Formado
em direito pela Universidade de Coimbra, jornalista, escritor, etc.
Nasceu
no Rio de Janeiro em 30 de maio de 1851, sendo filho de Sebastião
de Carvalho Lima, e de sua mulher, D. Leocádia Rodrigues Pinto de
Magalhães.
Tinha
seis anos de idade quando veio para Lisboa, sendo entregue a um dos
mais importantes negociantes da capital, e entrou para o colégio
alemão, onde frequentou os estudos preparatórios para se
matricular na faculdade de direito, em Coimbra, o que realizou em
1870, seguindo um curso distinto, tornando-se notável pelo
desassombro com que confessava as suas opiniões e publicamente as
defendia. Ao mesmo tempo que frequentava as aulas, colaborava em vários
jornais políticos e literários, e especialmente no Distrito de
Aveiro de que foi um dos fundadores. Enquanto cursava o segundo
ano do curso jurídico, publicou um volume com o título de Miniaturas
românticas, Martírio dum anjo; Amour et Champagne;
Um drama intimo; Fatalidade e o destino; Cambiantes
da comedia humana; Estrelas e nuvens; A beira-mar;
Um dia de noivado. No terceiro ano, diz um dos seus biógrafos,
teve a fase revolucionária, revelou-se o evangelizador audaz, o
polemista enérgico e convicto. Em 1 de maio de 1873 colaborou no
semanário A Republica Portuguesa, fundado por Alves da
Veiga, escrevendo também em outros jornais da mesma índole política.
Em 1874 esteve em Coimbra o grande orador espanhol Emilio Castelar,
que foi recebido com o maior entusiasmo pela mocidade académica.
Desejavam todos os estudantes ouvi-lo, e entre hesitações e dúvidas
procurava-se o meio de solicitar de Castelar que falasse à
academia. Magalhães Lima resolveu a questão. Entusiasmado, e
seguido dos académicos, foi cumprimentá-lo à casa onde ele estava
hospedado. Emilio Castelar chegou a uma das janelas, e Magalhães
Lima pronunciou de improviso um discurso vibrante, dizendo que a
academia de Coimbra ia ali fazer a consagração da sua fé
republicana e saudar nele o futuro das sociedades livres. Castelar,
acedendo ao pedido que lhe fizeram, respondeu da janela, com um
discurso apreciando lisonjeiramente os brios da academia e a
franqueza com que expressava a sua ideia. Por esta época publicou
Magalhães Lima um romance com o titulo A Senhora Viscondessa,
e tendo nas férias do quarto ano do curso visitado Espanha,
escreveu, depois do seu regresso o livro Contos madrilenos.
Concluída
a sua formatura em 1875 e tendo obtido a classificação de
distinto, encetou em Coimbra a profissão de advogado, vindo pouco
depois para Lisboa assentar banca, continuando ao mesmo tempo os
seus trabalhos de propaganda democrática. Colaborou na Democracia,
Distrito de Aveiro, Mosaico e no Jornal de Lisboa.
Escreveu uma série de panfletos com o título de O Espectro de
Juvenal, e em 1879 fundou o Comércio de Portugal, jornal
que dirigiu, e que em 1880 passou a ser propriedade do visconde de
Melicio. Nesse ano de 1879 também publicou um opúsculo, A questão
do banco ultramarino, em que fazia veementes acusações à,
forma por que aquela casa bancária havia sido dirigida. Em 1881
fundou o Século, com outros conhecidos republicanos, jornal,
de que é proprietário o sr. Silva Graça. Hoje é director da A
Vanguarda. Por causa dalguns artigos publicados no Século
foi processado e chegou a estar preso no Limoeiro; bateu-se em duelo
ao sabre com Pinheiro Chagas, então director do Diário da Manhã,
por causa de algumas frases mais violentas que um dos seus
colaboradores escreveu noutro artigo, e de que Magalhães Lima tomou
a responsabilidade. No duelo recebeu Pinheiro Chagas um pequeno
ferimento. Quando foi do tratado de Lourenço Marques destacou-se
pela violência dos seus ataques, quer escrevendo em jornais, quer
falando nos comícios que então se convocaram. Jornalista enérgico
e orador fluente é um dos vultos principais do partido republicano.
Por ocasião dos sucessos produzidos em 1890 pelo Ultimato,
evidenciou-se também pela campanha que empreendeu contra a
Inglaterra. Tendo ido ao estrangeiro em missão política, percorreu
a Espanha, a Itália e a França, sendo no seu regresso a Lisboa
recebido com entusiasmo pelo seu partido. O dr. Magalhães Lima, em
1880, fez parte da comissão executiva da imprensa nas festas
celebradas em comemoração do centenário de Camões; em 1898 na
que se organizou para as festas do centenário do descobrimento do
caminho da Índia. Em 18 de dezembro de 1904 realizou-se um grande
banquete no salão do Real Coliseu de Lisboa, em homenagem ao sr. dr.
Magalhães Lima, a que presidiu o sr. dr. Alfredo da Cunha, director
do Diário de Noticias; neste banquete increveram-se mais de
300 pessoas, vendo-se ali reunidas quase todas as classes sociais, o
comércio, a indústria, a agricultura, o operariado, e o
jornalismo.
O
sr. dr. Magalhães Lima é membro da Associação dos Jornalistas,
é sócio honorário da do Porto; nesta qualidade representou a
imprensa da capital nos congressos que se realizaram em Estocolmo,
Paris, Lisboa, Roma e Viena. Tem publicado os seguintes escritos: Teoria
da humanidade, Pena de morte, As subsistência, Pela
Pátria e pela Republica, O Socialismo na Europa, O Livro
da paz, em 1895; A federação ibérica, O primeiro de
maio, A obra internacional, 1896; O centenário no
estrangeiro, conferencia realizada na Sociedade do Geografia de
Lisboa no dia 11 de novembro de 1897, Lisboa, 1897; etc. Além
dos livros de propaganda política social, tem ainda outros sobre
literatura.