|
|
|
Furtado
de Mendonça
(André).
n.
f. 15 de abril de 1610.
Um
dos últimos heróis da Índia.
Era
filho de Afonso Furtado de Mendonça, comendador de Borba e de Rio
Maior, e de D. Joana Pereira.
Na
Índia tinha o renome de grã-capitão e era o terror nos campos de
batalha. Passou ao Oriente, e em 1591 o vice-rei da Índia, Matias
de Albuquerque, o mandou de Goa como comandante duma armada de 20
velas contra o rajá de Jafanapatão, que juntamente com o de Candia,
havia declarado guerra contra os habitantes da ilha de Ceilão,
tanto naturais como estrangeiros, cometendo grandes tiranias contra
os que professavam a lei cristã. O rajá de Jafanapatão intitulava
se rei dos reis, pela sua arrogância e confiança no seu poder.
Chegando à costa de Calecute, André Furtado de Mendonça encontrou
três naus de Meca com numerosa guarnição de turcos, e outra bem
armada de canhões e de todo o género de armas. Naquele mar
navegava ao mesmo tempo o corsário Coti Muça com 14 ou 22 galés.
Encontraram-se as armadas, e apesar de serem muito desiguais as
nossas forças com as dos inimigos, estes ficaram completamente
vencidos, sendo as galés rendidas, despojadas, e entregues ao fogo,
tendo Coti Muça a fortuna de escapar, nadando. Depois desta vitória,
a esquadra de André Furtado de Mendonça aportou a Menar, encontrou
outra nau inimiga, e travando-se renhido combate, que durou muitas
horas, a vitória foi por fim declarada a favor dos portugueses.
Faltava a empresa mais difícil, o ataque da cidade. Descansaram
naquela noite, a na madrugada seguinte, 27 de janeiro do referido
ano de 1591, desembarcaram as forças, e cortando todos os embaraços,
seguiram valentemente até ao palácio real. O régulo indiano foi
morto e mais o seu filho mais velho. O segundo filho pediu de
joelhos que lhe concedessem a vida, e André Furtado de Mendonça
concedeu-lha, e fez com que todos o reconhecessem como seu rei,
conseguindo desta forma o sossego e a tranquilidade daqueles povos.
Em 1598 destroçou o pirata Cunhale, e destruiu uma fortaleza que,
ele erigira nas terras de Samori e de Calecute.
Em
1603 foi governador das ilhas Molucas, donde expulsou os holandeses
de Amboino, e em 1605 passou a governar Malaca. Tornou-se o terror
dos holandeses, que persistentes e tenazes haviam conseguido
insinuar-se no Oriente, fazendo-nos concorrência ao comércio,
tomando-nos um certo número de feitorias e fortalezas na costa de
África, e rivalizando quase com os portugueses no domínio dos
mares. Porém, quando tentaram introduzir-se na Índia e conquistar
as nossas fortalezas, numerosos desastres assinalaram a sua
tentativa. Não desanimaram, porém, e a fortuna afinal coroou a sua
constância, mas as derrotas precederam as vitórias. Era André
Furtado governador, quando em 30 de abril de 1606 apareceu em frente
de Malaca uma esquadra holandesa de 11 navios com 1.500 homens de
desembarque, comandados pelo almirante Cornelius Matalief. A
fortaleza tinha de guarnição apenas 145 homens, porque se não
esperava o ataque, mas André Furtado, costumado sempre a vencer,
ousou fazer sortidas que foram tão felizes, que Matalief preferiu
aos assaltos o bloqueio rigoroso. Além das forças de que dispunha,
tinha a aliança de todos os régulos vizinhos de Malaca, dois dos
quais, ó de Jalhor e Singapura, o auxiliavam com tropas, mas a
intrepidez e actividade de André Furtado pareciam transformar em leões
os soldados da pequena guarnição da fortaleza. Depois de três
meses de bloqueio, Matalief, sabendo que o vice -rei vinha em auxílio
da fortaleza, desistiu do seu intento, a retirou, deixando André
Furtado vitorioso.
Em
1609 sucedeu interinamente ao governador da Índia o arcebispo D.
Aleixo de Menezes, mas chegando nesse mesmo ano o novo vice-rei Rui
Lourenço de Távora, André Furtado de Mendonça entregou-lhe o
governo, e partiu para o reino, mas depois de passar o Cabo da Boa
Esperança, sobreveio-lhe a morte a 15 de abril de 1610, e o seu cadáver
foi trazido para Lisboa, sendo sepultado no convento da Graça.
|
|
|
|
|