações literárias e científicas,
antigas ordens religiosas, bibliotecas conventuais, como as de
Alcobaça, etc.;
Gravados,
alguns dos quais, pela beleza do desenho, pelo fino da gravura, são
verdadeiros primores artísticos. Muitos destes ex-líbris trazem os
nomes dos artistas que os desenharam e gravaram.
Um
dos maiores, senão o maior coleccionador de ex-líbris em Portugal,
é o distinto engenheiro e escritor o sr. Adolfo Loureiro, que, não
contente em coligir os portugueses, reúne também os estrangeiros.
A sua colecção, nesta ultima especialidade, sobe a 3.777, assim
repartidos: franceses 1.394; italianos 210; espanhóis 198; austríacos
111; suíços149; alemães 1.040; russos e polacos 50; holandeses
52; suecos 9; ingleses 267; dos Estados Unidos da América 103;
belgas 192; brasileiros 1 e mexicano 1. A sua colecção portuguesa
compreende 218 exemplares, mas apesar de bastante numerosa, ainda
está longe de completa, faltando-lhe, por exemplo, os dois (grande
e pequeno modelo) de Barbosa Machado. A lista descritiva destes últimos
foi publicada no n.º 19 do Arquivo de ex-líbris portugueses,
Génova, Agosto de 1903, fazendo-se uma tiragem à parte num opúsculo
de doze paginas. O Arquivo é publicado em Génova e dirigido
pelo cônsul português sr. Joaquim de Araújo, poeta e prosador bem
conhecido. Modernamente muitos amadores de livros têm mandado
gravar ex-líbris, generalizando-se assim o uso deles. Os últimos
de que temos apontamento e presentes os modelos são o da sra. D.
Maria Adelaide de Oliveira Belo, e dos srs. Artur Alberto de Avelar
e Alfredo de Kennedy Falcão.
Bibliografia
: Além dos artigos que acima ficam citados, temos a adicionar: Notícia
dos "ex-líbris" portugueses por M. A. Ferreira da
Silva, Lisboa, 1902; Os "ex-líbris" ornamentais
portugueses por Aníbal Fernandes Tomás, duas séries de
artigos ilustrados na revista quinzenal da livraria Magalhães &
Moniz, Portugal Artístico, dirigida por Eduardo de Sequeira;
Porto, 1905.
Ex-libris portugueses Bibliomanias
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