Portugal - Dicionário

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D. Maria Bárbara
D. Maria Bárbara

 

Maria Bárbara (D.). Infanta de Portugal

 

n.      4 de dezembro de 1711.
f.       27 de agosto de 1757.

 

Princesa, filha do rei D. João V, e de sua mulher, a rainha D. Maria Ana de Áustria; rainha de Espanha pelo seu casamento com Fernando VI. 

Nasceu em Lisboa a 4 de dezembro de 1711, morreu em Madrid a 27 de agosto de 1757. 

A princesa recebeu uma educação esmerada; falava francês, alemão e italiano, com toda a correcção, e era uma apreciável cultora de música, não só como executante, mas como compositora. No dia 10 de janeiro de 1723 se outorgaram no paço da Ribeira, de Lisboa, as capitulações do contrato matrimonial da princesa com o príncipe das Astúrias D. Fernando, filho de Felipe V, de Espanha, o primeiro da dinastia dos Bourbons, e de sua primeira mulher, D. Maria Luísa Gabriela de Sabóia, cujas capitulações foram lidas por Diogo de Mendonça Corte Real, secretário de Estado, assistindo como testemunhas, por parte de D. João V, os oficiais principais da sua Casa e os da Casa da Rainha, e por parte do rei de Espanha, cujos embaixadores estavam presentes, assistiram os marqueses de Nisa, de Angeja, de Cascais, de Valença, de Alegrete a Pedro de Vasconcelos, estribeiro-mor da princesa; também estiveram presentes neste acto solene os cardeais, a parte dos prelados e outros muitos fidalgos. À noite houve no Terreiro do Paço fogos de artifício, todos os navios surtos no Tejo se embandeiraram a se iluminaram com brilhantismo, sendo igualmente brilhantes as iluminações por toda a cidade. No dia seguinte realizou-se o casamento, em Lisboa, por procuração na igreja Patriarcal, sendo celebrante o patriarca acompanhado de todo o seu cabido, servindo de procurador do príncipe das Astúrias o rei D. João V, assistindo também a rainha D. Maria Ana de Áustria, o príncipe D. José, os infantes, os embaixadores de Espanha, a toda a corte. No dia 12, pela manhã, houve audiência pública das majestades e da nova princesa das Astúrias, ao patriarca, o qual foi conduzido pelo conde de Pombeiro, capitão da Guarda Real, e D. Lourenço de Almada, mestre-sala. Nesta manhã também fizeram os seus cumprimentos os embaixadores espanhóis, a nobreza a os prelados das ordens religiosas. De tarde houve os cumprimentos do cardeal da Cunha, dos conselhos e tribunais da corte. No dia 13, a Academia Real de História Portuguesa realizou no Paço a sua assembleia extraordinária, em nome de todos os académicos, pronunciando eloquentes discursos o marquês de Valença e o conde da Ericeira. Este casamento foi contratado quase que ao mesmo tempo em que se tratou o do príncipe do Brasil D. José com a princesa D. Mariana Vitória, filha do referido Filipe V de Espanha, a de sua segunda mulher, a rainha D. Isabel Farnésio. Deliberou-se então que se trocariam as duas noivas, e efectivamente no ano de 1729, D. João V e a rainha sua mulher, acompanharam a princesa à fronteira do Alentejo; os monarcas espanhóis acompanharam também à fronteira da Extremadura a nova princesa do Brasil. A cerimónia da troca das princesas, casadas com os herdeiros de duas coroas, efectuou-se com a maior pompa, fazendo-se a viagem com toda a magnificência. 

O enxoval da princesa D. Maria Bárbara foi grandioso e deslumbrante. D. João V, para dar mais assombroso realce à cerimónia, mandou construir o palácio de Vendas Novas, que ainda hoje existe, com o único fim de dar pousada durante duas noites, uma à ida e outra à volta, à comitiva portuguesa e espanhola. Este palácio importou num milhão de cruzados. Em 1746 faleceu Filipe V, e o príncipe das Astúrias subiu ao trono com o nome de Fernando VI, cingindo assim a princesa D. Maria Bárbara a coroa de rainha de Espanha. Dizem Paquis e Dochez na sua Historia de Espanha «que D. Maria Barbara era dotada das maneiras mais graciosas, tinha um carácter meigo, mas com disposições para a avareza.» A rainha de Espanha exercia uma grande influência sobre seu marido, que herdara do pai, como também dizem os referidos historiadores no carácter melancólico, a indolência e a incapacidade.» 

À sua influência e bom senso se deve o terem terminado as pendências que existiam entre Portugal e Espanha. O embaixador em Lisboa, o marquês de Candia, foi logo substituído pelo duque de Sotto-Mayor, o que muito modificou a política espanhola para com Portugal. D. Maria Bárbara faleceu sem ter filhos, sendo herdeiro do trono, por morte de Fernando VI, seu irmão Carlos III.

 

 

 

Genealogia da infanta D. Bárbara de Bragança
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, págs.
833-834.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral