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Furtado
de Mendonça (Hipólito
José da Costa Pereira).
n. 13
de agosto de 1774.
f. 11
de setembro
de 1823.
Bacharel
em Direito e Filosofia pela Universidade de Coimbra, jornalista,
etc.
Nasceu
na colónia do Sacramento, no Rio da Prata, a 13 de agosto de 1774,
faleceu em Kensington a 11 de setembro de 1823. Era filho de Félix
da Costa Furtado de Mendonça e de D. Ana Josefa Pereira.
Estudou
no Rio de Janeiro as disciplinas preparatórias, e vindo depois para
Portugal, matriculou-se na Universidade de Coimbra nos cursos de
Direito a de Filosofia, de que tomou o grau de bacharel. O seu notável
merecimento como homem de esclarecida inteligência, e a protecção
que merecia a sua família, lhe alcançaram em 1798 a nomeação de
encarregado de negócios nos Estados Unidos, e neste cargo esteve em
Filadélfia até setembro ou outubro de
1800.
Pouco depois de regressar a Portugal, foi nomeado em 1801 deputado
literário da Junta da Impressão Régia. Fazendo uma viagem a
Londres a tratar de negócios particulares, o ministro D. Rodrigo de
Sousa Coutinho, mais tarde conde de Linhares, o encarregou de alguns
assuntos do serviço do Estado. O ministro, descontente do seu
procedimento, o mandou prender, na sua chegada a Lisboa, em fins de
junho de 1802. Hipólito José da Costa foi conduzido a um dos cárceres
da Inquisição, e ali gemeu durante três anos, conseguindo então
evadir-se. Ainda se conservou alguns meses em Lisboa escondido, até
que pôde passar ao Alentejo na companhia de Filipe Ferreira de Araújo
e Castro, disfarçado em seu criado. Do Alentejo foi para Espanha,
seguindo depois a Gibraltar, e dali para Londres. Espalhou-se que
fora à maçonaria 'que Furtado de Mendonça devera a sua evasão,
ou que pelo menos não fosse estranha ao segredo da sua existência
em Lisboa e à viagem para Inglaterra. Nas Memorias da vida de
José Liberato Freire de Carvalho, a página 40 e seguintes,
podem ver-se os motivos que ocasionaram a prisão, e ali se
encontram também particularidades curiosas e ignoradas acerca da
forma como conseguiu evadir-se. O que se diz ali, e que merece todo
o crédito, mostra que as coisas se passaram por maneira muito
diversa dos boatos de que a maçonaria comprara o guarda dos cárceres
para lhe dar fuga, indo também com ele.
Em
Londres passou o resto da sua trabalhosa vida, vivendo dos recursos
de que dispunha, mas que seriam insuficientes se as suas publicações
e a redacção do Correio Braziliense lhe não dessem
avultados lucros: O Correio
Braziliense ou Armazém literário, impresso em Londres por W.
Lewis, começou a ser publicado em 1808 e acabou em 1822. Teve tão
notável importância que a regência de Portugal, desgostosa das
suas doutrinas, primeiro mandou refutá-las também pela imprensa, e
depois proibiu a introdução e a leitura do jornal em Portugal,
renovando-se com severas penas a proibição por três vezes, da
qual a última foi em 25 de junho de 1817. Em 1821 e 1822 foi o
Correio Braziliense o órgão das aspirações brasileiras de
independência, e prestou grandes serviços à causa do Brasil.
Proclamada a independência, Hipólito José da Costa foi agente do
governo imperial brasileiro na corte de Londres. Abria-se-lhe em 1823;
largo e belo futuro, porque o redactor eloquente, grave e
moderado do Correio Braziliense tinha direito a esperar da
sua pátria, pelo menos uma alta e brilhante carreira diplomática,
mas a morte não o deixou arrebatando-o não tendo ainda 50 anos de
idade.
