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Maria
Amélia de Orleães
(D.). Rainha de Portugal
n.
28 de setembro de 1865.
f. [ 25 de outubro de 1951 ].
Nasceu
em Twickenham a 28 de setembro de 1865, sendo filha de Luís Filipe
Alberto de Orleães, conde de Paris, e da princesa Isabel de Orleães,
sua prima, filha dos duques de Montpensier.
Quando
a família Orleães foi banida de França, estabeleceu a sua residência
em Inglaterra, onde a gentil princesa teve esmerada educação.
Sendo muito inteligente adquiriu muitos conhecimentos literários,
afirmando-se ao mesmo tempo uma notável sportswoman. A par
dos seus estudos, cuidadosamente feitos sob a direcção dos mais
afamados professores, recebia também a jovem princesa uma sólida
educação de família ministrada por sua mãe. Foi por intermédio
da duquesa de Montpensier que se preparou o casamento da princesa D.
Maria Amélia, sua neta, com o então príncipe D. Carlos.
Foi o conselheiro Andrade Corvo, ministro de Portugal em Paris em
1886, o encarregado de entregar as cartas autografas, de el-rei D.
Luís e da rainha senhora D. Maria Pia, ao conde e condessa de
Paris, em que era pedida em casamento a princesa sua filha. Esta
cerimónia realizou-se no palácio de Varennes no dia 7 de fevereiro
do referido ano.
Sendo
favorável a resposta dos condes de Paris, o casamento de D. Carlos
deixou de ser segredo de estado, e foi declarado oficialmente no dia
8 do citado mês e anuo. A futura rainha de Portugal recebeu em
Paris em 11 de fevereiro as maiores provas de simpatia por parte da
aristocracia francesa e dalgumas povoações de França, recebendo
igualmente preciosas ofertas, que em seguida mencionamos: Das
senhoras da cidade de Eu, um crucifixo de marfim e ébano, encimado
pelos brasões das casas de França e de Bragança; do clero da
mesma cidade, um relicário de S. Lourenço, orago da igreja onde a
princesa fizera a sua primeira comunhão; do arcebispo
de Ruão uma imagem da Virgem, em marfim, trabalho primoroso dum
artista florentino do século XVI; das damas do Sena Inferior, um
leque pintado por Eugénio Lami, ornado de pedras preciosas; das
damas da Bretanha, uma estatueta de Notre Dame d'Auray, estilo
antigo; outra estatueta de prata. esculpida por Froment Meurice, e
uma cruz bretã ornada de pedras preciosas; das de Ardennes, um magnífico
leque, cravejado de brilhantes; das de Berry, um serviço de jantar,
fabricado em Vierzon, com as armas de França e de Portugal, etc. O
brinde oferecido pelas damas de Paris tem a forma do navio que serve
de emblema à cidade de Paris: uma nau de prata vogando, sustentada
por duas sereias, que parecem emergir duma grande bacia de prata,
com bordos de jaspe sanguíneo, desenho de Henrique Cameré, sendo o
modelo das sereias feito por M. Chapu, membro do Instituto, e o
trabalho de ourivesaria de Froment Meurice e de Ancoc; as armas de
Paris, com brilhantes, estão dispostas no costado da nau; nas
auriflamas lêem-se os nomes de D. Amélia e D. Carlos; os cestos
das gáveas têm a forma de coroas murais; no soco tem uma inscrição
com a data do casamento: 22 de
maio
de 1886.
No
dia 15 de maio realizou-se no palácio Galliera, da rua Varennes, em
Paris, o baile de despedida, saindo a futura rainha de Portugal no
dia 18, chegando a Lisboa em 19 às 5 horas da tarde. Foi uma
verdadeira festa. O príncipe D. Carlos havia partido na véspera ao
encontro da sua gentil noiva, pernoitou na Pampilhosa, onde esperou
o comboio em que vinha a princesa, com seus pais, irmã e irmão, a
princesa de Joinville, e todo o numeroso séquito que desde Paris a
acompanhava. Depois de almoçarem na estação do caminho-de-ferro,
seguiram no expresso para Lisboa, sendo em todas as estações
saudados com entusiasmo. O comboio, conforme dissemos, chegou no dia
19 pelas 5 horas da tarde à estação de Santa Apolónia; onde os
reais viajantes eram esperados por toda a família real, o duque de
Aosta, a corte e o ministério. Dali seguiram todos em carros
descobertos para o paço das Necessidades, que se destinara para a
hospedagem dos condes de Paris no meio de grandes aclamações do
povo que se aglomerava por todas as ruas daquele longo caminho.
A
cerimónia do casamento realizou-se a 22 de maio na igreja de Santa
Justa, vendo-se ornamentadas elegantemente tolas as ruas por onde
seguia o cortejo. Durante alguns dias houve pomposas festas: iluminações
brilhantes, récitas de gala nos teatros de S. Carlos e de D. Maria,
que se viam ricamente adornados, baile no paço da Ajuda, parada
militar na Avenida da Liberdade, fogo de artifício, corridas de
cavalos, tourada, dada pelo Turf
Club, etc. Sua Majestade a Rainha Sr.ª D. Amélia tem-se sempre
evidenciado na propaganda do bem; é em extremo caritativa, chegando
a socorrer pobres e doentes nas suas próprias casas, acompanhada
unicamente duma das suas damas, em trem de aluguer. Fundou a Assistência
Nacional aos tuberculosos, instituição de que nasceram Dispensários,
que tão bons serviços têm prestado às classes necessitadas.
