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Garcia
de Resende.
n.
c. 1470.
f. 1554.
Moço
da câmara de D. João II, seu moço de escrivaninha, que
correspondia a secretário particular.
Nasceu
em Évora, julga-se que em 1470, e faleceu em 1554, segundo as
melhores informações, porque nunca se pôde saber ao certo a data
da sua morte. Era filho de Francisco de Resende fidalgo da corte de
D. Afonso V, e de Beatriz Boto.
Ainda
muito novo entrou para o serviço da Casa Real, sendo moço da câmara
de D. João II, passando no mesmo serviço para o do príncipe D.
Afonso em 1490; falecendo este príncipe, D. João II o nomeou seu
moço da escrivaninha. Em 1514 o rei D. Manuel o nomeou secretário
de Tristão da Cunha, na embaixada mandada a Roma ao papa Leão X.
De volta a Portugal retirou-se da corte, e foi residir para as suas
propriedades de Évora, onde faleceu. Mandou edificar em 1520 uma
ermida, junto da qual está uma fonte e jardim situada na cerca do
convento de N. Sr.ª do Espinheiro, de religiosos Jerónimos, e
sobre a porta estão abertas em pedra as suas armas, que constam de
duas cabras em pala, e por timbre outra cabra. Por baixo lê‑se
a seguinte inscrição, escrita desta forma:
ESTA
ERMIDA E FONTE
MANDOU
FAZER GARCIA
DE
RESENDE EM LOUVOR
DE
NOSSA SENHORA ANNO DE 1520
No
retábulo do altar se venera um painel de Jesus Maria José com o
Espírito Santo na parte superior. No pavimento da ermida está
sepultado Garcia de Resende numa campa, cercada de folhagens
primorosamente abertas com brasão das suas armas no meio, e na
parte superior a elas estas breves palavras, escritas da forma
seguinte:
SEPULTURA
DE GAR
CIA
DE RESENDE
Das
obras de Garcia de Resende, a que teve maior nomeada foi o Cancioneiro
Geral por ele coligido e publicado em 1516. É uma compilação
de canções do seu tempo e de eras anteriores.
Inocêncio
da Silva, no Dicionário
Bibliográfico, vol. III, págs. 118 e 119, dá-nos conta da
seguinte obra: Lyuro das
obras de Garcia de Resede que trata da vida e grãdissimas virtudes:
e bõdades: magnanimo esforço; excellentes costumes e manhas e muy
craros feitos do christianissimo: muito alto e muito poderoso
principe el-Rey
dõ João o segundo deste nome: e dos Reys de Portugal o treceiro de
gloriosa memoria: começado do seu nascimento e toda sua vida até a
hora da sua morte; cõ outras obras que adiante se seguem. Com
Privilegio Real. Este título é impresso em linhas ora
vermelhas, ora pretas, e ocupa metade inferior da página do rosto,
tendo na superior estampadas da esquerda a esfera, e da direita o
escudo das armas do reino, como as usava D. João II, isto é, as
quinas em cruz com a orla dos sete castelos, elmo aberto e direito
com a coroa real, e por timbre a serpe, cingido tudo do competente
paquife. Ao título segue‑se o alvará, de privilégio; na
folha seguinte um prólogo do autor; vem depois: Feyções:
virtudes, costumes e manhas del-rei
dom Ioam o segundo que santa gloria haja; e concluído isto começa
a vida do rei, com título especial. Segue-se depois: A
trasladação do corpo do muy catotico e magnanimo e muy esforçado
Rey dõ Ioão o segundo deste nome, etc.; A
entrada dei Rey Dom Manuel em Castella; Ida da Iffante dona Beatriz
pera Saboya. Ainda neste livro se encontra a paixão de Cristo,
e por fim a tavoada e a
indicação de que foi impresso a 12 de Junho de 1545. Esta edição
é completamente desconhecida, continua Inocêncio, de quase todos
os bibliógrafos. A edição que passa por primeira, tem a data de
1554. Ainda houve posteriormente outras edições, em 1596, 1607,
1622, 1752; em Coimbra saiu outra em 1798.
Escreveu
mais: Breve memorial dos
pecados e cousas que pertence ha cõfissã hordenado per Garcia de
resede fidalguo da casa del Rey nosso senhor. No fim tem a data
de 25 de Fevereiro de 1521. Na Biblioteca de Évora existe uma outra
edição, com o título de Confessionario
novamete empremido por mandado del-Rey
nosso senhor. E com seu privilegio. Este título tem por cima a
esfera armilar, e no verso da folha está uma vinheta, representando
o Senhor da Cana Verde. No fim tem a data de 20 de Fevereiro de
1529.0 Cancioneiro geral contém
poesias e trovas avulsas pertencentes a 286 autores, pela maior
parte da classe da nobreza e fidalguia que frequentavam as cortes de
D. João II e de D. Manuel. Os versos de Garcia de Resende ocupam
uma grande parte do Cancioneiro,
sendo a mais interessante a Miscelânea,
em que dá conta das coisas do seu tempo, contadas num tom humorístico
meio alegre, meio melancólico. No século passado fez-se na
Alemanha uma reimpressão do Cancioneiro.
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Garcia
de Resende Projecto Vercial
Casa de Garcia de Resende em Évora Direção geral do Património Cultural
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