Tenente-coronel
de cavalaria, lente da Escola do Exercito, deputado, governador
civil de Bragança e de Coimbra, sócio efectivo da Academia das Ciências,
da Academia de Historia de Madrid, do Instituto de Coimbra,
escritor, poeta, jornalista, etc.
Nasceu
em Ribandar, Goa, a 27 de março de 1853, sendo filho de Rafael
Aires de Magalhães e de D. Amália de Sousa Sepúlveda.
Estando
no ultimo ano do curso de infantaria da Escola Matemática e Militar
de Nova Goa, foi escolhido em 1871, sendo governador da Índia o
conde de S. Januário, para vir concluir os estudos a Portugal,
sendo-lhe abonado o subsidio chamado das câmaras agrárias de Goa,
que era destinado aos filhos da Índia, que mais se distinguissem
nas escolas e nas provas publicas. Ali o conheceu o finado estadista
e poeta Tomás Ribeiro, que muito animou o moço estudioso, que
manifestava superior talento, e lhe encaminhou os primeiros passos
na Europa.
Chegando
a Lisboa assentou praça em 5 de novembro de 1872, sendo promovido a
alferes em 27 de dezembro de 1876, a tenente em 31 de outubro de
1884, a capitão em 12 de setembro do 1890, major em 30 de dezembro
de 1901. O sr. Cristóvão Aires tem o curso de infantaria e
cavalaria da Escola do Exercito, onde foi sempre laureado,
completando-o com a cadeira de economia política no instituto,
tendo cursado os preparatórios em Coimbra. Pertence ao estado-maior
da sua arma. Matriculou-se depois no Curso Superior de Letras, onde
obteve classificações distintas, concluindo os cursos de
literatura, de filosofia e de história, que se professam naquele
estabelecimento científico. Entrando na política filiou-se no Partido
Regenerador, sendo eleito deputado por três vezes, a primeira em
1890, por Bardez, Goa, a segunda por Portalegre, e a terceira pelas
ilhas de Goa. Foi governador civil de Bragança, e promotor de justiça
no segundo conselho de guerra da 1.ª divisão. Como jornalista
tem-se dedicado muito a questões militares, defendendo sempre os
direitos e os legítimos interesses da sua corporação. Em 1876
fazia parte da redacção do Jornal do Comércio, de que foi
director por muitos anos, e tem colaborado em diversas revistas e
ilustrações. O sr. Cristóvão Aires é comendador e cavaleiro da
Ordem de S. Tiago, oficial e cavaleiro da de Avis; comendador da de
Carlos III, de Espanha; comendador da Ordem da Coroa da Prússia,
com que o agraciou o imperador da Alemanha, quando escreveu a
monografia do regimento de cavalaria n.º 4, de que aquele soberano
é comandante honorário. Possui também a cruz de segunda classe da
Ordem de Mérito Militar de Espanha, e as medalhas de prata de bons
serviços e de comportamento exemplar. O sr. Cristóvão Aires é
casado com a sr.ª D. Maria do Carmo, irmã da distinta escritora e
poetisa sr.ª D. Maria Amália Vaz de Carvalho.
Escreveu:
Indianas e Portuguesas, vol. de versos, publicado em 1880,
que teve mais edições; Novos horizontes, outro livro de
versos; Lentejoulas a Longínquas, contos; Historia orgânica
a política do exercito português. Publicou também o seu
discurso proferido na sessão solene da Escola do Exército em
homenagem aos expedicionários de África, e os seus discursos
parlamentares, sendo um sobre assuntos militares, e outro sobre a Índia.