Nasceu em Lisboa a 25 de maio de 1691, faleceu em 21 de julho de
1742, na quinta de Bernardo Freire de Sousa junto a Óbidos. (V. Gazeta
de Lisboa, n.º 30 de 24 de Julho de 1742).
Foi grão-prior do Crato. Tornou-se tristemente célebre pela
perversidade da sua índole. Ainda muito novo, consistia um dos seus
mais dilectos divertimentos, para mostrar a sua perícia em atirar
ao alvo, fazer fogo sobre os pobres marujos, que
no serviço de bordo se empoleiravam nos mastros dos navios surtos
no Tejo, e que o saudavam quando o viam passar pelo rio. Em Queluz,
onde ia muitas vezes, era o terror de toda a gente pelas crueldades
que praticava. O infante D. Francisco era ambicioso, e parece que
alimentava a ideia de usurpar a coroa a seu irmão D. João V como
seu pai havia feito a seu tio, el-rei D. Afonso VI; por isso, para
em tudo seguir aquele exemplo, quando D. João V saía de Lisboa,
chegava a incomodar a rainha D. Maria Ana de Áustria, sua cunhada,
fazendo-lhe corte descarada e inconveniente, procurando indispô-la
com o marido, não com instintos de amor, mas com intuitos
ambiciosos. Consta que a rainha, receando muito do seu carácter,
procurou por todos os meios impedir a devota peregrinação que o
rei projectava a N. Sr.ª do Loreto, na Itália. Os seus
lisonjeiros dizem, que tinha grandes conhecimentos de náutica, teóricos
e práticos.
Rebelo da Silva, na Mocidade de D. João V, e A. F.
Barata, nos Jesuítas da corte, falam deste antipático
personagem, que só se distinguiu pela sua crueldade e ambição.
O infante D. Francisco , conquanto se tivesse conservado celibatário
deixou dois filhos de D. Mariana de Sousa, que morreu num quarto que
habitava no convento de Santana, de Lisboa, por ocasião do
terramoto de 1 de Novembro de 1755. Desses dois filhos do infante,
um, D. Pedro, faleceu em 1741, e o outro, D. João, reconhecido para
todos os efeitos como sobrinho natural de el-rei D. João V, foi
capitão-general das armadas reais e galeões de alto bordo,
mordomo-mor, conselheiro de Estado e guerra, e senhor de uma grande
casa, precedendo a todos os titulares da corte nas funções em que
esta se reunia na presença do monarca.