Portugal - Dicionário

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
O Portal da História  > Dicionário > José Vital Branco Malhoa
José Malhoa
José Malhoa

Malhoa (José Vital Branco).

 

n.      28 de abril de 1854.
f.       [ 26 de
outubro de 1933 ].

 

Pintor de arte e professor, mais conhecido só pelo nome de José Malhoa. 

Nasceu nas Caldas da Rainha a 28 de abril de 1854. Aos doze anos, em 1867, entrou para a Escola de Belas Artes, e revelou logo tantas aptidões e tanta dedicação pelo estudo que terminou o curso da escola, ganhando em todos os anos o primeiro prémio. Tendo concluído o curso pensou em completar a sua educação artística no estrangeiro, e entrou em dois concursos para pensionista do Estado. Nada conseguiu, apesar do seu reconhecido merecimento, por ser o subsídio adjudicado a outro concorrente, que só o alcançara por importantes empenhos. As reclamações, feitas contra este facto, foram tão convincentes, que a Academia, para não descontentar ninguém, viu-se forçada a não mandar nenhum. Malhoa sentiu-se muito, como artista a quem preteriam o mérito, e pela impossibilidade de completar os seus estudos com os primeiros mestres da arte moderna, pois não tendo meios de fortuna que lhe permitissem ir viver independentemente no estrangeiro, só com aquele auxilio o conseguiria. Desesperado com este contratempo, desistiu da carreira que tão auspiciosa se lhe mostrava, e protestou nunca mais pintar. Fez-se então caixeiro duma loja de modas pertencente a um seu irmão. Aquele desespero, porém, foi-se amenizando; Malhoa não podia. assim perder o seu aturado e dedicado estudo, e seis meses depois já ele aproveitara algumas horas disponíveis para pintar um quadro, A seara invadida, que enviou à exposição de Madrid, onde foi muito bem recebido. 

Em 1881 deixou o comércio para se dedicar inteiramente a arte. O primeiro trabalho, que lhe ofereceram, foi o de pintar o tecto da sala de concerto no Conservatório Real de Lisboa. Algum tempo depois pintou o da sala do Supremo Tribunal de Justiça de Lisboa. Desde então tornaram se numerosos os trabalhos do distinto artista, em que se nota o tecto da sala de jantar do palácio do Sr. conde de Burnay e o dos aposentos do senhor infante D. Afonso. Na pintura histórica tem o grande quadro O Último interrogatório do marquês de Pombal, e o esboceto apresentado no concurso que a Câmara Municipal de Lisboa abriu em 1887 para um quadro representando A partida de Vasco da Gama para a Índia, esboceto que recebeu a primeira classificação entre os concorrentes, sendo nessa ocasião Malhoa agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem de Cristo por decreto de 19 de abril de 1888. São deste apreciado artista os retratos do rei D. Carlos que estão nas salas do Tribunal do Comércio e do Tribunal de Contas; um retrato do príncipe real D. Luís Filipe, um da filha do Sr. Henrique Sauvinet, os de D. Luísa de Almedina e de Isaac Abecassis. Nos seus quadros também se contam numerosas paisagens, cenas rústicas, cuidadosa mente estudadas, costumes pitorescos de aldeia, como o Viático ao termo e a Missa das seis; alguns quadros de género, como o Primeiro cigarro, que pertence ao sr. infante D. Afonso, e um grupo de veteranos fazendo a Descrição da batalha: de Asseiceira, etc. Em todas as exposições de belas artes do Porto, etc., José Malhoa têm exposto quadros seus, obtendo sempre as mais altas classificações. Também tem concorrido a exposições no estrangeiro, como Liverpool, Madrid, Paris, Rio de Janeiro, S. Petersburgo e Berlim, onde alcançou a segunda medalha. José Malhoa tem as honras de académico de mérito da Academia de Belas Artes, e além de cavaleiro de Cristo, é cavaleiro da Ordem de Malta, e da de Isabel a Católica, de Espanha. Possui a medalha de prata da Cruz Vermelha. Em 17 de abril de 1906 o rei D. Carlos I visitou o atelier de José Malhoa, onde foi admirar os trabalhos destinados à sua exposição no Gabinete de Leitura no Rio de Janeiro, para que fora convidado. O rei demorou se analisando todas as telas, fazendo sobre cada quadro uma apreciação muito lisonjeira. 

