Portugal - Dicionário

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D. Maria Amélia
D. Maria Amélia

 

Maria (D.). Imperatriz do Brasil

 

n.      31 de julho de 1812.
f.       26 de janeiro de 1873.

 

Imperatriz do Brasil, segunda mulher de D. Pedro IV e 1.° imperador daquele império. 

Nasceu em Munique a 31 de julho de 1812, recebendo na pia baptismal os nomes de D. Maria Amélia Augusta Eugenia Napoleão Beauharnais, e faleceu em Lisboa, no palácio das Janelas Verdes, em 26 de janeiro de 1873. Era a terceira filha do príncipe Eugénio Beauharnais, duque de Leuchtenberg e príncipe d'Eichsted e Santa Cruz, e da princesa D. Augusta Amália, filha de Maximiliano, rei da Baviera. 

Foi uma das senhoras mais formosas do seu tempo, e quando em 2 de agosto de 1829 casou com o imperador D. Pedro, o esplendor da sua beleza causou um verdadeiro deslumbramento na corte do Rio de Janeiro. A imperatriz era muito caritativa e esmoler. Tanto em Portugal como no Brasil, os desvalidos da fortuna achavam sempre socorro na bondosa senhora; por isso quando abandonou o Rio de Janeiro para seguir à Europa D. Pedro, depois de ter abdicado em seu filho D. Pedro II, a saudade que deixou em todos os seus súbditos foi profunda e dolorosa. Como duquesa de Bragança, por seu marido ter adoptado este titulo, foi com sua enteada, a rainha D. Maria ll, ainda infantil, viver no exílio, enquanto D. Pedro andava de triunfo em triunfo, na renhida e arriscada luta em que se empenhou, através de mil privações e desgostos, para segurar os direitos de sua filha. Foi em França que nasceu sua única filha, a princesa D. Maria Amélia. Em 1833, depois do glorioso dia 24 de julho, em que as tropas do duque da Terceira entraram em Lisboa, D. Pedro mandou vir para a capital sua esposa e filhas, que desembarcaram a 22 de setembro desse ano. Terminando a campanha da Liberdade e tendo regressado do exílio, parece que a bondosa imperatriz voltaria ás alegrias dos primeiros anos, mas os desgostos foram-se sucedendo, que tanto lhe amarguraram a vida. Em 24 de setembro de 1834 falecia no verdor dos anos, quase repentinamente, seu marido o duque de Bragança; seis meses depois morria seu irmão, o príncipe Augusto de Leuchtenberg, que deixava viúva a rainha de Portugal, com quem havia casado dois meses antes. Em 1838 a imperatriz foi à Baviera visitar sua mãe, a duquesa de Leuchtenberg, desejando educar naquela corte a princesa sua filha. Demorou-se até 1850, e durante estes anos esteve também em Inglaterra, Rússia, Saxónia, indo igualmente visitar a rainha da Suécia, sua irmã. Pouco depois de ter regressado a Lisboa, adoeceu a princesa, que veio a falecer no Funchal, para onde fora procurar alívios por conselho dos médicos. Foi em fevereiro de 1853, que a tuberculose a vitimou; nesse mesmo ano, em Novembro, falecia também sua enteada, a rainha D. Maria II. A implacável morte ainda lhe trouxe mais amargurados desgostos: em julho de 1859 sucumbia a rainha D. Estefânia, pouco mais dum ano do seu casamento com o rei D. Pedro V, e em 1861 falecia este monarca e os seus irmãos D. Fernando e D. João. A imperatriz desde então vivia muito concentrada no seu palácio, entregando-se exclusivamente a práticas caridosas, mas estes dolorosos golpes ferindo-a no mais íntimo da alma, acabaram por agravar melindrosamente o seu estado, até que sucumbiu, com pouco mais de sessenta anos, vítima duma lesão que começara a manifestar-se desde a morte do imperador D. Pedro. A imperatriz dava avultado número de esmolas e pensões; fundou na ilha da Madeira, no Funchal, um hospital para tuberculosos; protegeu desveladamente os asilos da infância desvalida, indo ela pessoalmente, enquanto os sofrimentos lho permitiram, indagar do aproveitamento das criancinhas, animá-las e socorre-las. Por sua morte, além destas, muitas outras instituições foram contempladas.

 

 

 

Genealogia da imperatriz D. Amélia
Geneall.pt  

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, págs.
828-829.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral