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Ficalho
(Francisco Manuel de Melo, 3.° conde de).
n.
27 de Julho de 1837.
f. 19 de Abril de 1903.
Fidalgo
da Casa Real e seu mordomo-mor, gentil-homem da câmara do rei D. Luís
I, e do Senhor D. Carlos I; conselheiro de Estado efectivo, par do
reino, lente catedrático da cadeira de Botânica da Escola Politécnica
de Lisboa, lente e director do Instituto Agrícola da mesma cidade,
hoje Instituto da Agronomia e Veterinária; sócio efectivo da
Academia Real das Ciências e da Sociedade de Geografia, adido de
legação; alferes dos extintos batalhões nacionais, escritor, etc.
Nasceu
a 27 de Julho de 1837, faleceu a 19 de Abril de 1903. Era filho do
marquês de Ficalho, António de Melo Breyner Teles da Silva, e de
sua mulher, D. Maria Luísa Braamcamp, de Almeida Castelo Branco.
Com quanto sue cedesse a seu pai no marquesado, não usou nunca o título
de marquês.
Matriculou-se
na Escola Politécnica em 1855, e foi um dos estudantes mais
distintos e premiados, concluindo brilhantemente
o curso em 15 de Julho de 1860. No concurso aberto neste ano para o
preenchimento da vaga de lente substituto da cadeira de Botânica,
da mesma escola, deu tão exuberantes provas do seu grande valor
intelectual e dos seus profundos conhecimentos científicos sobre a
especialidade daquela cadeira, que, por decreto de 2 de Janeiro de
1864 era nomeado para aquele lugar. Por morte de Andrade Corvo ficou
regendo a referida cadeira, sendo investido na sua posse por decreto
de 27 de Janeiro de 1890. O conde de Ficalho casou em 1862, com D.
Josefa de Meneses de Brito do Rio, dama de honor da rainha senhora
D. Maria Pia, filha de D. Pedro Pimentel de Meneses Brito do Rio,
comendador da ordem de N. Sr.ª da Conceição, senhor de vínculos
na ilha Terceira; e de sua mulher, D. Maria Kruz. O conde de Ficalho
foi elevado a par do reino por carta régia de 29 de Dezembro de
1881, da que prestou juramento e tomou posse na sessão da
respectiva câmara de 4 de Fevereiro de 1882. A data da concessão
do título de conde é de 16 de Junho de 1862. Exerceu diversas
comissões diplomáticas, e foi quem representou Portugal, como
embaixador extraordinário, nas cerimónias da coroação do czar da
Rússia em Junho de 1896. O seu nome foi por vezes lembrado em
diferentes situações políticas para ministro dos estrangeiros,
mas nunca fez parte de ministério algum. Era grã-cruz da ordem de
Carlos III, de Espanha, e cavaleiro das seguintes ordens: Leopoldo
da Bélgica, Leão dos Países Baixos, Águia Vermelha da Prússia,
Legião de Honra de França, S. Maurício e S. Lázaro de Itália e
Ernesto Pio de Saxe-Coburgo.
Os
seus trabalhos literários e históricos são muito apreciados.
Colaborou em diversas publicações literárias e científicas. No
antigo jornal O Repórter escreveu um curioso artigo,
intitulado: Quadro de costumes e paisagens alentejanas. Muito
dedicado à história do país, era principalmente a Índia que lhe
merecia mais atenção. Quando faleceu, andava trabalhando numa
obra, que parece ter ficado por concluir, acerca dos portugueses na
Índia; desta obra destacou uma monografia, com o título de Viagens
de Pêro da Covilhã, que publicou em 1898, a qual constitui um
livro muito curioso e interessante da nossa história indiana nos séculos
XV e XVI.
Escreveu
mais: Flora dos Lusíadas, por ocasião das festas do
tricentenário de Camões, em 1880; Plantas úteis da África portuguesa,
Lisboa, 1884; obra de muito valor para o estudo da flora medicinal; Garcia
da Orta e o seu tempo, Lisboa, 1886; comentário aos Colóquios
desse homem de ciência; Colóquios dos simples e drogas da Índia
por Garcia da Orta, edição anotada, 2 vol., 1891-1895. Os seus
últimos trabalhos literários foram publicados na revista A
Tradição, de Serpa, sob os títulos: Serpa sob o domínio
dos sarracenos e Influencias moçarabes na linguagem dos pastores
alentejanos. Na 21.ª série do Boletim da Sociedade de
Geografia de Lisboa, n.º 5, de Maio de 1903, está publicado o
elogio do conde de Ficalho, escrito pelo Sr. conde de Arnoso. Neste
elogio se mencionam os inéditos deixados pelo ilustre professor.
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