|
|
|
Metrass
(Francisco Augusto).
n. 7
de fevereiro de 1825,
f. 14
de fevereiro de 1861.
Célebre pintor
do século 19. Nasceu a 7 de fevereiro de 1825.
Seu pai preferia
que ele seguisse a carreira do comércio, mas Metrass, impelido por
uma vocação irresistível, entrou para a Academia de Belas Artes
em 1836. No concurso trienal de 1843, em que figuraram Fonseca
filho, Joaquim José Marques, João Pedro de Sousa e Metrass, não
obteve este nem um accessit. Contudo já Rackzinsky o
distinguira, e em 1844 Metrass partiu para Roma, onde estudou
debaixo a direcção dos grandes pintores alemães da escola mística
Overbeck e Cornelius. «Entregue, pois, diz um dos seus biógrafos,
à direcção de Overbeck que foi ainda mais que seu mestre, que foi
seu iniciador, aprendeu com ele não só a prática de muitos dos
melhores processos da arte, mas as teorias que depois o ensinaram a
interpretar e a realizar a pintura, tanto religiosa como profana,
com a elevação de sentimento, com a suavidade de estilo; e
sobretudo com a nobreza e brandura de expressão moral, que alumia
as suas principais obras da idealidade serena que, semelhante à luz
branda que bruxuleia em breves ondulações dentro da redoma de
alabastro, derramando em torno de si um crepúsculo suavíssimo, se
exala da sua alma terna e contemplativa.»
O primeiro
quadro de Metrass, pintado debaixo. dessas inspirações, foi o Jesus
acolhendo as crianças. Esse quadro revela já uma esperançosa
vocação, mas é ainda medíocre. Entretanto Metrass percorria uma
parte da Itália, visitava Florença, Bolonha, depois voltou para
Portugal, passando por Paris, fez em Lisboa uma rápida exposição
dos seus quadros nas salas da casa que ocupava no palácio dos
condes de Lumiares a S. Roque, foi em seguida à exposição filantrópica
da Sala do Risco, onde apareceram, além do Jesus acolhendo as
crianças, uma Família Sagrada um retrato do artista e vários
esbocetos. Mas, continuou a ficar desconhecido. O público passava
indiferente pelos seus quadros. Despeitado, vendeu-os a um corretor
de leilões, e foi estabelecer-se no Cais do Sodré a tirar
retratos. Como tinha, porém, alguns bens de fortuna, pôde viajar
de novo, foi a, Paris, empregou-se mais no estudo da arte moderna,
estudou também Rubens, Rembrandt e Van-Dick, e voltou enfim em 1853
com um quadro que mereceu os encómios da imprensa e o aplauso do público.
Era o Camões e o Jau. Comprou este quadro o rei D. Fernando,
e Metrass, animado, principiou a esboçar alguns quadrinhos
orientais, como a Caravana atravessando o deserto, em que se
admira um vigoroso efeito de luz; mas em geral esses quadrinhos
pouco valiam, e onde o talento do pintor se revelou de novo com mais
energia foi na Viúva junto do cadáver do esposo, uma
verdadeira elegia, em que o talento melancólico do artista se
manifestava de um modo tocante. A Menina e a Pomba é uma
delicada inspiração sentimental. Ainda no ano de 1863 Metrass
apresentou a Inês de Castro, em que pela primeira vez se
arrojava à pintura histórica, tentativa em que não foi
completamente feliz.
Em 1854, vagando o lugar de substituto da cadeira de pintura histórica,
Metrass foi ao concurso. O tema do concurso era o Juízo de Salomão.
O quadro de Metrass foi um verdadeiro primor, e nele se
revelaram qualidades inesperadas de energia; nesse mesmo concurso
tez Metrass num improviso de três horas um esboceto do Enterro
de Cristo. Como composição é esta uma das suas melhores
obras. Senhor completamente de todos os recursos do seu talento,
Metrass apresentou na exposição trienal de 1856 dois quadros admiráveis,
talvez os seus dois quadros mais célebres: Só Deus e a Leitura
do romance. Enfim, depois de pintar um quadro fugitivo mas
encantador, a Rola dormindo, mostrou-se no apogeu do seu
talento, pintando a grande página histórica do Camões lendo os
Lusíadas. Mas, depois de ter revelado o que podia, Metrass
viu-se interrompido na força do talento e da existência pela mão
gelada da morte. Um seu excelente quadro, o Porta Estandarte, já
ficou interrompido. A tísica paralisava-o. Aconselharam-lhe uma
viajam à Itália, foi, mas voltou pior; aconselharam-lhe ainda como
recurso extremo uma viagem à Madeira, partiu, mas não voltou.
Morreu nessa ilha no dia 14 de fevereiro de 1861, contando apenas
trinta e seis anos de idade, deixando a sua obra incompleta, quando
todos esperavam que tivesse brotado enfim neste país, tão estéril
artisticamente, um novo Sequeira .
Francisco Metrass
- Lisboa, 1825 - Funchal, 1861 Museu Nacional de Arte
Contemporânea - Museu do Chiado
Só Deus ! Quadro de Francisxo Metrass O Portal da
História
Francisco Metrass (1825-1861) A Arte em Portugal
|
|
|
|
|