Os quadros, que deviam figurar, eram os seguintes

Retrato de rei D. Carlos I; retrato de sua majestade a rainha senhora D. Amélia; Cócegas (Salon-Paris, 1905); O sonho do infante (o infante D. Henrique no promontório de Sagres); A pintura (painel decorativo); A Ti'Anna; Cavaleiro de S. Tiago (Salon-Paris, 1904); Chegada do Zé Pereira à romaria; 7.° não furtar... as uvas ao seu cura; O vinho verde; O soalheiro; Cuidados de amor; As sardinhas; O viático na aldeia (exposição de Lisboa, 1905); A compra do voto (idem); O azeite novo (idem); Tempo de chuva, lar sem pão (idem); Pensando no caso (idem); Amanhã as arranjarei!; Flor de pessegueiro; Uma desgraça; Aldeia de Castanheira ao pôr
do sol; Apanha das castanhas; À passagem do comboio (Paris-Salon, 1905); Torre de Belém; Noticias financeiras; Viúvo! (exposição de Lisboa, 1905); Estudando à borda do pinhal; Pai e falha; Provocando; Trigo ceifado; No paul dos patudos; Velhas habitações da aldeia; Rua Serpa Pinto em Figueiró dos Vinhos; Efeitos da ribalta; Montanhas (estudo para o quadro Baptismo de Cristo para a igreja de Figueiró dos Vinhos); A minha macieira; Últimos raios de sol num souto de castanheiros; Amores na aldeia; Esperando o peixe; A Rosita das Courelas (estudo para o quadro O barbeiro na aldeia); De volta da Senhora da Agonia; A ida para o trabalho; Nascer da lua; Estudando; Os ouriços; Efeitos do sol no musgo dum pinhal.; O passal do Sr. cura; Últimos raios de sol; Fonte Eirivia; Costume do Minho; Carvalhos do padre Diogo; Salão de musgo; Ribeira do Lagar; O Lagar; No altar do Madrão; Vale de Zebro; Nuvens; Proclamando a restauração de Portugal (estudo para o quadro com o mesmo titulo); Outono na Lavandaria; Ribeira na Lavandaria; Outono na vida e na Natureza; Entrada de mina; Cristo, estudo; As pupilas do Sr. reitor, estudo; Vasco da Gama; Esperando a vez; A caminho da horta; Pinhal, ao fundo a igreja de Figueiró dos Vinhos; Vendo subir o foguete (Estudo para o quadro A Procissão); (Estudo para o quadro O Barbeiro na Aldeia); Deitando foguetes (estudo para o quadro A Procissão); Apanhando o foguete (estudo para o quadro A Procissão); Os mações ao cair da tarde; No altar da serra; Fonte fria; O bêbedo, (estudo para o quadro A volta da romaria, (premiado no Salon de Paris em 1901); Aldeia dos Chãos; Ao pôr do sol, estudo; As cebolas; O portão do Dr. Manuel; Troncos de castanheiros na Ínsua; Uma rua na aldeia; Cair da tarde; Depois da chuva; Casal das giestas; Castanheiros doentes, estudo para o quadro Uma desgraça; O pinhal dos corvos, estudo, Caminho para o colmeal; Castanheiros; Mendigo (estudo para o quadro Volta da romaria, premiado no Salon de Paris, 1901); A estender a roupa ao sol, estudo; Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, estudo; A minha musa; A cerca do convento; Céu de trovoada, estudo; Estudo para o quadro Cócegas; Ermida de Nossa Senhora da Madre de Deus; A eira. Decoração no tecto do gabinete real do novo edifício da Escola Médica de Lisboa, intitulado: A Escola Medica de Lisboa recebendo da realeza o decreto autorizando a construção do novo edifício. 

 

 

 

 

Praia das Maçãs
O Portal da História

D. Manuel recebendo Vasco da Gama
O Portal da História

Vasco da Gama ouvindo o piloto oriental
O Portal da História

Museu José Malhoa
Património cultural

Genealogia de José Malhoa
Geneall

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, págs. 659-662.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral