|
|
|
Melo
(D.
José Maria de).
n. 10
de setembro de 1756.
f. 9 de janeiro de 1818.
Bispo
do Algarve, e confessor da rainha D. Maria I, inquisidor-mor, etc.
Nasceu
no Lumiar em 10 de setembro de 1756. Faleceu em Lisboa a 9 de janeiro
de 1818. Era filho de Francisco de Melo, monteiro-mor do reino.
Destinando-se
ao estado eclesiástico, entrou na congregação do Oratório, na
real casa das Necessidades em 29 de junho de 1777. Dedicou se ao
estudo dos nossos clássicos e adquiriu vasta erudição, e poderia
considerar-se um espírito ilustrado, se um deplorável fanatismo
lho não escurecesse, tornando o primeiro inútil e depois
prejudicial ao seu país. Em 1787 foi eleito pela rainha D. Maria I
bispo do Algarve, e sendo confirmado governou aquela diocese desde outubro
até igual mês de 1788, em que voltando a Lisboa teve de resignar o
bispado, por ter sido nomeado inquisidor-mor e confessor da
soberana, pelo falecimento do arcebispo de Tessalónica D. Frei Inácio
de S. Caetano, que exercia estes elevados cargos. O antigo confessor
exercera uma feliz influência no ânimo de D. Maria I,
dissipando-lhe os escrúpulos devotos, e aconselhando-lhe que
seguisse uma política menos reaccionária do que a que lhe
inspiravam os seus conselheiros oficiais, e os próprios ditames do
seu espírito; porém, D. José Maria de Melo, pelo contrário, não
fez senão aproveitar as tendências devotas da rainha, procurando
arrancar-lhe assim à viva força a reabilitação dos Távoras,
ameaçando-a com a cólera divina, se ela não cumprisse esse dever
de consciência. Tanto afligiu a atribulada senhora que o seu débil
espírito foi enfraquecendo, e pronunciaram-se os acessos de
loucura, que logo se manifestou incurável.
Despedido
do paço, onde a sua presença se tornava inútil depois de ter sido
tão perigosa, continuou a exercer as funções de inquisidor-mor, e
fixou a sua residência no palácio da Inquisição. Era também
presidente da Junta do Melhoramento das ordens regulares. Ali
estabeleceu, para uso próprio, uma escolhida livraria, que em
poucos anos se tornou notável pela quantidade e selecção das
obras coligidas, e que por sua morte deixou no todo, ou na maior
parte, em legado à sua antiga congregação do oratório. Em 1808,
tendo os franceses entrado em Portugal, o inquisidormor foi um dos
escolhidos para fazer parte da deputação, composta só de pessoas
importantes, destinada pelos invasores a ir a Baiona cumprimentar
Napoleão em nome do reino. Partiu com a deputação em Março de
1808, e pelos sucessos que sobrevieram, não pôde sair de França,
assim como aconteceu aos outros que o acompanhavam. Esteve em Bordéus
até 1814, quando se fez a paz, podendo então regressar a Portugal.
No entretanto tivera tido a infelicidade de ser atacado duma
paralisia que o privara da fala, conservando porém ilesas as
faculdades intelectuais e as demais funções corporais. Vindo para
Lisboa ainda viveu quatro anos. Foi sócio honorário da Academia
Real das Ciências de Lisboa, onde o seu antigo famulo e protegido
D. Francisco Alexandre Lobo, depois bispo de Viseu, lhe consagrou em
sessão publica um elogio histórico, impresso nas respectivas Memorias,
e que também está publicado no tomo II das Obras do mesmo
bispo, de pág. 1 a 60.
Escreveu:
Vida
e obra da serva de Deus, a madre soror Mariana Josefa Joaquina de
Jesus, religiosa carmelita descalça. do convento de Santa Teresa do
lugar de Carnide, Lisboa, 1783. Saiu sem o nome do autor, que
era sobrinho desta religiosa.
|
|
|
|
|