A bondosa rainha interessa-se particularmente pela prosperidade
desta grande obra de humanidade, a que tem aplicado toda a sua atenção
e inteligência. Visita amiudadas vezes o Dispensário de Lisboa,
assistindo às consultas, e dirigindo palavras consoladoras aos
doentes. Mostrou sempre o maior interesse pela medicina, e pelos
cuidados de enfermeira. Um jornal inglês diz que foi a rainha
senhora D. Amélia quem serviu de enfermeira a sua avó, a duquesa
de Montpensier, tratando-a com a maior perícia e caridade, e
conseguindo mais duma vez pelos seus cuidados conservar-lhe a existência.
É também muito dedicada às belas artes; são trabalhos seus os
desenhos que ilustram o livro o
Paço de Sintra,
escrito a seu pedido, pelo Sr. conde Sabugosa. O produto desta
obra, que constitui um notável trabalho de história e de arte, foi
destinado pela augusta soberana a aumentar o fundo para a luta
contra a tuberculose, a nobre cruzada em que tanto se empenha.
Em
Junho de 1901 fez uma viagem à ilha da Madeira e aos Açores em
companhia de el-rei seu marido. Os reais viajantes e sua comitiva
seguiram a viagem nos cruzadores S. Gabriel,
D. Amélia e D. Carlos. Percorreram
a Madeira e todas as ilhas dos Açores, sendo recebidos em toda a
parte com o maior entusiasmo, organizando-se festas brilhantes em
sua homenagem. Em 1903, por conselho dos médicos, fez uma viagem ao
Oriente, a bordo do iate D.
Amélia, levando em sua companhia seus filhos, o príncipe real
D. Luís Filipe e o infante D. Manuel. Foi no dia 26 de fevereiro
que saiu a barra de Lisboa. A real viajante tomou o título de
marquesa de Vila Viçosa. Visitou diferentes terras orientais,
estando em Jerusalém, no Cairo, PortSaid, etc. Na sua comitiva
iam os Srs. condes de Figueiró, visconde de Asseca, aio dos príncipes,
Kerausch, preceptor, D. António de Lencastre, médico da real câmara,
o capelão Damasceno Fiadeiro,
prior
de Santa Justa, e o pintor Casanova. No regresso esteve em Paris
visitando alguns estabelecimentos clínicos e hospitais destinados
ao tratamento da tuberculose.
Na
horrível tragédia de 1 de fevereiro de 1908, em que foram
barbaramente assassinados el-rei D. Carlos I, seu marido, e o príncipe
real D. Luís Filipe, seu filho, a augusta senhora, apesar da sua
grande amargura, vendo na sua presença num momento sem vida os
entes que tanto estremecia, ainda teve coragem de se impor,
procurando evitar tão horroroso crime, o que infelizmente não pôde
conseguir. Seguiu-se a aclamação de seu filho, o actual rei senhor
D. Manuel II, que foi brilhantíssima de entusiasmo, e desde então
as manifestações de simpatia, que por toda a parte e
sucessivamente o soberano tem sido alvo devem ser um lenitivo à sua
dor profundíssima. Em Novembro do mesmo ano de 1908, el-rei fez uma
excursão ás províncias do norte, na companhia de alguns dos seus
ministros, recebendo em todas as terras, que percorreu, as mais
sinceras homenagens, e estando no Porto no dia 15, seu aniversário
natalício, sua majestade a rainha aí o foi encontrar, aproveitando
o ensejo para visitar naquela cidade a Misericórdia e o seu
hospital, e todas as demais. casas de beneficência. Em 24 de janeiro
de 1905 foi S. M. a rainha senhora D. Maria Amélia nomeada académica
de mérito da Academia Portuense de Belas Artes. Além do actual rei
e do malogrado príncipe D. Luís Filipe, teve S. M. também uma
filha. Em 14 de dezembro de 1887, deu à luz no palácio de Vila Viçosa
uma infanta com sete meses de gestação, chegando apenas a viver 3
horas, tendo recebido o baptismo das mãos do médico com o nome de
Maria. O pequeno cadáver chegou a Lisboa no dia 17 a bordo do vapor
Lidador, sendo
transportado em coche de gala para S. Vicente de Fora, ficando entre
os caixões do príncipe da Beira, D. António, filho de D. João IV
e de um filho de D. Maria I.
Com
o titulo de Rainha D. Amélia
instituiu el-rei D. Carlos I por decreto de 23 de novembro de
1895, ampliado pelo de 6 de junho de 1896, uma medalha para
comemorar as expedições militares a Moçambique e à Índia. É de
forma circular e tem dum dos lados a efígie de S. M. a Rainha.
Genealogia
da rainha
D. Amélia
Geneall.pt
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