As
colecções do Correio Braziliense ou Armazém literário constam
pelo menos de 28 volumes,
contando a sua publicação desde junho de 1808 até 1822.
José Liberato Freire de Carvalho, nas Memórias citadas,
fala desfavoravelmente de Hipólito José da Costa, nas págs. 138,
194, 205, etc.
Varnhagem, porém, não se fazendo cargo de o defender pelo que diz
respeito ao seu carácter moral, elogia-o grandemente como político
de fino tacto, e zeloso e sincero patriota. V. a Historia
geral do Brazil, tomo II,
págs. 351 a 356. Hipólito José da Costa fundou em
Londres uma loja maçónica, para cujo governo compôs e imprimiu: Regulamentos
da loja Lusitana n.º 184, ao G..., Or... de Londres;
no fim tem: L. Thompson, impressor, etc. Com a data de 1
de junho de 1812, e assinados com o nome por extenso. Para a
biografia de Hipólito José da Costa encontram-se documentos
curiosos na Historia da fundação do império, por J. M.
Pereira da Silva, tomo II, de pág. 203
a 245.
Foi-lhe
conferido brasão de armas com as dos Costas Pereiras em 19 de
fevereiro de 1797.
Bibliografia
: Memória sobre a bronchocele do papa ou América Setentrional,
por Benjamin Smith Berthou, traduzida em português, Lisboa, 1801;
Historia breve e autentica do Banco de Inglaterra, com dissertações
sobre as notas moedas de cambio e letras, etc., traduzida em português,
Lisboa, 1801; Descrição
da arvore açucareira
e da sua utilidade e cultura, Lisboa, 1800; Ensaios
políticos, económicos e filosóficos de Benjamin, conde de Rumford,
traduzidos em vulgar, Lisboa, 1801; 2
tomos; Descrição de uma maquina para tocar á bomba a
bordo dos navios sem o trabalho de homens, Lisboa, 1800; Historia
de Portugal, composta em inglês por uma sociedade de Literatos,
trasladada em vulgar com as notas da versão francesa, e do tradutor
português António de Moraes Silva, e continuada até os nossos
dias; nova edição, Londres, 1809; 3 tomos; Nova
Gramática
portuguesa
e inglesa,
a qual serve para instruir os portugueses
na língua
inglesa,
Londres, 1811; Nova edição, revista e
consideravelmente aumentada, Londres, 1818; a que segue um
Vocabulário das palavras mais usadas na conversação; Narrativa
da perseguição de Hipólito José da Costa Pereira Furtado de
Mendonça, preso e processado em Lisboa pelo suposto crime de francmaçon;
em dois volumes; contendo o processo
dos autos na Intendência da Policia e na Inquisição e os
Regimentos por que se governa o Santo Oficio, etc., Londres,
1811, 2 tomos; com o retrato do autor, condecorado com as insígnias
maçónicas. Do 1.º tomo fez-se nova edição póstuma, com o título
seguinte: Narrativa da
perseguição de Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça,
natural da Colónia
do Sacramento, no Rio da Prata, preso e processado em Lisboa pelo
pretenso crime de franc-maçon,
ou pedreiro livre. Composta por ele,
impressa em Londres em 1811, e reimpressa no Rio de Janeiro, com
permissão dos seus herdeiros,
Rio de Janeiro, 1811. Esta obra foi também proibida em Portugal. Do
seu Diário
da viagem a Filadélfia em 1798,
e Copiador e registo da correspondência
para o governo,
durante a missão dos Estados Unidos, existem autógrafos
na Biblioteca de Évora, como consta do respectivo Catálogo,
ordenado por Cunha Rivara, a pág. 205.
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Hipólito
José da Costa Pereira Furtado de Mendonça
A ilustração em Portugal e no Brasil. Cientistas e Viajantes
Hipólito
José da Costa. Um maçon brasileiro
Monografias maçonicas na Pietre-Stones Review of Freemasonry
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